Faltou muito pouco. Até pouco menos de quinze minutos para o final do jogo, o Vince Lombardi Trophy era do San Francisco 49ers. A virada do Kansas City Chiefs veio mas não apagou a boa campanha. De time desacreditado por alguns antes da temporada a postulante ao título, foi uma bela jornada da franquia da Califórnia, que chega com algumas mudanças, mas igualmente forte para 2020.
DRAFT E FREE AGENCY 2020: a reposição das peças perdidas na free agency foi a tônica do Draft dos 49ers. Javon Kinlaw e Brandon Aiyuk chegaram para suprir as saídas de DeForest Buckner e Emmanuel Sanders. Escolhas intermediárias foram trocadas com Washington por Trent Williams, que ocupará a vaga do aposentado Joe Staley.
Já na free agency, pequenos movimentos para dar profundidade ao elenco, como a vinda do wide receiver Travis Benjamin e o cornerback Jamar Taylor.
Principal reforço: Trent Williams, OT. Se Williams ficar saudável, o torcedor dos 49ers terá Joe Staley apenas como uma boa memória, sem lamentações. Vindo de Washington, é dominante protegendo o quarterback e tem grande mobilidade no jogo corrido, casando perfeitamente com o esquema do treinador Kyle Shanahan.
Principal perda: DeForest Buckner., iDL. Javon Kinlaw tem tudo para ter uma excelente carreira na NFL, mas Buckner é um jogador consolidado na elite da posição. Sua versatilidade, sendo produtivo jogando também como EDGE em alguns snaps, fará falta para os 49ers.
A genialidade reside em ser simples
Se podemos chamar Kyle Shanahan de gênio ofensivo, isso passa em grande parte pela simplicidade do que ele faz. O treinador dos 49ers tem um sistema criativo, mas nada mirabolante. Usar as forças de cada um dos seus jogadores é uma das premissas, fazendo com que o time erre o mínimo possível. Sabendo disso, por exemplo, ele coloca Jimmy Garoppolo em boas situações, que facilitem sua tomada de decisão. Com isso, o quarterback imprime um ataque aéreo cheio de ritmo em passes curtos e que ataca em profundidade somente na boa.
A opção dos passes curtos se dá por um grupo de recebedores muito capaz de produzir depois da recepção. Deebo Samuel teve um excelente ano de calouro e a expectativa para 2020 é de uma evolução nas rotas. Brandon Aiyuk é um calouro que também pode produzir depois da posse, mas que verticalmente traz uma nova opção. O motor do grupo é ninguém menos que George Kittle: o melhor tight end da NFL é uma máquina de criar confrontos favoráveis, em especial no meio do campo.
Com contrato recém renovado, Kittle também é peça fundamental ajudando nos bloqueios para o jogo corrido, ao lado de uma competente linha ofensiva. Mike McGlinchey é um sólido right tackle e Trent Williams, como já dito, vem para o lugar de Joe Staley. Pelo meio, nomes menos conhecidos, mas que fazem um trabalho muito sólido, num sistema que usa e abusa das corridas em zona. A proteção ao passe é facilitada pelo pouco tempo em que a bola fica com o quarterback
Entre os running backs, um comitê de jogadores, com todas as características. Raheem Mostert recebeu uma reestruturação de contrato e é o líder do grupo, em parte por sua explosão. Tevin Coleman traz uma boa capacidade recebendo e produzindo após a recepção, enquanto Jerick McKinnon e Jeff Wilson completam a rotação. O fullback Kyle Juszczyk é o melhor de sua posição na NFL e tem vital importância, seja bloqueando ou recebendo passes.
Nick Bosa foi o calouro defensivo do ano, sendo dominante na linha de scrimmage em 2019
A energia é a marca defensiva
A defesa montada pelo coordenador Robert Saleh foi sem dúvida, a mais intensa de 2019. Muita velocidade e explosão foram as marcas, começando pela linha defensiva. Se Dee Ford ainda não foi o que se esperava por conta das lesões, mas que teve bons momentos quando esteve em campo, Nick Bosa foi o calouro defensivo do ano, sendo dominante na scrimmage. Arik Armstead teve uma grande temporada, chegando a 10 sacks e teve seu contrato renovado. Javon Kinlaw, que chega via Draft, tem todas as características para suprir a ausência de DeForest Buckner com primor.
Entre os linebackers, destaque total para Fred Warner. Ele chega para sua terceira temporada como um top-5 de sua posição. Sua capacidade de reagir rapidamente às jogadas lhe faz um complicador enorme para os bloqueadores em segundo nível. Além disso, é inteligente antecipando conceitos de passe. Kwon Alexander voltando de lesão reforça bem o setor e Dre Greenlaw foi uma grata surpresa, em especial na cobertura em espaços curtos.
Lá atrás, o veterano Richard Sherman segue jogando muito bem, em especial no sistema repleto de cover 4 e cover 3, onde sua inteligência de jogo se destaca. No lado oposto, Emmanuel Moseley deve ser o titular, mas precisa mostrar mais consistência, coisa que K’Waun Williams conseguiu jogando como nickel. A dupla de safeties foi uma das mais interessantes da temporada passada, com Jaquiski Tartt e Jimmy Ward sendo peças fundamentais em vários jogos. Dá para notar que a base defensiva foi mantida e com isso, se espera novamente uma performance de alto nível.
Como foi em 2019: (13-3, primeira posição da NFC West, perdeu no Super Bowl).
Aspecto tático: não é de se esperar alguma revolução tática por parte dos 49ers, seja na defesa ou no ataque. Mas no lado ofensivo, com a chegada de Brandon Aiyuk é possivelmente que vejamos um pouco mais de bolas em profundidade, se aproveitando de sua capacidade de esticar o campo. Com Jalen Hurd voltando de lesão, somado aos demais recebedores, é possível que Shanahan utilize o pacote 11 (um running back, um tight end e três wide receivers) mais que os 40% de 2019, terceira menor marca em toda NFL.
Jogo mais importante: at Seahawks, semana 8. Não existe prova maior de força na NFC West, que vencer Russell Wilson fora de casa. Chegando no meio da temporada, esse é o tipo de jogo que marca o resto do ano e em caso de vitória aumenta a confiança e muito. Inclusive, pode ser um jogo que defina os rumos da divisão, pelo confronto direto. Provar força contra seu maior adversário é chave.
Pergunta a ser respondida: Jimmy Garoppolo dará um salto de qualidade? Em 2019, Garoppolo fez tudo que o sistema precisava com muita eficiência, mas quando precisou improvisar ou ser um pouco mais agressivo em profundidade, ficou aquém do que se precisava. Se conseguir inserir esse elemento no seu jogo, o ataque dos 49ers será ainda mais difícil de se parar.
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O que esperar em 2020
Com uma base muito forte, os 49ers são um dos grandes favoritos ao título. Não tem como ser diferente: ataque muito consistente, defesa de alto nível e um dos melhores treinadores da atualidade. Caso não aconteça nada muito fora do planejado, como lesões de jogadores importantes, é bem provável que vejamos esse time brigando pelo menos pela final de conferência mais uma vez.
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