O New York Giants fez outra intertemporada consistente e, mesmo ainda não estando nem perto de ser um time totalmente confiável, posicionou-se de vez como postulante ao título da NFC East. O quão longe eles podem chegar, porém, depende da evolução de Daniel Jones em seu terceiro ano de NFL.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: Os Giants de novo se mexeram bem no mercado ao impedir Leonard Williams de ir embora e assinar com Kenny Golladay e Adoree’ Jackson. No final das contas, o plantel está mais forte em relação ao de 2020 e isso é o que importa.
Principal reforço: Kenny Golladay, WR. Golladay foi o melhor wide receiver a de fato atingir o mercado, após Allen Robinson e Chris Godwin ganharem a franchise tag. Seu histórico de lesões preocupa, mas ele tem qualidade para virar o grande recebedor de Jones tanto na red zone quanto em profundidade.
Principal perda: Kevin Zeitler, OG. Mesmo sem ser espetacular, Zeitler era o melhor offensive linemen da equipe, atuando em 31 partidas nas duas últimas temporadas. Sua saída deixou um buraco na posição de right guard, o qual o segundanista Shane Lemieux suprirá.
Não faltam alvos a Jones, mas a linha ofensiva preocupa
A prioridade na offseason foi aprimorar o elenco de apoio ao redor de Daniel Jones. Além de selecionar o playmaker Kadarius Toney na 1ª rodada do Draft, uma decisão que gerou algumas críticas, Dave Gettleman assinou com os wide receivers Kenny Golladay e John Ross III, o sólido tight end Kyle Rudolph e o running back Devontae Booker – um seguro de vida caso Saquon Barkley não volte imediatamente 100% de sua lesão no joelho.
Deste modo, não há mais justificativas para o jovem signal caller não render. Ano passado tivemos a grave lesão de Saquon na semana 2, o corpo de recebedores pouco qualificado e a implementação do sistema ofensivo de Jason Garrett durante uma intertemporada atípica. Agora, Jones terá à disposição um corredor top 5 da NFL em nível de talento, quatro ou cinco alvos muito bons e uma maior familiaridade com a filosofia de Garrett. Acabaram as desculpas.
Vale dizer, ainda, que a chegada de Golladay casa perfeitamente com a principal fortaleza de Daniel Jones: a bola longa. Lançando para mais de 15 jardas, por exemplo, Jones teve o melhor rating de toda a NFL. Ele precisa consertar urgentemente seu problema com fumbles, só que não dá pra negar que os Giants fizeram um bom trabalho cercando-o de alvos que lhe ajudarão a crescer de produção em 2021.
O possível freio desse ataque, fora o próprio Jones, é a linha ofensiva. Graças à dispensa de Kevin Zeitler devido a questões financeiras, ela claramente regrediu em comparação a 2020. Zeitler será substituído por Shane Lemieux, o responsável por ceder 25 pressões e 5 sacks atuando apenas metade da temporada passada – ele, por exemplo, foi o pior guard protegendo o passe segundo as métricas do Pro Football Focus, apesar de ter sido razoável no jogo terrestre.
Lemieux e Will Hernandez tendem a formar uma das piores duplas de guards da liga – Zach Fulton e Joe Looney, guards veteranos contratados para ajudar, decidiram se aposentar em pleno Training Camp . O center Nick Gates, por sua vez, é um nome competente, ainda que não resolva os problemas sozinho. Os relatos depois de duas semanas de treinamentos são justamente sobre as dificuldades e falta de profundidade no miolo da linha ofensiva.
A única notícia boa nas trincheiras é a posição de left tackle: Andrew Thomas cresceu de rendimento depois de um início turbulento e Nate Solder retornou do opt-out. Solder, por sinal, talvez possa disputar a titularidade com Matt Peart na extremidade direita, pois Thomas não deveria mudar de lugar. Pelo menos nas posições de tackle existe alguma esperança de crescimento.
Reforçada, surpreendente defesa de 2020 deve ser melhor
Uma das marcas da defesa de Patrick Graham foi a adaptabilidade. Por exemplo, o coordenador começou usando bastante marcação homem-a-homem nas cinco semanas iniciais, contudo deu prioridade à cobertura em zona ao perceber que as características dos seus jogadores não encaixavam na ideia original. Ao assumir uma postura mais reativa e conservadora na marcação, a efetividade subiu e New York passou a se destacar defensivamente.
Graham, na verdade, fez quase um milagre com o que tinha em mãos, tanto que chegou a entrar na lista de possíveis novos head coaches. A tendência agora é de evolução após a chegada de reforços: os cornerbacks Adoree Jackson e Aaron Robinson encorparão a secundária, enquanto Azeez Ojulari é o EDGE pedido há tanto tempo. Aliás, podemos colocar o safety segundanista Xavier McKinney nessa lista, afinal ele pouco jogou em seu ano de calouro por conta de uma fratura no pé sofrida no Training Camp.
Agora de contrato renovado, Leonard Williams segue como a âncora da linha defensiva, enfraquecida pela saída de Dalvin Tomlinson na Free Agency. Ele foi o principal apressador de passe na temporada passada, totalizando 11,5 sacks e 62 pressões, e tem tudo para repetir a dose. Fora Williams, os Giants dependerão de Ojulari, Lorenzo Carter e Oshane Ximines para conseguir alguns sacks, pois Kyler Fackrell também foi embora.
Já o grupo de iLBs, bem, continua daquele jeito. Blake Martinez foi uma grata surpresa, contudo ele está longe de ser elite. De resto, não dá para cobrar muita coisa de atletas iguais a Reggie Ragland, Tae Crowder, etc. New York com certeza espera compensar a falta de talento no setor com a força da linha defensiva e dos seus defensive backs, conforme fez por boa parte da última década.
Somando os reforços de 2021 e os de 2020, sobretudo James Bradberry, Blake Martinez e Logan Ryan, veremos um sólido núcleo construído nos Giants. Não é nenhuma previsão ousada imaginá-los terminando no top 10 defensivo da atual temporada. Ainda faltam maior profundidade de pass rushers e mais linebackers qualificados, mas a secundária pode se transformar em uma das melhores da NFL vide os massivos investimentos dos últimos dois anos.
Como foi em 2020: 6-10, 2º lugar da NFC East. Fora dos playoffs
Aspecto tático: A confusa montagem de elenco fez o time acumular três slot receivers: Sterling Shepard, Dante Pettis e Kadarius Toney – o calouro, por exemplo, correu quase 80% das suas rotas partindo do slot em 2020. Destes, quem tem mais chances de eventualmente alinhar na lateral é Shepard, todavia ele não costuma ser tão eficiente nessa função. Enfim, será interessante ver como se dará a divisão de alvos e snaps entre o trio, haja vista que Kenny Golladay, Darius Slayton e John Ross devem monopolizar o lado do campo.
Jogo mais importante: Semana 15, vs. Cowboys. A visita de Dallas ao MetLife Stadium na semana 15 abre uma dura sequência de três confrontos divisionais nas quatro rodadas derradeiras do ano. Provavelmente a sorte dos Giants acabará definida aqui.
Pergunta a ser respondida: Daniel Jones tem talento para subir a equipe de patamar? Pelo menos é nisso que New York está apostando, embora o desempenho do quarterback na última temporada desperte muito ceticismo. Além de continuar sendo uma máquina de turnovers (39 em 27 partidas disputadas), Jones viu sua produção despencar em 2020: 11 míseros touchdowns lançados em 14 jogos, diversos passes errados e um ataque que ultrapassou a barreira dos 30 pontos só uma vez sob o seu comando.
Esse é o momento do tudo ou nada, a hora de mostrar sua capacidade de ser um franchise quarterback. Outro rendimento pífio talvez não signifique automaticamente o seu corte, entretanto tende a significar competição pela titularidade em 2022.
O que esperar em 2021? Briga por playoffs. A NFC East tende a virar uma corrida de três cavalos entre Giants, Washington e Dallas, de modo que os três têm chances consideráveis de irem aos playoffs por causa disso e não por serem times especialmente fortes. Em todo o caso, é uma evolução para a franquia, visto as prévias anteriores sempre a apontarem como distante da briga pelo mata-mata. As boas decisões de Dave Gettleman na free agency ajudaram a colocar New York no rumo certo, porém a instabilidade de Jones ainda nos impede de confiar no seu sucesso imediato.
Para saber mais:
Prévias 2021: Darnold é o fiel da balança de Carolina
Prévias 2021: Com Staley e Herbert, é hora de se empolgar com os Chargers
Egoísmo de Kirk Cousins atrapalha o Minnesota Vikings
Prévias 2021: Próximos 17 jogos decidem se Eagles brigam por algo ou começam do zero
