Primeira Leitura: Os Packers podem ter o melhor ataque da NFL em 2016

São sete aparições consecutivas em pós-temporada, a maior sequência de uma franquia que dominou a NFL e teve reinado constante na década de 1960. Junto dos Patriots, é a maior sequência da liga atualmente. O torcedor do Green Bay Packers praticamente nem lembra mais o que é passar janeiro pensando em como a vida será no Draft e na reconstrução de elenco.

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As últimas aparições em pós-temporada, porém, terminaram em desilusão para a Titletown. Green Bay perdeu a vaga na próxima fase nas, literalmente, três últimas posses de bola. 2013 viu os 49ers ganhando no winning field goal de Phil Dawson para os 49ers. Em 2014, a implosão do time no segundo tempo e subsequente prorrogação contra o Seattle Seahawks. E no ano passado, após empate milagroso via Hail Mary, Aaron Rodgers sequer teve uma chance de ter a bola na prorrogação contra o Arizona Cardinals.


Green Bay espera voltar à pós-temporada de novo neste ano e pode voltar em grande estilo. Muitos podem eventualmente colocar a culpa em Aaron pelo fato da vaga ter chegado apenas via wild card (repescagem). A culpa esteve longe de ser dele. Quando olhamos para as estatísticas de Rodgers, vemos que de fato existem números ruins. Exemplo: 61% de aproveitamento nos passes – pior marca de sua carreira. Mas números não falam sozinhos: eles têm que serem colocados em contexto. Rodgers teve a pior média de jardas por passe da carreira (6,7) e ao mesmo tempo teve a maior marca de passes por jogo (35,8). Disso, tomamos que ele passou mais do que deveria para compensar a ausência de um jogo terrestre. Ao mesmo tempo, não conseguiu passar em profundidade.

Como explicar isso?

Um dos motivos é a falta de um alvo em profundidade. Fazer com que a defesa tenha que se preocupar com o campo todo – e não apenas com a zona de dez jardas da linha de scrimmage até a linha de first down – é essencial para que um ataque esteja bem calibrado. Quanto mais uma defesa tem que “marcar”, pior ela o fará. É um princípio de eficiência. Os recursos (11 jogadores) da defesa são limitados. Pois bem, o tal alvo em profundidade que faltava era Jordy Nelson. Ele rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho contra os Steelers na pré-temporada do ano passado – a pré-temporada é inútil e eu já disse isso várias vezes, mas falarei mais sobre na semana que vem. Ainda, vale lembrar que houve diversos rumores, os quais diziam que Rodgers havia jogado a temporada passada com lesão no ombro.

Blablabla, é migué isso de que Nelson fez tanta falta. Bom, fez sim. Ele teve 13 touchdowns recebidos em 2014, sete deles foram lançamentos para mais de 20 jardas (estatisticamente considerados “longos”). Sabe quantos Rodgers teve no ano passado se contarmos todos os recebedores? 5. Analisando especificamente os lançamentos para mais de 20 jardas (longos), Rodgers – com Nelson – teve 44% de aproveitamento em 2014. No ano passado, sem Nelson, 32%.

Ainda temos a questão terrestre. O Green Bay Packers gastou uma escolha de segunda rodada em Eddie Lacy no Draft de 2013. Lacy teve um excelente início de carreira – média de 74 jardas corridas por jogo em seus dois primeiros anos na liga (o que dava uma média de 4,4 jardas por carregada). Sei que muitos podem dizer: certo, mas com um quarterback tão bom como Rodgers, de que adianta o jogo terrestre ser bom?


Explico: o paradigma na liga, até os anos 80 (mais ou menos) era de que você tinha que correr para “abrir” o passe. A defesa adversária estaria “viciada” no jogo terrestre e aí você usava o play action para ganhar muitas jardas. Hoje esse paradigma é o oposto: você passa e como consequência a corrida é aberta. Não é por acaso que escrevi, ainda no The Concussion, o seguinte sobre o Draft de Green Bay: “As outras equipes da NFC North estão pensando: Aaron Rodgers com um jogo corrido? Desisto”. Porque Rodgers pode passar e numa 2nd and 6, ganhar uma primeira descida pelo chão. Aí o ataque fica imparável, dado que a defesa simplesmente não sabe mais o que fazer para conter avanços.

2015 não foi assim. Além de não haver a ameaça em profundidade, Lacy engordou até não poder mais no ano passado e obviamente teve menos produtividade. Ele chegou a bater 117 quilos no ano passado e, antes dos training camps deste ano, a comissão técnica demandou que ele emagrecesse. Até agora, tudo ótimo: ele perdeu cerca de 7 quilos e parece mais fit antes dos camps.

No lado defensivo da bola, Clay Matthews deve voltar para sua posição de origem (outside linebacker) após jogar boa parte dos snaps no ano passado, improvisado, como inside linebacker. Sua presença no lado de fora do box deve melhorar o pass rush – algo cada vez mais essencial na NFL moderna e que não foi bem nos Packers em 2015. Nenhum defensor de Green Bay teve mais de 3,5 sacks se alinhados como outside linebackers no ano passado. Como inside na maioria dos snaps, Matthews teve apenas 6,5 sacks no ano passado – a segunda pior marca de sua carreira.

Ainda na questão de setores que devem sofrer melhorias, temos a linha ofensiva – a qual foi uma completa bagunça no ano passado. O grande ponto é que a unidade sofreu com diversas lesões em praticamente todas as posições. A boa notícia é que David Bkhtiari, Byran Bulaga (tackles), e os excelentes guards Josh Sitton e T.J Lang (discutivelmente uma das melhores duplas de guards da liga) começam o ano “inteiros”. Green Bay ainda foi atrás de reforços para dar profundidade de talento a essa unidade – uma espécie de seguro, por assim dizer. Jason Spriggs, de Indiana, é um talento a ser lapidado e veio pelo Draft. Ainda em termos de reforços, vale a lembrança para a posição de tight end com Jared Cook. Embora este faça com que vários torcedores torçam o nariz, ainda lhe dou uma chance extra – é só lembrar os terríveis quarterbacks que passavam a bola para Cook em Tennessee e St. Louis).



Não obstante, Green Bay tem a dádiva de jogar quatro jogos contra a AFC South em 2016 e ter uma home field advantage lendária no Lambeau Field. No ano passado foram cinco vitórias e três derrotas num ano conturbado, mas desde que Rodgers assumiu como quarterback titular, são 45 vitórias e apenas 9 derrotas em Wisconsin (contando pós-temporada). Nesta próxima temporada, Green Bay terá o que, em tese, é o calendário mais fácil da NFL em 2016: o record combinado dos adversários – tendo 2015 como ano-base – é de 117-139. Em Las Vegas, os Packers são considerados favoritos em todos os jogos da Semana 1 até a 9 com exceção do Sunday Night Football na Semana 2 contra Minnesota na inauguração do novo estádio dos Vikings.

A sequência de início de temporada e com todo mundo saudável – mais algumas adições na Free Agency e Draft e a adição de uma dieta na vida de Eddie Lacy – fazem com que Green Bay possa arrancar um 9-0 e ninguém se dar conta do que está acontecendo. Jaguars, Vikings, Lions, Giants, Cowboys, Bears, Falcons, Colts e Titans. Seja sincero, um 9-0 ou um 8-1 é bastante plausível de imaginar depois de tudo o que você leu acima.

Claro, previsões na NFL são difíceis de se concretizar por conta de lesões imprevisíveis e pelo alto competitivo da liga. Num domingo qualquer muita coisa pode acontecer. Mas no conjunto da obra, olhando de forma analítica, o que deu errado com Green Bay no ano passado foi arrumado para 2016. Considerando o calendário, não surpreenderia a ninguém que os Packers tenham o melhor ataque da liga na próxima temporada. Ainda mais com o principal concorrente ao posto, os Steelers, sofrendo com suspensões.

Você está shipando os Cowboys com Romo e Bryant saudáveis, mas olha para a defesa

Não estou zicando ninguém e isto não é um “Acabou a Dinastia que está Adormecida desde 1995”, o ponto não é este. É que o torcedor tenha ciência do que está acontecendo em Dallas: um desastre completo no pass rush. O Jean já falou bastante sobre isto neste texto dele, mas eu também queria tocar no assunto.

Além da ausência de Tony Romo por praticamente 3/4 da temporada regular no ano passado, um outro problema foi crônico para os Cowboys: a falta de eficiência no pass rush de um time que havia sido montado para fazê-lo. Dallas encontra-se na terceira posição da ingrata lista “piores times em termos de sacks nos dois últimos anos”. Atlanta teve 41, San Diego, 58, e Dallas, 59. Especificamente no ano passado, foram 31 sacks (empatado como 25º da liga)

Para complicar a situação, os Cowboys não renovaram com Greg Hardy (ainda bem, lugar de homem que bate em mulher não é em elenco da NFL não) e DeMarcus Lawrence está suspenso para os quatro primeiros jogos. Randy Gregory e Rolando McClain completam a lista de jogadores do front seven/six de Dallas que perderão parte da temporada. O caso dos dois é grave, são 10 jogos de suspensão para cada.

Não que eu precise lembrar a você a importância do pass rush. É só ver o que o Denver Broncos fez nos playoffs de 2015 e no Super Bowl 50. O ponto para os Cowboys fica ainda mais grave quando lembramos que pass rush e secundária funcionam como duas engrenagens. Quando o primeiro está calibrado, o trabalho do segundo é facilitado. Em sentido contrário, se o pass rush não funciona, a secundária sofre porque o quarterback fica confortável no pocket. E aí a gente lembra que os defensive backs dos Cowboys não são gênios. 

A salvação desse time e uma eventual vitória no título da divisão descansa nos ombros – literalmente – de Tony Romo. Se ele ficar saudável e o jogo terrestre engrenar – fazendo com que a defesa fique fora do campo e, descansada – Dallas tem uma chance muito porque a NFC East é nivelada por baixo. De toda sorte, o coordenador defensivo dos Cowboys, Rod Marinelli, terá um trabalho e tanto em 2016.

Nesta semana tem CFL!

Pensamento aleatório da semana

Ele teria que atear fogo no campo, não ter nenhuma interceptação e… Tá, não vai rolar. Quer saber como será o ataque dos Patriots sem Brady nas quatro primeiras semanas? Falei sobre aqui.

Nosso podcast desta semana

Fizemos um panorama geral na NFC South e comentamos as primeiras notícias do início dos Training Camps. Você pode assinar e ouvir a Rádio América pelo Feed do programa e também através do DeezeriTunes ou Player FM. Assim, é possível que você receba uma notificação no celular quando nosso próximo programa sair do forno. Se preferir, pode fazer o download clicando aqui.

3 perguntas e 2 afirmações

O prazo para os jogadores veteranos do St. Louis Los Angeles Rams (ainda estou me acostumando) era o próximo sábado. Nick Foles foi cortado antes disso e carimba seu status como reserva para o resto da liga. Sabíamos que Foles seria cortado em algum momento, só não se imaginava que seria tão cedo.

John Elway disse hoje que a disputa pela titularidade em Denver, na posição de quarterback, está aberta. Ok, acredito. Só que não. Lógico que não. Pelo amor de Deus. Por pior que Mark Sanchez seja, pelo menos ele é experiente e já jogou em outras formações que não sejam shotgun/pistol – coisa que Paxton Lynch nunca fez em Memphis. E eu não vou nem falar sobre Trevor Siemian, porque para escrever o nome dele certo eu tive que ir no Google.

Haverá algum efeito no desempenho de J.J Watt após a cirurgia que ele passou recentemente? Watt tinha lesão nas costas e passou por procedimento operatório para solucionar tais problemas. Aos 27 anos, ele não perdeu nenhuma partida até hoje por conta de dores ou lesões. Watt planeja voltar a tempo da primeira semana de 2016, contra os Bears. Esperamos que ele continue jogando em alto nível.

Quem será o quarterback titular em San Francisco? Vocês sabem que eu amo a posição de quarterback (é a mais importante do jogo, afinal), e gosto de prestar atenção em disputas por titularidade. Duvido muito que após o fuzuê de querer ser trocado e pedir para que isso aconteça, Colin Kaepernick continue como líder do time. Além de passar a bola (coisa que… Bem, ele nunca fez direito), o quarterback tem de ser o líder do time. Kaepernick não tem mais esse status e o elenco já estava rachado no ano passado. Não duvido que Chip Kelly comece o ano tendo Blaine Gabbert (meu Deus, olha as opções) como titular.

Jaguars e Raiders, agora vai? Cara, eu não vou negar: eu QUERO que isso aconteça. Não torço para nenhum dos dois times, mas uma das belezas da NFL é a rotatividade “no topo” e a chance de times que estão ruins acabarem melhorando. Jacksonville já foi alvo de diversos textos aqui no ProFootball e os Raiders, na última semana, também. São elencos jovens e talentosos. Só resta saber se vai dar liga.

Hello, Goodbye

Normalmente este espaço é reservado para falar de coisas fora do futebol americano e da NFL como um todo. Excepcionalmente nesta semana falarei sobre outra coisa: Madden.

Nas últimas três ou quatro semanas estive gravando uma franchise com os Browns no Madden e tentando arrumar a casa. Foi extremamente divertido e demandou praticamente tudo o que sei e estudei sobre futebol americano em todos esses anos. Abaixo, o episódio referente à primeira intertemporada, com Draft e Free Agency (depois da primeira temporada). Muitos dos conceitos que uso para analisar o jogo acabei por utilizar – como por exemplo valorizar trade down no Draft e etc. Ah, e não esqueça de se inscrever no canal!

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