O Buffalo Bills é um exemplo de planejamento e confiança para toda NFL. Após selecionar o quarterback Josh Allen no Draft de 2018, muito contestado na época por diversos analistas e por este que vos escreve, seguiu firme para os planos em seu desenvolvimento, mesmo com as oscilações em suas performances. Para essa temporada, a adição do wide receiver Stefon Diggs, que foi trocado com o Minnesota Vikings, foi de grande valia para a equipe dar o próximo passo.
Porém, o grande X da questão é que finalmente Allen chegou onde os Bills esperavam que ele chegasse quando o selecionaram. Jogando em alto nível e sendo cotado na briga pelo MVP da temporada, o quarterback deu um salto de qualidade gigantesco do ano passado para cá. Minimizando erros, ele agora faz a montanha-russa de emoções que é seu jogo ter bem menos solavancos. Vale também frisar que o coordenador ofensivo Brian Daboll fez seus ajustes para ajudar o camisa 17. Dito isso, separei algumas coisas que vão nos ajudar a entender como essa ataque é montado.
Aproveitar o braço de Allen é uma das premissas
Dá para cravar uma coisa sem maiores dificuldades: Josh Allen tem o braço mais forte de toda NFL. Ele consegue lançar bolas longas sem muitas dificuldades e isso é visto desde seus tempos em Wyoming, no futebol americano universitário. Não por acaso, foram 16 passes em que a bola viajou mais de 20 jardas. Desses, 11 foram completos, marca de 68%, a maior entre todos quarterbacks que tentaram pelo menos 10 passes. A chegada de Diggs é fundamental: com sua velocidade e rotas afiadas, além da capacidade de vencer em rotas contestadas, fazem o casamento muito produtivo.
Contra o Miami Dolphins, num momento crucial da partida, vimos isso acontecer. Com a equipe perdendo o jogo no último quarto, Allen identifica que Diggs está numa cobertura mano a mano contra o calouro Noah Igbinoghene na direita. O recebedor consegue rapidamente ganhar o lado externo da rota e faz um double move: finge que irá parar e então volta a correr em direção ao fundo. É suficiente para criar separação e Allen manda um passe que viaja mais de 40 jardas no ar e se torna um grande avanço. Vale o destaque para o ponto de colocação da bola: na frente do recebedor, sem qualquer chance de o defensor se recuperar na jogada.
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O medo do atleticismo do quarterback abre espaços
Nos seus dois primeiros anos, Allen surpreendeu a alguns na liga com sua capacidade de produzir com as pernas. Não é tão comum você ver um quarterback de 1,96m e quase 110 kg aproveitando espaços e conseguindo ser muito efetivo correndo com a bola. Para se ter uma ideia, ele teve mais de 1000 jardas terrestres, chegando na end zone adversária por 17 vezes nos seus dois primeiros anos. Sabendo bem disso, Daboll usa e abusa das formações empty, com somente seu quarterback no backfield. A defesa precisa espalhar o campo para defender os recebedores, mas não pode recuar, sobe o risco de ser castigada com uma corrida de Allen.
O Las Vegas Raiders até tentar enganar o signal caller dos Bills numa situação de terceira para 11 jardas, mas não consegue. Antes do snap, coloca dois safeties no fundo do campo e mostra uma cobertura cover 2 man – mano a mano nos recebedores, com os safeties cuidando cada um de uma metade do campo em profundidade – dando a entender que não estavam preocupados com uma escapada do quarterback.
