Uma das filosofias mais interessantes para intertemporada é aquela em que determinada franquia procura fortalecer algum ponto onde já é forte. Criar uma unidade dominante traz bons resultados e por vezes facilita o trabalho de outras, que dariam muito mais trabalho para fazerem ser produtivas. Parte disso é o que Buffalo Bills fez após o fim da última temporada: trouxe peças para uma defesa que já era ótima, tornando a unidade excelente. Mesmo com um ataque que ainda pode ter oscilações, é um grupo defensivo capaz de levar o time longe e que merece maior valorização.
Menos reconhecimento que o merecido
New England Patriots, San Francisco 49ers, Pittsburgh Steelers. Todas excelentes defesas, muito badaladas em 2019, muito mais que a dos Bills. O que é injusto, afinal a equipe de Buffalo teve performances defensivas no nível das mesmas, quem sabe até superior em alguns momentos. Vamos aos números: 3° em jardas cedidas, 2° em pontos sofridos, 8° em interceptações. Por que então a defesa dos Bills é menos falada que a dos times já citados?
Simples: narrativas. Elas importam mais que parecem. O fato é que Buffalo é um dos menores mercados consumidores da NFL, não estando próximo dos outros citados nos EUA. Os Patriots se mantém no topo da NFL nos últimos 20 anos e qualquer “A” sobre eles da muita repercussão. 49ers e Steelers são dois dos times mais vitoriosos da história e com fãs espalhados por todas as partes do mundo. O impacto midiático é importante. Um exemplo: se pedirmos para um fã casual elencar em ordem de quem ele conhece Nick Bosa, Stephon Gilmore, Minkah Fitzpatrick e Tre’Davious White, o talentoso cornerback dos Bills – que liderou a NFL em interceptações no ano passado junto de Gilmore – será o último.
Já que nomes foram citados, outro ponto importante é a falta de criação de ídolos. Ídolos num geral, não apenas para os torcedores do time. Nick Bosa acabou de chegar na NFL e já alardeado: isso passa também por sua falante personalidade. Fitzpatrick é um jogador de palavras duras e fez isso para sair de Miami. Gilmore foi aparecer de verdade sob a tutela de Bill Belichick, que o apontou como chave na sua defesa ao renovar seu contrato generosamente. Os Bills precisam criar um ícone defensivo: um jogador que venda camisas e bonecos não apenas para torcedores de Buffalo.





