É melhor pecar por excesso do que por omissão? Recentemente, no jornalismo esportivo, criou-se o mito de que as opiniões deveriam ser menos severas, já que, particularmente na NFL, é difícil afirmar qualquer coisa antes de um bom tempo de adaptação. Discordo disso, pois errar uma opinião faz parte do negócio e torna as narrativas ainda mais divertidas. A jornada de Josh Allen é um dos maiores exemplos dos últimos anos, a decisão do Cincinnati Bengals no último Draft também se tornará um deles.
No início do último ano, a franquia que vinha em péssima fase e viu seu franchise quarterback sofrer uma grave lesão em seu ano de calouro tinha uma decisão crucial a ser tomada: proteger seu principal ativo escolhendo Penei Sewell ou selecionar o outrora parceiro de Burrow na universidade, Ja’Marr Chase?
Na época, o movimento em favor da seleção do offensive tackle era enorme – inclusive por este que vos fala – e fazia sentido, afinal, do que valeria um recebedor generacional se Burrow não conseguisse passar a bola. Só que o resultado foi o oposto. Chase não só vem fazendo temporada absurda, quebrando recordes; ele é um dos responsáveis por elevar o nível dos Bengals.
Feito para os grandes momentos
Restando três rodadas para o fim da temporada regular, os Bengals teriam uma dura sequência para definir qual seria seu destino. Baltimore Ravens e Kansas City Chiefs seriam os adversários que a equipe teria de bater para tomar a liderança da divisão e garantir a vaga nos playoffs. Duelos difíceis e que colocariam o talento da equipe a prova. Números de Burrow após os dois jogos: 971 jardas aéreas, 8 touchdowns, nenhuma interceptação. Números de Chase após os dois jogos: 391 jardas recebidas e 3 touchdowns.
Sempre é necessário dar contexto aos números, mas nesse caso eles falam por si. A sequência é mais do que impressionante, ela é surreal. Mais do que isso, ela define a importância de um para com o outro. “Joey Franchise” não garantiria o primeiro título divisional de Cincinnati desde 2015 se não possuísse Chase para agarrar seus passes.
Boa parte da melhora ofensiva dos Bengals em 2021 passa pela dupla – e falo isso sem retirar mérito nenhum de Zac Taylor e companhia. A confiança para atacar mais em profundidade, a presença de um alvo sempre aberto e a certeza de que Chase vencerá as bolas contestadas fazem parte do negócio e ajudaram Cincinnati a vencer esses grandes jogos. Nada melhor do que passar por isso logo antes de entrar na pós-temporada.





