Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui.
1st and 10: Brady tem culpa nas derrotas, não o sistema dos Buccaneers
Falei brincando lá no twitter na noite de segunda que era um absurdo que a NFL colocasse Tom Brady, aos 43 anos, jogando em jogos noturnos. Afinal, ele já é um senhor e quer tirar uma sonequinha nesse horário, não estar jogando.
Brincadeiras à parte, é impressionante como Tampa Bay tem números diferentes de manhã ou de tarde em comparação àqueles de noite. Uma vitória e três derrotas de noite. Seis vitórias e uma derrota de dia. 18 pontos por jogo de noite. 35 de dia. Brady tem cinco touchdowns e cinco interceptações de noite – 20-4 de dia.
Em vitórias, Tom Brady tem 55% de passes completos quando a bola viaja pelo menos 15 jardas. Nas derrotas, 25%. Nas vitórias, 4-0 em TD/INT em passes dessa maneira. Nas derrotas? 0-4.
Quando Brady foi pressionado em pelo menos 17% dos snaps – o que não é muita coisa – ele tem uma vitória e quatro derrotas, cinco touchdowns e sete interceptações. Em jogos que foi pressionado em menos de 17%, sete vitórias e nenhuma derrota – com 20 TDs e 2 INTs.
Veja, eu sempre vou dizer que Tom Brady é o maior quarterback da história. Tenho camisa do cara, é um prazer vê-lo jogar. Mas não posso passar pano e dizer que, bem, é o sistema de Bruce Arians o culpado. Quando minimamente pressionado, joga mal. Quando não acerta passe longo, joga mal. Será que é o sistema ou os arredores? Por mais que Tom Brady seja incrível, temos que fazê-lo responsável pelo o que está acontecendo.
Se Brady joga mal, o time perde. Não é correlação, acima está demonstrado por números – e vendo o jogo fica muito claro – é causa e efeito. Após a derrota, Bruce Arians disse o seguinte na coletiva de imprensa; “Quando os caras estão abertos você tem que acertar o alvo, não pode errar a cobertura, a linha ofensiva está protegendo melhor em rotas longas”. Acabamos tendo que concordar com ele.
Sistema novo, idade, horário, seja como for; Não creio que dê para passar pano para isso. A questão, infelizmente, é que Brady está jogando bem mal nas derrotas. A culpa é dele mesmo. Não que não possa mudar – mas a análise de agora é esta.
2nd and 6: Carson Wentz está derretendo
Vince Young, Mark Sanchez, Vince Ferragamo: há muitos nomes que despontaram no início da carreira e que afundaram na sequência. Nenhum deles chega perto do que está acontecendo com Carson Wentz nesta temporada. Afinal, Wentz foi um quase-MVP em 2017, tendo brigado até o fim da temporada – quando se machucou. O produto de North Dakota State teve 33 touchdowns em 13 jogos, liderou a NFL em rating (QBR) e comandaram Philadelphia à melhor campanha da Conferência Nacional.
No 13º jogo daquela campanha, contra o Los Angeles Rams, Wentz mergulhou na end zone e virou sanduíche entre dois defensores – o que gerou uma lesão em seu joelho, rompendo ligamentos e mudando sua carreira.
Afinal, o que Wentz fazia bem naquela época? Ele tinha atleticismo, estendia jogadas no pocket, ficava até o último momento no pocket para passar a bola. O mais maravilhoso era vê-lo em terceiras descidas, quando o bicho pega. 8.63 jardas por tentativa, 14 TDs e 3 INTs. Neste ano? Esses números caíram para 4.77 jardas por tentativa, 3 TDs e 2 INTs.
O que aconteceu? Muitas coisas. A lesão tirou o atleticismo de Wentz – o que acarreta muitos problemas. Wentz sapateia no pocket, abre demais a base quando passa. Perdeu a confiança. Está quebrado mentalmente. O que mais me impressiona é que o quarterback dos Eagles tem muitas interceptações quando sequer pressionado – são oito neste ano. No geral, 14 – ninguém tem mais na NFL.
Não que apenas ele tenha culpa no cartório. Há lesões, que não tem como ele controlar. Há um sistema ofensivo que não tira o melhor dele – passes longos com uma linha ofensiva porosa. Wentz, ao mesmo tempo, também é o culpado, sendo um dos cinco quarterbacks que mais segura a bola na liga (mais leva tempo entre o snap e o passe, em média).
Há solução? Sinceramente, difícil. Vou falar na descida posterior sobre um “case” de sucesso no conserto de um quarterback que estava quebrado mentalmente. De toda forma, pensemos no presente. Trocá-lo? É difícil. O teto salarial deve ser diminuído no ano que vem por conta dos estádios vazios e lucro menor da liga. Wentz tem 59 milhões de dinheiro garantido para 2021 – a potencial saída seria apenas em março de 2022, onde ainda haveria 24 milhões de dead cap.
Ao mesmo tempo, Doug Pederson não deve cair na intertemporada, porque tem no currículo o título do Super Bowl LII e, bem, tem como desculpas as lesões e o desempenho ruim de Wentz – embora, como eu tenha dito, ele também tenha culpa no cartório. Deveria partir de Pederson uma alteração tática para tornar o sistema algo mais parecido com o que ele tinha em 2017 – ou que Frank Reich tinha, fica o questionamento.
Seja como for, a situação deve se estender para 2021. Minha esperança é que Wentz volte a jogar em alto nível. Era maravilhoso vê-lo jogar em 2017. Mas parece uma lembrança cada vez mais distante.
3rd and 4: Como Jon Gruden arrumou Derek Carr
Derek Carr chegou a ser candidato a MVP antes da temporada de 2017. O time havia brigado forte em 2016 e talvez acabou por não ir mais longe por conta da lesão de seu quarterback na véspera de natal – jogou a partida de playoff contra os Texans em janeiro com Connor Cook e aí a eliminação foi inevitável. Carr voltou estranho no ano posterior. Afobado, quebrado mentalmente. Pode ser que você não tenha percebido, mas pouco a pouco essa questão parece ser resolvida.
Jon Gruden, tão contestado nas trocas de Amari Cooper e Khalil Mack, montou um sistema ofensivo de passes rápidos que é pra lá de interessante. Os Raiders investiram pesado em linha ofensiva – são um dos times com mais cap comprometido para a unidade. Carr, protegido e em passes rápidos, voltou a uma forma pra lá de interessante. O camisa 4 tem 70,7% de passes completos desde o início da temporada passada – terceira melhor marca da NFL. No maculado ano de 2017? 62%, 14º.
Os passes, como disse, são rápidos e curtos – privilegiando um sistema no qual Derek Carr não fique sapateando no pocket e possa agir por instinto e não forçando as coisas. Carr é apenas o 21º quarterback em média de jardas que a bola viaja por passe, com 7,49.
Essa pode ser uma saída para consertar Carson Wentz – passes curtos, ritmados, com foco em jardas após a recepção. Os Raiders têm média de 5,66 jardas após a recepção por passe completo – 8º da NFL neste ano. Os Eagles? 30º. Com um corpo de recebedores dizimado por lesões, poderia ser uma alternativa.
A parte maluca disso tudo é que Doug Pederson é um treinador da mesma raiz de Jon Gruden, a West Coast Offense – que tem tudo isso que eu falei acima como predicados. Daí os motivos que coloco sobre como Pederson tem bastante culpa na zona que se instaurou na Pensilvânia. De toda forma, já tendo falado sobre os Eagles acima, gostaria de completar dizendo: que belo trabalho Jon Gruden fez ao resgatar seu quarterback, dado que poderia simplesmente ter-lhe jogado pela janela. Os Raiders saíram vencidos contra os Chiefs no último domingo – não saíram derrotados.
Podcast desta semana
Sobe/Desce desta Semana 11
Sem muita enrolação, uma coluna rápida com o panorama de quem sobe e quem desce nas cotações nas brigas para os playoffs da Conferência Americana e Nacional. Se o time não está aqui é porque considero “neutro” após essa semana, ok?
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Para o texto completo: http://profootball.com.br/sobe-e-desce/curti-sobe-desce-semana-11/
4th and 1: Mahomes, a força da natureza que continua melhorando
A vitória de Kansas City sobre o Las Vegas Raiders não mudou tanto as coisas quanto à AFC West, dado que a tendência não seria que o critério de desempate do confronto direto fosse utilizado. Mas mudou as coisas numa questão moral. Perdeu duas partidas contra os Raiders descascaria um pouco o rótulo de ultrafavoritismo de Kansas City na AFC.
Pois bem, Pat Mahomes aconteceu. Na campanha derradeira, 6-7 e um touchdown para Travis Kelce – a quinta virada de Mahomes em sua carreira num quarto período. O passe para touchdown veio fora do pocker, com o camisa 15 manipulando Jonathan Abraham para ele pensar que Mahomes poderia correr – com isso, Abraham saiu da sua marcação em zona e a linha de passe foi aberta para a conexão com Kelce.
Foi uma leitura impecável de Mahomes. Foi uma leitura madura, sobretudo. Ao que parece, o que o quarterback de Kansas City falou há alguns meses é verdade: ele continua evoluindo na leitura defensiva, sobretudo depois do snap. Além da força do braço, da capacidade de improvisar e todo o mais, Patrick está melhorando (!!!) no seu terceiro ano como titular. É realmente incrível e uma força da natureza.
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