4 Descidas: Nova York, a cidade que engole seus ídolos

O período do Manning mais novo em Nova York foi glorioso - dois títulos de Super Bowl contra os poderosos Patriots de Belichick/Brady - mas como tudo o que é bom e um ciclo, o final chegou. A parte triste é que em vez de Eli ter tido controle disso, foi como seu Draft, onde ele não teve controle nenhum - tiveram que decidir por ele.

Não basta ser bom: é preciso parecer bom. Na capital do mundo, com uma Times Square tomada por anúncios, as aparências nunca enganam: elas motivam. Ele chegou em Nova York em meio a um turbilhão da NFL: seu pai, Archie, fora quarterback em péssimos elencos do New Orleans Saints. Foi, sem dúvidas, um imenso saco de pancadas para os adversários de sua divisão. Nunca teve uma campanha positiva sequer.

Em meio a isso, Archie fez de tudo um pouco para impedir que seu filho, Elisha, fosse draftado pelo então San Diego Chargers na primeira escolha geral do Draft de 2004. Não conseguiu, porque os Chargers conseguiram o quarterback de Ole Miss mesmo assim. Por pouco tempo, dado que foi trocado para Nova York – seja como for, a chegada não foi tranquila. A saída, tampouco seria.

É tradição que os ídolos da cidade de Nova York sejam engolidos pela magia e pelos tabloides da cidade. Patrick Ewing não conseguiu terminar sua carreira pelos Knicks e com ele foram vividos os últimos momentos gloriosos da franquia. Babe Ruth foi cortado pelos Yankees em 1935 e jogou só mais 28 jogos pelos Braves na sequência, até se aposentar. Derek Jeter até teve uma turnê de despedida mas em WAR (quantas vitórias contribuiu para o time na temporada) teve números negativos. Joe Namath está no Hall da Fama como Eli também estará – mas suas últimas três temporadas com os Jets foram horrendas. 39 TDs e 66 interceptações. Mesmo os vencedores, como Phil Simms e Lawrence Taylor, tiveram uma melancólica despedida com o uniforme dos Giants – derrota por 44 a 3 nos playoffs ante os 49ers.

Eli Manning deixa o posto de titular dos Giants, dois anos depois do que deveria. Aquela clássica frase do Duas Caras em Dark Knight se aplica. Ou você se aposenta como herói ou joga o suficiente para virar reserva. Claro, não é só culpa de Eli. Ele não forçou ninguém a assinar um contrato com ele. Contrato este que pagará 20 milhões de dólares para que ele assista 15 semanas de futebol americano no banco. Nítida falta de planejamento, tecla em que venho batendo há algum tempo.

A Era Elisha acabou nesta terça em Nova York. Começa a Era Daniel Jones, quarterback que foi bem na pré-temporada mas que ainda tem muito a provar. Ele chega com menos certezas do que Eli chegou em 2004 – e, talvez, num time pior do que aquele. Os Giants chegaram ao Super Bowl três anos depois e é difícil imaginar que a equipe consiga a mesma proeza em 2022 com o elenco que tem agora.

É possível dizer que as luzes de Nova York iluminam mas, ao mesmo tempo, cegam. O período do Manning mais novo em Nova York foi glorioso – dois títulos de Super Bowl contra os poderosos Patriots de Belichick/Brady – mas como tudo o que é bom e um ciclo, o final chegou. A parte triste é que em vez de Eli ter tido controle disso, foi como seu Draft, onde ele não teve controle nenhum – tiveram que decidir por ele.



“fantasy"

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Top 10: 

1- New England Patriots +/-0 (2-0): Na semana 2, muitos times do college football enfrentam os chamados “cupcakes”: equipes consideravelmente mais fracas que servem de saco de pancadas para que se ganhe confiança e moral para o resto da temporada. Em resumo, foi o que aconteceu aqui. De toda forma, nota especial para a defesa: desde o Super Bowl LIII, os Patriots estão cedendo dois pontos por jogo. Impressionante.

2- Kansas City Chiefs +/-0 (2-0): Os desafiantes ao Império Galáctico. os Chiefs tomaram um pequeno susto no início do jogo mas ai Magic Mahomes apareceu para acabar com a graça de Oakland. A defesa, no final das contas, foi uma surpresa interessante. Horrível pelo chão – mais de 100 jardas terrestres cedidas – mas limitou Derek Carr a menos de 200 jardas aéreas. Kansas City segue como a prateleira 1-B da AFC.

3- Dallas Cowboys +1 (2-0): No momento, a equipe que menos deixa dúvidas na Conferência Nacional. Foram duas vitórias convincentes, liderança isolada da divisão, ataque voando com boas chamadas de Kellen Moore e execuções impecáveis de Dak Prescott – terceiro quarterback com mais jardas passadas nesta temporada. A defesa é uma unidade sólida e subestimada, aliás. Olho em Dallas, é uma equipe pra lá de calibrada no momento.

4- Los Angeles Rams +2 (2-0): A ausência de Cooper Kupp pode ter sido a falta esquemática que colocou um freio de mão nos Rams ao final da temporada passada. Ainda tenho minhas ressalvas com Goff: ele é como um câmbio automático. Por vezes é confiável, mas ao menor sinal de problema a manutenção é cara até não poder mais. Falando nisso, a manutenção com Todd Gurley parece em dia: 20 toques na bola, no máximo.

5- Green Bay Packers +4 (2-0): O outro líder isolado de uma divisão da Conferência Nacional. Quem diria que a defesa seria o destaque de Green Bay em vez de um ataque comandado por Aaron Rodgers, né? Mas vem sendo o caso. A unidade ofensiva até começou bem a partida mas contra-ajustes dos Vikings limitaram o poder ofensivo (como fora com os Bears). Não vou me estender muito no assunto, o Deivis falou bastante sobre aqui.

6- Baltimore Ravens +3 (2-0): Lamar Jackson é candidato a MVP? Sim, pô. Claro, Patrick Mahomes está na primeira prateleira, mas é indubitável que Lamar elevou seu jogo em relação ao ano passado. Antes que alguém diga, não estou falando por números, passes completos, nada. Meu ponto é a mecânica mais refinada, a base menos estreita ao passar a bola… Isso independe do adversário. Ainda, a defesa não pareceu sentir as ausências no box – e Earl Thomas está jogando como esperávamos.

7- Seattle Seahawks +3 (2-0): Setembro costuma ser um mês de inferno astral para o Seattle Seahawks de Pete Carroll. Ao menos era assim até o ano passado. Quem mais sofria? O ataque. Jogos com poucos pontos eram uma tendência, aliás. Para você ter ideia, foi apenas o segundo 2-0 da Era Carroll (2010-hoje). O mais bem pago jogador da NFL, Russell Wilson, foi bem, obrigado – mais um jogo aéreo assim e podemos entender que a comissão técnica vai reduzir aquela tara com o jogo terrestre. Do lado defensivo, certa preocupação: contando ano passado são cinco jogos seguidos com pelo menos 20 pontos cedidos.

8- San Francisco 49ers +2 (2-0): Finalmente um bom jogo na Era Shanahan/Garoppolo! O ataque pareceu com aquele que esperávamos quando a dupla foi formada, aliás. Movimentações antes do snap, running backs aparecendo bem em cima dos bloqueios em zona e doses cavalares de play action. Vamos ver se isso se sustenta nas próximas semanas.

9- Philadelphia Eagles -2 (1-1): Podemos dar um desconto para a derrota dos Eagles porque metade do ataque estava machucado. DeSean Jackson e Alshon Jeffery não jogaram. Carson Wentz não estava inteiro. Contudo, sem passar muito pano aqui: a defesa pressionou Matt Ryan menos do que deveria e a secundária fez um péssimo trabalho. Seria excelente se o time conseguisse Jalen Ramsey a um preço justo.

10- Minnesota Vikings -5 (1-1): Kirk Cousins não merece um contrato 100% garantido e menos ainda merece o elenco que tem ao seu lado.

Saíram do Ranking: Tennessee Titans, New Orleans Saints
Menções honrosas: Chicago Bears, Houston Texans, Indianapolis Colts, Tennessee Titans, New Orleans Saints
Top 5 do Draft 2020: Miami Dolphins, New York Giants, Arizona Cardinals, Cincinnati Bengals, Washington Redskins. 



“fantasy"

Sobe/Desce:

Sobe: Lamar Jackson. Sim, eu sei que estou sendo repetitivo, mas gostaria de passar outras informações sobre Lamar e sua evolução. No ano passado, Jackson teve 38,5% de passes completos quando lançava para mais de 15 jardas. Neste? 57,1%. Por mais que as duas defesas enfrentadas não sejam aquela maravilha, é uma melhora significativa num aspecto de seu jogo que deixava bastante a desejar. Indubitavelmente um novo jogador. Parabéns Greg Roman, aliás, que fez um ótimo trabalho com Colin Kaepernick em 2012 e agora faz o mesmo nos Ravens como coordenador ofensivo.

Desce: 9 turnovers em último quarto desde 2018, ninguém tem mais. Quem? Você sabe. Reflita e releia a coluna. Se vocês não descobrirem na semana que vem eu conto, porque ele vai pipocar de novo.

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