Keenum dá aos Broncos a oportunidade de vencer

[dropcap size=big]T[/dropcap]er um quarterback, mesmo que ele não seja de elite, faz um diferença fenomenal na NFL.

Quando uso a expressão “ter um quarterback”, obviamente não posso interpretado literalmente, afinal todo time tem alguém que grite “set, hut”, faça o handoff ou lance a bola. Me refiro, sim, a ter um jogador com a qualidade mínima para fazer leituras, executar passes com qualidade razoável, entender um posicionamento que indique uma blitz e fazer uma mudança na linha de scrimmage.

Não, você não precisa ter um Tom Brady ou Aaron Rodgers (0 que, claro, facilita) para ter um bom time. Você pode sobreviver com um Alex Smith, Matthew Stafford ou Jimmy Garoppolo por temporadas e ser competitivo: basta ter boas peças ao seu redor e planos de jogo coerentes, que saibam minimizar suas limitações e maximizar suas qualidades. Com uma pitada de sorte tudo se encaixa e, além de competitivo, você pode alçar vôos mais altos. Ou alguém vai me dizer que esperava ver Nick Foles vencer um Super Bowl?

Um exemplo claro está bem a nossa frente após duas semanas de NFL. O Denver Broncos só tem duas vitórias na temporada graças a Case Keenum. Isso mesmo: Case Keenum foi peça essencial nas duas vitórias por menos de uma posse de bola que a equipe teve contra Seattle Seahawks e Oakland Raiders. Estatisticamente falando, suas performances não tem nada de esplendorosas: são 44 passes certos em 74 tentados (59,5%), com três touchdowns e quatro interceptações, além de um touchdown correndo; todas as quatro interceptações merecem estar em sua conta, pois em nenhuma ele esteve pressionado. Foram erros seus e ponto.

Você deve estar então se questionando: por qual motivo eu falo que Keenum é o grande responsável pelos Broncos terem duas vitórias na temporada? Não seria mais justo dizer que a defesa que fez seu trabalho como a tanto tempo faz? Ou, até mesmo, glorificar o kicker Brandon McManus, que acertou o chute faltando seis segundos para virar o jogo contra os Raiders? Explico: o motivo que Keenum é tão responsável pelas vitórias é que ele deu aos Broncos a oportunidade de vencer os jogos. Num time que nos dois últimos anos sofreu as mazelas de ter atrás do center um revezamento entre Trevor Siemian, Paxton Lynch e Brock (ughhh) Osweiler, isso parecia impossível.

Sendo bem franco: alguém imagina algum destes três citados virando duas vezes contra os Seahawks na semana passada? Keenum fez isso, quando tinha três interceptações já na conta. Manteve o time lutando, movendo as correntes e colocou seis pontos num passe no canto da end zone numa janela apertada. Num universo paralelo, veríamos Brock Osweiler interceptado por colocar o passe no ombro de dentro do defensor, ou seja, a milhas do local ideal. Trevor Siemian já teria lançado para seu running back e o passe seria de uma jarda, o que acabaria matando a campanha e os Broncos sairiam com um field goal que não adiantaria de nada. Paxton Lynch teria feito a primeira leitura da jogada (errada, como sempre), se desesperado, corrido e sofrido um fumble.

Neste domingo, os Broncos foram para o vestiário no intervalo perdendo por 12 a 0. O ataque tinha conseguido apenas dois first downs e foi dominado no primeiro tempo, e Keenum tinha cinco passes completos de dez tentados, para 25 jardas e uma interceptação. Faltando 13 minutos para o fim do jogo, Denver estava atrás por duas posses. Keenum levou o time até a porta da end zone e numa quarta para uma jarda na goal line, correu uma quarterback draw que deixou o time vivo. A confiança da comissão técnica surpreendeu e ele se jogou na end zone para o touchdown.

A derradeira chance viria faltando 1:58 para o fim do jogo, sem tempos para pedir e precisando posicionar o time para um field goal da vitória. A bola estava na linha de 20 do campo de defesa. De cara, um holding faz o time recuar e perder dez jardas. No entanto, Keenum foi lá e converteu. E converteu mais uma descida, e logo depois mais outra. Sem falhas? Não mesmo. Houve um passe errado aqui, uma bola que poderia ter sido melhor colocada acolá e assim por diante. Mas os Broncos seguiram marchando e tendo a chance da vitória, e o motivo é que Keenum os fez marchar, seja passando para as laterais ou queimando uma blitz.

É claro que o jogo corrido foi fundamental, a linha ofensiva fazia seu trabalho com qualidade, os recebedores melhoraram no decorrer do jogo, e a defesa também fez o que precisava no último período. Mas entendam: se não houvesse um quarterback com o mínimo de qualidade para a NFL, este jogo terminaria antes. Se qualquer um dos três anteriormente citados estivesse em campo, afirmo sem medo nenhum que os Broncos teriam perdido este jogo -e, possivelmente, o da semana anterior também.

Faltando seis segundos, lá estava a bola posicionada para Brandon McManus, na linha de 18 do campo de ataque. Foram 72 jardas em 1:51 minutos, sem timeouts. McManus chutou, converteu e Denver venceu por um ponto, 20 a 19. Keenum terminou o jogo com 19 acertos em 35 passes e 222 jardas. Nenhum touchdown passado e uma interceptação, com um touchdown corrido.

Genial? Longe disso. Haverão jogos que ele não conseguirá virar como hoje? Sim. Mesmo assim, fica claro que ele é um upgrade gigantesco em relação aos quarterbacks que vinham passando por Denver. Case Keenum dá aos Broncos a chance de vencer jogos. Dá a esperança de algo melhor que as mazelas dos anos anteriores.

É cedo para dizer até onde esse time pode ir, mas uma coisa sabemos: Para ir a qualquer lugar na NFL é necessário ter um quarterback de verdade. E isso, depois de muito sofrer, o Denver Broncos reencontrou em Case Keenum.

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