É claro que não se pode afirmar com toda a certeza quais times tiveram boas ou más classes de Draft sem termos consciência da produção dos jogadores em campo – ou seja, só poderemos ter tal certeza em alguns anos. No entanto, avaliações pré-Draft são feitas ao longo de vários meses e, quando chega a hora de realmente selecionar jogadores, elas podem diferir de pessoa para pessoa.
Ao mesmo tempo, também é verdade que, enquanto tais análises podem diferir, o talento de alguns jogadores é inegável, e quando se pode pegar um jogador de talento maior do que sua escolha pode sugerir, é o que denominamos steal – ou barganha, em português. Todo Draft tem as suas, assim como todo Draft tem o que chamamos de reach – quando uma equipe seleciona um jogador com talento menor do que sua posição no Draft sugere.
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Se neste texto separamos 20 barganhas do Draft 2019, no de hoje apontaremos 18 escolhas que foram reaches, ou seja, jogadores que saíram antes do que seu talento sugeriria. Muitas das vezes, isso acontecer por conta da necessidade de uma equipe suprir uma carência em posição específica, o que muitas vezes ocasiona escolhas não tão boas assim. Quanto mais cedo o time gastou uma escolha num reach, pior. Esses foram os maiores do Draft 2019:
#4 Oakland Raiders – Clelin Ferrell, EDGE, Clemson
Big Board do On The Clock: #14
Por maior que seja meu amor por Clelin Ferrell – e acredite, meu amor por ele é bem grande -, a escolha dele dentro do top 5 foi um completo choque, já que haviam EDGEs melhores disponíveis para seleção mesmo após Nick Bosa ter saído na segunda escolha para os 49ers. Lembremos que Gruden e Mayock dispensaram seus scouts uma semana antes do Draft pois, supostamente, não queriam o vazamento de uma “surpresa”. Essa surpresa foi Ferrell.
Ferrell é indubitavelmente um grande jogador, com um arsenal de movimentos de pass rush impressionante e com atleticismo ideais para um jogador da posição. Ainda assim, nomes como Josh Allen, Montez Sweat e até Brian Burns são EDGEs de maior qualidade na classe, em minha opinião. Se Ferrell tivesse sido escolhido com alguma das escolhas de final de primeira rodada dos Raiders, ótimo. Dentro do top 5, no-no.
#6 New York Giants – Daniel Jones, QB, Duke
Big Board do On The Clock: #65
O Draft já se passou há alguns dias e eu ainda não acredito que Daniel Jones foi a pick dos Giants na sexta escolha geral. Mesmo.
https://twitter.com/henrique_bulio/status/1121579990456438795
Vamos ser diretos aqui: Jones não tem um teto tão alto que lhe possibilite desenvolver a ponto de justificar a escolha extremamente arriscada de Gettleman, seu braço não consegue gerar força de forma consistente e, apesar de mecânicas refinadas, ele certamente não era digno de uma escolha de primeira rodada – imagine então uma escolha dentro do top 10. Tanto Haskins quanto Lock eram quarterbacks melhores e estavam disponíveis (Lock também seria uma escolha horrível aqui, diga-se), mas o general manager do lado azul de New York achou por bem tomar um risco imenso aqui. Não acho que ele valerá a pena daqui a alguns anos.
#8 Detroit Lions – TJ Hockenson, TE, Iowa
Big Board do On The Clock: #23
Assim como no caso de Ferrell, acho Hockenson bastante talentoso, mas o valor é injustificável. Os Lions também selecionaram um tight end no top 10 do Draft há cinco anos e, como sabemos, o resultado foi desastroso para Detroit. Com o time tendo uma lista razoável de necessidades, faria sentido investir numa posição cuja importância em campo é maior – um jogador de linha defensiva, por exemplo. Para Hockenson se transformar numa escolha que ‘deu certo’, digamos assim, ele terá de adentrar a elite da posição. Isso não é assim tão fácil.
#12 Green Bay Packers – Rashan Gary, DL, Michigan
Big Board do On The Clock: #35
Rashan Gary apresenta uma versatilidade bastante interessante, mas a produção dele não é justificável de uma seleção na escolha 12: ser acima da média é uma coisa, ser digno de uma escolha de primeira metade é outra. Gary é bom-mas-não-ótimo em pass rush, fazendo melhor o estilo run stopper e acredita-se que sua função na linha defensiva dos Packers residirá em atuar por dentro. Ao mesmo tempo, por melhor que seja sua atuação como iDL, ainda se pode discutir se Gary era mesmo digno de onde Green Bay o buscou – e o time nem mesmo possuía grande necessidade na linha, dado o investimento em diversos pass rushers na free agency aliado a presença do ótimo Mike Daniels por dentro.
#14 Atlanta Falcons – Chris Lindstrom, iOL, Boston College
Big Board do On The Clock: #59
Eu entendo o ponto dos Falcons precisarem de ajuda no interior da linha ofensiva, mas essa foi uma pick beeeem ruim se considerarmos o valor e o talento de Lindstrom. Para Atlanta, que dentre as pouquíssimas deficiências do elenco precisava de reforços na posição de guard, a utilização de uma escolha de meio de primeira rodada em um jogador que estava cotado para sair no final da segunda é bastante estranha: Lindstrom tem dificuldades em bloquear para o passe e seu atleticismo não é assim tão impressionante.
#17 New York Giants – Dexter Lawrence, iDL, Clemson
Big Board do On The Clock: #64
Se a escolha de Daniel Jones já foi péssima, a de Lawrence também não foi uma das melhores. Parte da excelente linha defensiva de Clemson nos últimos dois anos, as avaliações sobre o jogador diferiam: alguns tinham-no como material de final de primeira rodada, outros já viam Lawrence como um produto de terceira. O consenso geral: a escolha 17 foi muito cedo para um jogador cujas capacidades de atacar o quarterback não estão dentre suas fortalezas, o que provavelmente fará do mesmo um jogador de linha defensiva que estará em campo apenas nas duas primeiras descidas. Havia melhor uso dessa (e da escolha 6) para os Giants, embora há de se notar que o restante do Draft da equipe foi muito bom.
#21 Green Bay Packers – Darnell Savage Jr., S, Maryland
Big Board do On The Clock: #81
Savage possivelmente assumirá a titularidade a partir do momento em que pisar em Green Bay junto de Adrian Amos, e após três temporadas como titular em Maryland, ele tem experiência necessária para tal. O grande problema com essa escolha é que certamente haviam jogadores de teto maior na posição – a maioria dos analistas viam Savage Jr. como um produto de segundo dia. Como seu atleticismo não é de elite, sofrerá na marcação de recebedores mais avantajados fisicamente quando estiver em cobertura para o passe, principalmente tight ends.
#27 Oakland Raiders – Johnathan Abram, S, Mississippi State
Big Board do On The Clock: #123
Se a escolha de Darnell Savage Jr. não foi das melhores, a de Johnathan Abram é ainda mais questionável. Primeiro, os Raiders também gastaram uma escolha de primeira rodada num safety não há muito tempo: Karl Joseph ainda está no elenco e, ok, foi um produto do regime antigo, mas ainda é o tipo de jogador que não se pode jogar fora. Segundo, porque Abram está muito longe de ser um talento de primeira rodada: ele não adiciona tanto talento para parar o jogo corrido do adversário e seu atleticismo não é dos mais avantajados.
#29 Seattle Seahawks – L.J. Collier, EDGE, TCU
Big Board do On The Clock: #137
Nada de discursos como “ele é versátil, pode jogar por toda a linha” ou “ele é um fit para a linha defensiva dos Seahawks”: existe um certo nível de talento que se espera de um jogador de primeira rodada, e certamente Collier não era um prospecto que se encaixa nesse nível. Ele se encaixará como um bom jogador de rotação no sistema 4-3 de Seattle, mas sua falta de explosão e seu atleticismo limitado farão com que ele não se desenvolva numa grande estrela da posição.
#31 Atlanta Falcons – Kaleb McGary, OT, Washington
Big Board do On The Clock: #121
A primeira escolha dos Falcons foi de um jogador de linha ofensiva que saiu bastante acima do que seu talento lhe projetaria, e a mesmíssima situação aconteceu na pick 31. A cotação de McGary ganhou alguma tração perto do Draft por conta de suas medidas, mas uma análise mais específica nos mostrava que sua técnica ainda precisa de algum refinamento. É bastante provável que ele assuma a condição de right tackle de Atlanta desde o primeiro dia, dada a dispensa de Ryan Schraeder em março; seria melhor que ele pudesse passar algum tempo longe dos gramados em sua primeira temporada, para apurar seus fundamentos.
#39 Tampa Bay Buccaneers – Sean Murphy-Bunting, CB, Central Michigan
Big Board do On The Clock: não está presente
Se você leu esse nome e pensou ‘quem?’, você muito provavelmente não está sozinho. Como se pode ver, Murphy-Bunting é o primeiro jogador dessa lista que não está presente na big board do On The Clock; Deivis e Felipe analisaram 200 prospectos e Murphy-Bunting não foi um deles, o que lhe dá uma ideia do quão surpreendente foi a escolha. Ele é um cornerback de bastante atleticismo e que foi titular nos últimos dois anos por Central Michigan, e que chamou a atenção de Tampa Bay após uma grande exibição contra Michigan State, mas foi um ótimo atleticismo demonstrado no Combine que elevou sua cotação.
#43 Detroit Lions – Jahlani Tavai, LB, Hawaii
Big Board do On The Clock: não está presente
Tavai era um prospecto bastante cotado para o terceiro dia, chamando a atenção no Hawaii por ser uma máquina de tackles e um jogador bastante inteligente – embora atleticismo esteja longe de ser seu ponto forte. Nem mesmo um bom desempenho nos testes físicos pode justificar o risco que os Lions assumiram, já que seu pro day foi bastante mediano e Tavai sofreu com uma lesão no ombro no seu último ano na faculdade. Para um jogador cuja cotação se localizava entre a quinta e a sexta rodada, a escolha de Detroit merece diversos questionamentos.
#45 New England Patriots – Joejuan Williams, CB, Vanderbilt
Big Board do On The Clock: #115
Ainda que ele tenha tido uma subida repentina no final do processo, as razões para ficar animado com a escolha de Joejuan Williams tão cedo não são assim tão grandes. Ele possui ótima altura para a posição, mas sua velocidade é um ponto que deixa bastante a desejar – os péssimos tempos no 40 yard dash do Combine mostram isso com maior clareza. Essa falta de velocidade impede que possa atuar em cobertura homem-a-homem sem ajuda de um safety no topo, o que diminui bastante seu valor e transforma essa numa escolha não tão valiosa.
#47 Seattle Seahawks – Marquise Blair, S, Utah
Big Board do On The Clock: #97
Os Seahawks precisavam de adereçar a posição de free safety após a saída de Earl Thomas, ok, mas essa escolha é questionável. Blair ainda não é um jogador tecnicamente polido: ele possui bom atleticismo e é inteligente, mas sua técnica de tackles é ruim, não é um defensor conhecido por forçar turnovers e ainda é um projeto, que embora tenha um teto relativamente alto é só isso: um projeto. Ele não vai ser útil desde o primeiro dia.
#49 Indianapolis Colts – Ben Banogu, LB, TCU
Big Board do On The Clock: não está presente
As avaliações sobre Ben Banogu são variadas: alguns viam-no como um prospecto que não deveria sair antes do terceiro dia, outros achavam justo que alguma equipe pudesse usar uma escolha de segundo dia dadas suas ótimas medidas. Fico com o primeiro grupo, que não consegue ver muita qualidade no jogador. Ele apresentou boas medidas no Combine, mas tecnicamente ele não é desenvolvido e sua falta de força será um grande limitante ao longo de sua carreira. Dentro do top 50 foi definitivamente um reach.
#52 Cincinnati Bengals – Drew Sample, TE, Washington
Big Board do On The Clock: não está presente
Sample é um jogador que não apresentou muito em termos de produção recebendo a bola saindo de Washington e que tem como sua maior qualidade sua ajuda no jogo terrestre – mas você tem de se perguntar o valor de um tight end bloqueador no meio da segunda rodada. Além disso, há de se perguntar se Cincinnati não podia ter adquirido o jogador com alguma escolha posterior, já que seu valor apontava uma seleção no meio do terceiro dia do Draft e é difícil encontrar algum time que estivesse tão interessado quanto os Bengals.
#55 Houston Texans – Max Scharping, OT, Northern Illinois
Big Board do On The Clock: #168
A necessidade de offensive tackle era tão grande que os Texans utilizaram escolhas de primeira e segunda rodada em jogadores da posição; o movimento foi bom, os jogadores é que são discutíveis. Como eu possuo nenhum game film de Tytus Howard – e, consequentemente, não tenho como avaliar o jogador -, não o coloquei na lista por não ser passível de análise; no caso de Scharping, todavia, é uma história completamente diferente: ele tem experiência por ser titular em Northern Illinois durante seus quatro anos na universidade e possui boas medidas, mas sua capacidade de bloqueio não é das mais impressionantes e sua velocidade não chama a atenção.
#56 Kansas City Chiefs – Mecole Hardman, WR, Georgia
Big Board do On The Clock: não está presente
Como um torcedor de Georgia, essa escolha me surpreendeu bastante por conhecer Hardman mais à fundo. Ele é bastante rápido e provavelmente chamou a atenção das equipes da liga após um 4.33 no 40 yard dash do Combine e seu background em provas rápidas de atletismo ajudam-no; apesar disso, não vejo em Mecole um jogador capaz de oferecer muito como recebedor além de passes verticais – e por mais que os Chiefs estejam ainda apurando a situação de Tyreek Hill, Hardman não seria a minha opção favorita para substituí-lo. As conversas apontam que outros times selecionariam o jogador no fim da segunda rodada e por conta disso Kansas City teve de subir para adquiri-lo.
Bônus: #110 San Francisco 49ers – Mitch Wishnowsky, P, Utah
Big Board do On The Clock: duh.
Os 49ers draftaram um punter de 27 anos na quarta rodada. É tudo que precisamos dizer.
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