Oficialmente encerrada, a temporada de 2020 da NFL foi a mais incomum de que se têm lembrança, com a ausência da pré-temporada, pouca (ou nenhuma) torcida na maioria dos estádios, jogadores abdicando de participar da temporada e várias mudanças na tabela por conta da pandemia de COVID-19 – talvez a única coisa comum de 2020 seja o fato de Tom Brady conquistar mais um Super Bowl. Hoje, relembramos 20 momentos importantes que marcaram a temporada de 2020.
1. Acabou a Dinastia
O primeiro marco da temporada 2020 veio antes mesmo da abertura do ‘ano novo’ da NFL: Tom Brady confirmou que não renovaria seu contrato com o New England Patriots e se tornaria pela primeira vez em sua longínqua carreira um agente livre, podendo assinar com qualquer equipe no mercado. O fim oficial da Dinastia Patriota chegou depois de seis títulos de Super Bowl e de quase duas décadas ininterruptas de conquistas da AFC East. Apesar das especulações que o ligavam a diversas equipes, apenas duas de fato mostraram interesse concreto no jogador: Los Angeles Chargers e Tampa Bay Buccaneers. Brady assinou com o segundo num contrato de dois anos e 50 milhões de dólares.
2. A assinatura do novo CBA
Um marco importante muito antes do início da temporada foi a assinatura do novo acordo coletivo de trabalho (CBA, na sigla em inglês), que evitou um possível cenário de lockout semelhante ao ocorrido de 2011 e praticamente garantiu que a liga não sofrerá com greves ou paralisações até, no mínimo, 2030. Dentre os novos termos acordados, a expansão da temporada regular para 17 jogos – que deve ocorrer nos próximos anos – e a expansão dos playoffs para 7 times por conferência, como já visto em 2020, estavam em destaque.
3. Draft virtual
O primeiro grande reflexo da COVID-19 na NFL aconteceu no final do mês de abril, quando o Draft de 2020 foi realizado de forma inteiramente virtual, com as organizações se reunindo por videoconferência e com o comissário Roger Goodell anunciando as escolhas de cada equipe a partir de sua casa em New York. Não tivemos os famosos momentos com torcedores vaiando as escolhas ou os calouros chegando ao palco para receber a jersey das mãos de Goodell.
4. Reflexos diretos da pandemia
Ao passo que a temporada se aproximava, ficavam ainda mais evidentes os problemas que as equipes teriam de enfrentar para que os jogos pudessem acontecer em setembro. Os tradicionais programas de intertemporada, como os minicamps de calouros e as atividades não-obrigatórias, foram todas realizadas de forma virtual; posteriormente, a NFL anunciou o cancelamento completo da pré-temporada. A liga e a associação de jogadores montaram um plano seguindo protocolos de segurança para que os times pudessem realizar os training camps e se prepararem para a temporada.
5. A brutal semana 2
A segunda semana da temporada veio com custos gigantes em termos de saúde, com um número alto de estrelas sofrendo lesões graves que afetariam o ano de suas equipes. O San Francisco 49ers foi quem mais sofreu, já que, durante a vitória contra o New York Jets na semana 2, viu Nick Bosa romper o ligamento do joelho, Raheem Mostert também sofrer lesão no joelho – embora menos grave – e Jimmy Garoppolo machucar seu tornozelo, o que lhe causaria problemas no restante de 2020. Outros jogadores importantes que se machucaram naquela semana foram Saquon Barkley, Christian McCaffrey, Malik Hooker, Courtland Sutton e Drew Lock.
6. Adeus, O’Brien
A primeira demissão de treinador em 2020 foi surpreendente. Não que Bill O’Brien não merecesse depois do tenebroso trabalho feito na gestão do elenco do Houston Texans, só que ele adquiriu tanto poder ao longo dos últimos anos, especialmente em brigas com pessoas dentro da organização, que seu reinado não parecia ameaçado mesmo com um início 0-4. Tudo isso mudou em 5 de outubro, quando os Texans anunciaram que O’Brien foi demitido e que Romeo Crennel assumiria o time de forma interina até o final do ano. Como sabemos, esse seria apenas a ponta do iceberg dos problemas em Houston.
7. Surto em Tennessee
Não é exagero dizer que a semana 4 foi a mais importante da temporada regular de 2020. O primeiro surto dentro de uma equipe aconteceu em Tennessee – e é bem verdade que os Titans têm sua parcela de culpa nisso – e representou o primeiro grande desafio para a liga sobre como lidar com vários casos positivos dentro de uma equipe. Por sorte, tudo deu certo, não antes sem uma grande mudança no calendário de várias equipes: a semana 4 essencialmente virou a semana de folga dos Titans, com o jogo marcado contra o Pittsburgh Steelers sendo transferido para a semana 7.
8. Alex Smith de volta
Com a lesão de Kyle Allen na semana 5, um momento mais do que especial aconteceu enquanto o Time de Washington enfrentava o Los Angeles Rams: Alex Smith voltou a atuar numa partida de NFL dois anos depois de sua grave lesão contra o Houston Texans, que acabou resultando numa grave infecção e em 17 (!) cirurgias em sua perna. Não foi uma grande atuação, é claro: ele estava completamente enferrujado e os Rams venceram aquela partida facilmente. Mesmo assim, foi mágico ver Smith em campo pela primeira vez depois de tantos problemas de saúde – o documentário Project 11, da ESPN, retrata muito bem seu longo e árduo processo de recuperação.
9. Down Goes Dak
Na mesma semana 5, tragédia atingiu a NFC East: Dak Prescott sofreu uma lesão grave no tornozelo durante um confronto divisional contra o New York Giants e não voltou a jogar pelo restante da temporada – a partir dali o ano dos Cowboys foi ladeira abaixo. A lesão veio no pior momento possível para a carreira de Prescott, já que ele jogava sob a franchise tag e um bom ano de 2020 era essencial para provar seu valor para Jerry Jones – ou para outra equipe.
10. Hail Murray
O Arizona Cardinals vinha embalado na briga por uma das vagas de wild card na NFC e o jogo contra o Buffalo Bills foi um dos melhores de toda a temporada regular. Os Cardinals perdiam por 14 pontos no terceiro quarto e, depois de um comeback impressionante no segundo tempo, permitiram um touchdown dos Bills restando 30 segundos para o fim da partida, o que deu a liderança aos visitantes. Na última jogada da partida, Kyler Murray conectou uma hail mary com DeAndre Hopkins, marcado por três defensores adversários, na end zone, dando a vitória aos donos da casa por 32 a 30 no estouro do cronômetro. A jogada foi apelidada de Hail Murray.
11. Irresponsabilidade em Denver
Na semana 12, o quarterback Jeff Driskel, do Denver Broncos, testou positivo para a COVID-19. Isso não seria um grande problema já que o restante do time testou negativo; quer dizer, não seria se o restante dos quarterbacks da equipe não tivessem desrespeitado o protocolo que exigia uso de máscaras enquanto dentro do centro de treinamento. Como resultado, a NFL determinou que Drew Lock (titular), Blake Bortles e Brett Rypien eram “contatos próximos” e, portanto, não poderiam jogar na semana 12, essencialmente deixando os Broncos sem um quarterback disponível para a partida. A equipe do Colorado precisou utilizar Kendall Hinton, um recebedor do practice squad que foi quarterback no College, ao longo da partida. Evidentemente, Hinton foi um desastre (não por culpa dele, sempre bom reforçar) e Denver perdeu por 31 a 3.
12. Cai o último invicto
Tudo corria bem na temporada do Pittsburgh Steelers, invicto até a semana 13, quando o time recebeu Washington num jogo que teve sua data modificada por conta do surto de COVID-19 no Baltimore Ravens, adversário dos Steelers na semana anterior. Washington, que naquele momento só tinha vencido 4 partidas na temporada, chocou o mundo ao derrubar o último invicto de 2020, marcando 13 pontos consecutivos no último quarto para garantir a zebra em Pittsburgh. Com o resultado, o New England Patriots de 2007 permaneceu como o único time a vencer 16 jogos na temporada regular, e o Miami Dolphins de 1972 permaneceu o único campeão invicto na história da liga.
13. Implosão em Philadelphia
2020 nos deu muitos eventos estranhos e incomuns fora de campo. Dentro dele, talvez nada tenha sido mais surpreendente do que a queda de produção de Carson Wentz em 2020, sendo efetivamente o pior quarterback titular em toda a NFL. Doug Pederson demorou a tomar a decisão de colocar Wentz no banco e dar uma chance ao calouro Jalen Hurts, porém, não havia qualquer outra alternativa perto do fim do ano e, na semana 14, Hurts foi o titular contra o New Orleans Saints. Curiosamente, os Eagles venceram aquela partida por 24 a 21. Depois de ficar insatisfeito com a decisão e brigar com a organização, tudo indica que Wentz deve ser trocado ainda em fevereiro.
14. Jets estragam plano Lawrence
Com 13 derrotas nos 13 primeiros jogos e o fim da era Adam Gase se aproximando, a única coisa boa da temporada do New York Jets era o fato de que o time estava em posição para selecionar Trevor Lawrence no Draft, o quarterback de Clemson que é um dos melhores prospectos dos últimos anos. Só que, na semana 15, o time venceu o Los Angeles Rams, forte candidato aos playoffs na Conferência Nacional, no SoFi Stadium, pulando para a segunda posição na ordem de escolhas. É claro que os jogadores sempre irão se esforçar para vencer uma partida, no entanto, essa vitória custou aos Jets a chance de escolher o queridinho de todos os analistas de Draft e mudar a trajetória atual da franquia.
15. AFC East tem novo dono
Na mesma semana 15, a AFC East viu seu primeiro campeão não-chamado New England Patriots desde 2008 quando o Buffalo Bills venceu o Denver Broncos e assegurou o título da divisão, o primeiro da organização desde 1995. O jogo seguinte foi a consagração definitiva da temporada da equipe, com os Bills dominando os Patriots por 38 a 9 num Monday Night Football em Foxborough; ainda, na semana 17, a vitória sobre o Miami Dolphins tirou os rivais de divisão na briga pelos playoffs como wild card.
16. Cleveland entra na festa
Nenhum time estava há mais tempo longe dos playoffs do que o Cleveland Browns, que não disputava um jogo de mata-mata desde 2002. O time venceu um mistão do Pittsburgh Steelers na semana 17 e conseguiu quebrar essa sequência indigesta, enfrentando no wild card justamente… o Pittsburgh Steelers. Na maior zebra da primeira rodada, os Browns dominaram o jogo desde o primeiro quarto, que terminou 28-0 para Cleveland, e avançaram para a Semifinal de Conferência, quando sucumbiram frente ao Kansas City Chiefs.
17. A vingança de Baltimore
Ainda na Conferência Americana, vimos surgir nos últimos dois anos uma rivalidade considerável entre Baltimore Ravens e Tennessee Titans, até mesmo com uma briga entre John Harbaugh e Mike Vrabel antes do jogo entre as duas equipes na temporada regular. Apesar de um clima mais ameno no wild card, os Ravens não esqueceram de quando os Titans dançaram sobre o logo da equipe em Baltimore e, com a interceptação de Marcus Peters no fim do jogo que praticamente selou a vitória dos visitantes no wild card, repetiram a dose, com quase todo o elenco dançando sobre o logo de Tennessee para comemorar a vitória.
18. Aposentadoria de Brees
Na temporada regular, o New Orleans Saints teve forte dominância sobre o Tampa Bay Buccaneers, encapsulada principalmente com a vitória por 38 a 3 no Sunday Night Football onde Brady lançou três interceptações. Já nos playoffs, a história foi diferente: foi Brees quem lançou três interceptações e os Buccaneers, pegando fogo na metade final da temporada, tiveram sua vingança sobre os rivais divisionais e avançaram para as finais da NFC. Tudo indica que Brees anunciará sua aposentadoria nas próximas semanas.
19. Goat contra Baby Goat
Brady, Rodgers, Mahomes, Allen. Não haveria outro jeito das Finais de Conferência envolverem um grupo melhor de quarterbacks em 2020, e foi justamente o que aconteceu. Na NFC, os Buccaneers surpreenderam os Packers com uma vitória por 31 a 26 e avançaram até o Super Bowl, enquanto que os Chiefs tiveram maior facilidade para bater os Bills por 38 a 24 e avançarem para a segunda final consecutiva. O confronto Brady vs. Mahomes formava a narrativa perfeita para finalizar a temporada – o Curti definiu perfeitamente com Goat vs. Baby Goat.
20. Brady, o maior de todos
Por fim, foi Brady quem solidificou ainda mais seu status como o maior jogador da história do futebol americano, lançando três touchdowns ainda no primeiro tempo e liderando Tampa Bay ao segundo título da franquia, o sétimo da carreira do quarterback. Os Buccaneers se tornaram o primeiro time da história a disputar o Super Bowl em sua própria casa e o final foi mais do que perfeito para a organização, que agora espera repetir o feito em 2021 – Brady e Bruce Arians já anunciaram que estarão de volta para buscar mais um anel.
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