Se você dissesse para um torcedor do New England Patriots que 2020 seria um ano de grandes aspirações, ele provavelmente não acreditaria. O fim da era Tom Brady e a presença de nomes importantes entre aqueles que deram opt-out da temporada, como Dont’a Hightower e Patrick Chung, colocaram a campanha da equipe sob muita incerteza. A chegada de Cam Newton até empolgou o fã patriota, mas, naquele momento, pouco se sabia da condição física do quarterback.
Ao fim da terceira semana da temporada, todas as preocupações caíram por terra. Os Patriots venceram dois de seus confrontos – e não bateram o Seattle Seahawks por uma jarda – Cam Newton se adaptou muito bem ao ataque de Josh McDaniels e a defesa, se não mais estelar, continua aparecendo nos momentos importantes.
Mais uma vez, Bill Belichick consegue fazer seu time superar os problemas e permanecer na briga, mesmo quando todos os ventos apontavam para a direção contrária. Em uma temporada atípica e recheada de dúvidas, os Patriots se reinventaram e continuam competitivos, se mostrando cada vez mais capazes de dar trabalho para qualquer equipe na AFC.
Comissão técnica ainda mais fundamental
Já não é de hoje que falamos o quanto uma boa comissão técnica faz diferença na NFL. Seja com o exemplo do próprio Belichick ou com a jovem relação de Patrick Mahomes e Andy Reid, um treinador/coordenador acima da média é a diferença entre uma temporada frustrada ou acima das expectativas – e, especificamente em 2020, isso se tornou ainda mais evidente.
A pandemia trouxe inúmeros problemas e a falta de um período maior de treinos se mostrou como um dos maiores deles: as defesas apresentam erros básicos e ataques novos não conseguem se encaixar. Nesse contexto, a dupla Belichick/McDaniels vem dando uma aula e mantendo a equipe forte mesmo com todas as mudanças.
O ataque foi completamente reformulado e, ainda assim, apresenta ótimas atuações. A defesa perdeu alguns de seus líderes e, da mesma forma, segue bem quando é exigida. Enquanto equipes como Houston Texans e Atlanta Falcons dão passos para trás por conta das decisões extracampo, os Patriots permanecem competitivos devido à sua comissão técnica, a qual evitou que o time precisasse passar por uma reconstrução.
A adaptabilidade do plano de jogo
Essa palavra pode até parecer estranha e com um quê de Tite, porém, sua importância no sucesso de New England é altíssima. Se tem algo que a franquia sabe fazer bem – e, novamente, os louros vêm da comissão técnica – é se adaptar perfeitamente a cada adversário enfrentado. A preparação do plano de jogo a cada semana é ímpar e os Patriots se moldam muito bem às melhores características que seus oponentes apresentam, tornando cada duelo disputado, mesmo que a diferença de talento seja grande.
Contra o Las Vegas Raiders, por exemplo, Belichick identificou que a chave defensiva para o confronto seria anular Darren Waller, pois isso dificultaria o jogo de passes curtos de Derek Carr. Resultado? O tight end terminou a partida com 2 recepções para 9 jardas, depois de ter passado a barreira das 100 jardas conta o New Orleans Saints, alguns dias antes.
Na mesma partida, no ataque, também vimos a adaptação do plano de jogo com o decorrer do duelo, já que a ideia inicial não ia bem. Cam Newton não conseguia encontrar seus recebedores e a defesa aérea dos Raiders vivia um bom dia, anulando o quarterback durante o primeiro tempo. McDaniels, então, mudou o esquema no intervalo, elevou o número de screens e de corridas, e chegou ao resultado que vimos, mesmo com Super Cam tendo uma atuação apática.
É difícil explorar a ferida
Desde os tempos de Brady, New England sempre foi uma equipe com pouquíssimas fraquezas para serem exploradas. Em 2020, a tendência se repete e é difícil dizer qual o calcanhar de Aquiles dos Patriots em qualquer um dos lados da bola. O adversário sempre encontrará alguns problemas, mas a equipe consegue reduzir o sangramento de forma eficiente ao longo da partida, o que é capaz de estragar qualquer plano de jogo.
Podemos até dizer que a equipe é deficiente contendo o jogo terrestre ou que o comitê de running backs não é tão qualificado, mas a verdade é que isso não é algo exacerbado e que dê a chave da vitória para outra equipe. Para bater os Patriots, no fim das contas, os adversários precisam continuar sendo perfeitos e contar com a sorte – como Russell Wilson e os Seahawks -, e a franquia dá mais uma lição de como se superar mesmo diante das situações mais difíceis.
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