3 times que são piores do que suas campanhas (positivas) indicam

Nem sempre a campanha diz tudo sobre uma equipe: às vezes, ela diz mais sobre a garra do time do que qualidade mesmo. Separamos três equipes que são piores do que suas campanhas indicam.

Lawrence NFL

Na semana passada, escrevi sobre três times melhores do que suas campanhas indicam. Falar sobre coisa boa e dar esperanças é legal, mas falar de desgraça é mais engraçado. Hoje, o tema é diferente. Vamos falar daqueles times que, apesar das campanhas positivas, na prática são um pouco piores do que os números indicam.

Isso significa que são times essencialmente ruins? Longe disso. No final do dia, todas as 32 equipes buscam vencer a cada semana. Se você consegue achar formas de vencer, o mérito é seu. Afinal de contas, superar as adversidades dentro e fora de campo é uma das coisas que tornam a NFL tão apaixonante.

Antes, um último aviso: não vou colocar Jets, Titans e Saints porque não se bate em defunto em estágio avançado de decomposição. Candidatos muito disfuncionais como Raiders e Dolphins também não. Dito isso, vamos para a lista.

3 – Chicago Bears (5-3)

Sejamos sinceros: a chegada de Ben Johnson não mudaria a situação do Chicago Bears da noite para o dia. São décadas de extrema disfuncionalidade na franquia e a temporada passada foi ainda mais trágica. Portanto, começar a primeira metade do ano com campanha 5-3 traz um saldo muito positivo.

Mas tomar 30 pontos de um time com Tyler Huntley de quarterback diz algo. E quando na semana seguinte, você toma 42 pontos de Joe Flacco no senhor ano de 2025, é melhor ligar o alerta na sua defesa.

Primeiramente, é preciso ser advogado do diabo aqui: a unidade está dizimada por lesões. Dayo Odeyingbo rompeu o tendão de Aquiles e está fora da temporada. Três jogadores principais da secundária – Jaylon Johnson, Kyler Gordon e Tyrique Stevenson – perderam tempo por lesões também, por exemplo. Porém, não dá para negar que a defesa dos Bears vem sendo ruim. É a segunda pior da liga em jardas cedidas pelo ar, com média de 7,89 por passe. Segundo a TruMedia, ela cedeu 31 passes para mais de 20 jardas: terceira pior marca. Por outro lado, a defesa é a melhor da liga interceptando passes (13 ao todo, média de 5,39%).

Nos outros setores, a incerteza é a mesma. O special teams é o segundo pior defendendo retornos de kickoff e o 21° retornando a bola. Para piorar, a fase ruim de Cairo Santos, exposta no jogo contra Cincinnati, só aumenta e a tendência é que ele perca a vaga para Jake Moody. Por fim, o ataque é uma gangorra: quando o jogo terrestre funciona, o aéreo empaca e vice-versa. Contra Bengals e Cowboys, ambos funcionaram – detalhe: ambas as defesas desses times são medonhas. Mas quando isso não acontece, geralmente o ataque passa por sufocos: vide contra Commanders e Raiders.

Não é que Ben Johnson não tenha colocado seu DNA no ataque, pelo contrário. O que ele e o Chicago Bears não encontraram ainda foi a consistência. E bem, eles precisam encontrá-la logo.

Morto ou vivo? Caso a defesa se encontre e Caleb Williams jogar mais vezes como na semana 9, vivo. Atualmente, a única divisão com as quatro equipes sem campanhas negativas é a NFC North. Só que Chicago tem uma reta final de temporada regular complicada. Depois do confronto contra os Giants, a sequência é azeda: Vikings, Steelers, Eagles, Packers e Browns – enfrentar Myles Garrett nunca é bom negócio.

Se Williams conseguir jogar bem contra boas defesas (algo que ele não fez até agora), os Bears possuem chances reais de brigar por uma vaga de wild card. Se vão conseguir isso neste ano ainda, aí é outra história.

2 – Jacksonville Jaguars (5-3)

A cena de Liam Coen entoando DUUVAAL entrou para os anais memísticos da NFL, é verdade. Contudo, o Jacksonville Jaguars tem superado expectativas após o colapso colossal da era Doug Pederson. Especialmente do lado defensivo.

Quinta melhor em média de jardas terrestres cedidas (3,8). A quarta que menos cede touchdowns corridos (4). Ok, contra o jogo aéreo ela passa mais sufocos: é a 16° em pressões (20,4%), cedeu 19 touchdowns e conseguiu 11 interceptações: a segunda melhor marca da liga, atrás apenas dos Bears. A defesa dos Jaguars é uma das maiores surpresas – e agradáveis – de 2025, especialmente Devin Lloyd. Outrora um bust com B maiúsculo, o linebacker é disparado o destaque da unidade até aqui.

Tal qual o caso dos Bears, o ponto de interrogação aqui está no ataque. E vejam só: o quarterback também foi uma 1° escolha geral de draft (spoiler: o do próximo time também). Mas diferente de Caleb Williams, que tem bons jogos contra defesas capengas, Trevor Lawrence precisou suar sangue e de uma prorrogação para vencer o possante Las Vegas Raiders. Esse “sacrifício” todo não é de hoje, pois os Jaguars são o 27° em touchdowns marcados (9).

Se o quarterback não convence, o entorno também não. Travis Etienne está até bem, mas Brian Thomas Jr está mais apagado do que um liquid paper (leia em carioquês, por favor) e, para piorar, Travis Hunter vai ficar um mês fora por lesão. É por isso que a chegada de Jakobi Meyers se torna ainda mais importante para o time. Ele é o melhor wide receiver do mundo? Nem de longe. Porém, é um jogador com mãos confiáveis – o que anda em falta na equipe -, que pode ser usado no slot e o mais importante: um alvo seguro para um quarterback que oscila mais do que uma montanha-russa do Beto Carrero World. Em outras palavras, uma esperança para o ataque.

Morto ou vivo? Vivo se o ataque finalmente se encontrar. Embora o jogo contra os Raiders me deixe com uma pulga atrás da orelha, para falar a verdade.

O lado bom para os Jaguars é que a sua divisão permite acreditar e o calendário também. Alguns dos próximos confrontos são contra Cardinals (onde Kyler Murray sofreu o soft benching), Jets (sem palavras) e dois jogos contra o Tennessee Titans, o pior time da liga. Por outro lado, tem dois duelos contra os Colts e outro na semana 16 contra o Denver Broncos. Se Lawrence e o restante do ataque não derem um salto de qualidade até lá, prevejo um confronto feiíssimo contra Nik Bonitto, Pat Surtain e demais coringas de Vance Joseph.

1 – Carolina Panthers (5-4)

O Carolina Panthers de 2025 é a síntese da frase “1×0 tá bom, futebol não é basquete” e está tudo bem. Para um time há anos no limbo, começar uma temporada 5-4 é o equivalente a encontrar um oásis no meio do deserto. Mérito total de Dave Canales e de sua comissão técnica.

Entretanto, acredito que o torcedor mais otimista tenha noção da fragilidade do elenco. Embora esteja jogando bem e de maneira muito aguerrida, a defesa segue sendo uma das piores da NFL. É a segunda pior pressionando o quarterback (14,2%) e a 22° contra o jogo terrestre. Ainda assim, Jaycee Horn está saudável e voltou a jogar bem, o que é sempre positivo.

Do lado do ataque, a linha ofensiva finalmente está jogando bem (para os seus padrões) e dois diamantes surgiram: Tetairoa McMillan e Rico Dowdle. O primeiro virou o recebedor principal do time e o alvo mais confiável de Bryce Young – não que a competição fosse difícil, sendo sincera. Já o running back é uma das maiores surpresas do ano. Após uma passagem apagada em Dallas, Rico Dowdle se reencontrou nos Panthers e tomou o backfield para si. Só nesta primeira metade de ano, ele tem 131 corridas para 735 jardas e quatro touchdowns, além de um recebido também.

De resto, tudo continua quase o mesmo. Falta talento em muitas posições da defesa e Bryce Young é igual ao Wobbuffet da Equipe Rocket: precisa apanhar primeiro para depois se recuperar na partida. Os Panthers podem não ser o time mais vistoso de ser, mas é legal vê-los começando bem depois de tanta desgraça.

Morto ou vivo? Vivos, mas a briga pelo wild card na NFC talvez seja grande demais para eles em 2025. E muito por conta do calendário.

Por mais que estejam na pior divisão da NFL, os Panthers não conseguem se valer da fraqueza da NFC South por dois motivos. 1) o Tampa Bay Buccaneers é muito superior e 2) a briga nas outras divisões está acirrada. Até agora, todos os times da NFC North e três da NFC West se degladiam para assegurar as três vagas de wild card (caso não consigam vencer suas divisões, óbvio).

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