Mahomes

4 Descidas: A Magia de Mahomes

Você fica forte não quando melhora o que já faz bem. Mas quando lapida suas fraquezas. Os Chiefs fizeram isso com Magic Mahomes e aí ele está. Imparável.

Manning & Brady & Rodgers & Brees. Essa é a camiseta mais vendida em nossa loja e não é por acaso. Simboliza o quarteto que detém boa parte da adoração do público do futebol americano. Juntando Philip Rivers e Ben Roethlisberger, são a velha guarda da posição de quarterback – todos foram draftados até 2005. Desses seis, como estamos agora?

Peyton Manning aposentou. Se você quiser interpretar a camiseta como Eli, ele foi para o banco antes da Semana 3. Aaron Rodgers tem a defesa como ponto forte de seu time até aqui, quem diria. Drew Brees está machucado e só volta ao final do mês que vem. Philip Rivers viu, mais uma vez, seu time ruir por conta de lesões – por fim, Ben Roethlisberger está fora da temporada com lesão no cotovelo. Sobrou apenas Tom Brady no topo da montanha quando pensamos em Semana 3 de 2019 e, bem, ele é fora da curva e exceção a praticamente toda regra.

Enquanto isso, Patrick Mahomes II caminha a passos largos para ser bi-MVP, Lamar Jackson e Dak Prescott lideram suas divisões, Gardner Minshew empolga os fãs de Jacksonville, Kyle Allen fez muito torcedor dos Panthers não sentir falta de Cam Newton, os Dolphins foram mais competitivos com Josh Rosen em relação ao eterno Ryan Fitzpatrick, Mason Rudolph fez bom jogo fora de casa contra San Francisco, cujo quarterback, Jimmy Garoppolo está invicto, Josh Allen ainda tem bastante a melhorar como passador mas já se mostra um líder nos Bills,  Jacoby Brissett tem 2-1 e, finalmente, Daniel Jones teve uma das melhores estreias de um quarterback calouro que se tem notícia. Nenhum deses nomes foi draftado antes de 2014.

A mudança de guarda parece iminente neste final de década. Por mais que a carreira dos quarterbacks seja mais longeva do que a de outras posições, uma hora as coisas começam a mudar e podemos, sim, estar ante um período de mudança. Por muito tempo houve estabilidade em times com eternos franchise quarterbacks – Steelers e Saints, por exemplo. Para você ter ideia, sabe quem foi o último quarterback não chamado Drew Brees a vencer uma partida pelos Saints no Superdome? Aaron Brooks em 2004.



“fantasy"
Quem puxa a fila como exemplo maior, indubitavelmente, é Pat Mahomes. O que estamos vendo é completamente sem precedentes. Foi o 13º jogo de 300 jardas aéreas, recorde da NFL para um jogador em seus primeiros 20 jogos. Mahomes empatou com a temporada 2007 de Tom Brady com três jogos seguidos de “triplo duplo”: 300 jardas, 3 TDs e 0 INTs. A coisa está dominante a ponto de que ele pode pisar no freio no segundo tempo tal como a Alemanha no 7 a 1. Pat é o único jogador nas últimas 40 temporadas a ter 250 jardas passadas e 2 TDs nos PRIMEIROS TEMPOS das suas três primeiras partidas.

O que faz de Mahomes um jogador assim? Em resumo, ele é um diamante lapidado. Já vimos inúmeros outros casos de quarterbacks com braços fortes que tinham como gigantescas kriptonitas o cérebro. Kyle Boller, Jay Cutler, JaMarcus Russell, são inúmeros os exemplos de ferramentas mal utilizadas nesse quesito. O braço desses caras não deve nada a ninguém e o de Mahomes também não deve nada a eles. A grande diferença vem sendo na tomada de decisões.

Veja: Mahomes tem 0 interceptações. Esse é o grande ponto. Para além de passes virando a cabeça, passes sem base equilibrada e qualquer pirotecnia que faça sucesso em vídeos no Instagram, o intrínseco está lá. Ele é uma máquina imparável porque o grande segredo para ganhar dinheiro é… Não perder, como diria Warren Buffett. Turnovers custam caro e a comissão técnica do Kansas City Chiefs, capitaneada por Andy Reid, lapidou esse aspecto em especial. Mahomes veio de um sistema simples e vertical em Texas Tech, onde antecipação nos passes não era tão necessária. Essa antecipação foi lapidada. A tomada de decisões foi lapidada.

Você fica forte não quando melhora o que já faz bem. Mas quando lapida suas fraquezas. Os Chiefs fizeram isso com Magic Mahomes e aí ele está. Imparável.

DANIEL JONES – O QUE ELE JÁ NOS PROVOU

Daniel Jones liderou os Giants à vitória após o time estar 18 pontos atrás do Tampa Bay Buccaneers. De acordo com o ELIAS Sports Bureau, é (empatada) a segunda maior virada por um quarterback em sua primeira aparição como titular. Ele fez de tudo um pouco na abertura de sua carreira: 336 jardas, 2 touchdowns e mais 28 jardas terrestres com dois touchdowns sendo um deles o da vitória.

Embora tenhamos “Sucessos de Carnaval” antes no quesito – Jon Kitna também estreou virando uma partida por 18 pontos, Matt Flynn foi bem no primeiro jogo como titular contra os Lions e etc – há algo que não podemos negar: Daniel Jones tem a mente que um quarterback precisa ter. Durante todo o processo de Draft e após, Jones sofreu críticas fortes e não abalou seu profissionalismo. Mesmo quando Baker Mayfield, seu colega de profissão, teceu comentários sobre, ele foi polido. Domingo, contra os Buccaneers, mostrou essa mesma resiliência. Isso, vale sempre lembrar, não pode ser ensinado: ou se tem, ou não. Falei sobre no vídeo.

Top 10

1- New England Patriots (3-0) +-0: Vou seguir batendo nesta tecla: precisamos falar mais da defesa do New England Patriots. A unidade não tem “culpa” ter enfrentado ataques fracos. Tem, sim, mérito de ter dominado esses ataques de maneira inacreditável e sem comparações nesta temporada de 2019. Luke Falk tentou quatro passes para mais de 15 jardas no domingo e errou todos. Nesta temporada, a defesa de New England tem 5-27, 3 INTs em passes assim. Se a secundária vai bem, o pass rush, idem. Falk teve apenas 50% de passes completos quando os Patriots mandaram 4 homens ou menos para cima dele (pressão padrão, sem blitz). É realmente impressionante.

2- Kansas City Chiefs (3-0) +-0: Seguem os desafiantes ao título da Conferência Americana – mas as peças defensivas precisam se alinhar. Já falei bastante de Mahomes acima, mas a defesa ainda me faz coçar a cabeça. É a sexta pior da NFL em jardas corridas/jogo e a gente viu o quê Sony Michel fez com eles na Final da AFC de 2018. Frank Clark e Tyrann Mathieu ainda não tiveram o impacto que a diretoria quer e precisa para que os Chiefs possam destruir a Estrela da Morte.

3- Dallas Cowboys (3-0) +-0: Apenas dois sacks cedidos nesta temporada e um primeiro tempo mais difícil do que deveria contra os fraquíssimos Dolphins. De toda forma, o time está vencendo por placares maiúsculos e apenas a pressão ao quarterback adversário. O time é 25º da liga em sacks forçados com apenas 5. Embora a unidade defensiva tenha bons nomes na cobertura contra o passe, isso pode fazer diferença nos playoffs. Olho nesse aspecto, porque contra os Dolphins era para o número ter subido (bastante).

4- Green Bay Packers (3-0) +1: Hm, e esse ataque, hein? Protocolar, eu diria. Aaron Rodgers tem apenas quatro passes para touchdown em 2019 e, considerando seu talento e passaporte encaminhado para o Hall da Fama, esperava-se mais dele. Talvez ainda sejam dores de crescimento na adaptação ao novo ataque de Matt LaFleur, mas é algo a monitorarmos. Aparte do corpo de inside linebackers e algumas big plays, a defesa é o grande ponto positivo de Green Bay neste ano.

5- Los Angeles Rams (3-0) -1: Os Rams ainda não me convenceram e sigo batendo na tecla que este ataque não é o mesmo do ano passado. Em 2018, tiveram 9 jardas por tentativa em play action/screen, a grande “revolução esquemática” de Sean McVay e cia (2º da NFL). A marca caiu para 7,9, meio da tabela. Ainda, o time vem sofrendo na red zone (coisa que não acontecia no ano passado), Jared Goff está tendo várias “telas azuis” e fora Cooper Kupp, o corpo de recebedores também não vem produzido como no ano passado. Tenho mais dúvidas do que certezas no momento.

6- Baltimore Ravens (2-1) +-0: Os Ravens mostraram resiliência ao perder, fora de casa, por apenas 5 pontos contra os potentes Kansas City Chiefs. Ano passado foi parecido, inclusive. Neste, o time parece mais maduro só que faltou algo a mais. Ou algo a menos, no caso. Lamar teve 8 passes tentados e nenhum completo em situações nas quais a bola viajou pelo menos 15 jardas se contarmos os três primeiros quartos. Ele até completou três deles no último, mas aí já era tarde demais. Não é simplório dizer: contra os titãs da NFL, os Ravens irão até onde o jogo áereo de Lamar permitir.

7- New Orleans Saints (2-1) +3: Que vitória importante. Fora de casa, contra um time que pode estar na briga por playoffs. Sean Payton desenhou um plano de jogo impecável, que colocou a bola nas mãos dos principais jogadores – Michael Thomas e, sobretudo Alvin Kamara (o melhor running back da NFL nesta temporada). Foi uma vitória nas três fases, ataque, defesa e time de especialistas. Os Saints agora vem para o Sunday Night Football em casa contra os Cowboys com a mão quente e ainda mais a provar para além de Drew Brees machucado.

8- Seattle Seahawks (2-1) -1: “Bota na conta do Papa”, diria Capitão Nascimento. No caso, mais na conta de Brian Schottenheimer, o coordenador ofensivo dos Seahawks. Até quando Pete Carroll vai permitir essas corridas insanas em terceiras descidas longas? Ou que Russell Wilson, um quarterback de elite que tem o maior salário da NFL, praticamente não passe a bola quando o time está liderando a partida? Não faz sentido e Brian merece boa parte da culpa pelo Estado das Coisas em Seattle.

9- San Francisco 49ers (3-0) -1: Ok, eu sei, estou menos empolgado que o torcedor. A linha ofensiva não vem sendo o problema que esperávamos, o front defensivo faz trabalho fantástico, a secundária é a sétima da liga em jardas cedidas por jogo… Mas e esses 5 turnovers hein? Sei que muitos acabaram sendo mais azar do que qualquer coisa nessa partida contra os Steelers, mas ainda estou assustado. Vamos ver na Semana 5, depois da folga, em horário nobre contra os Browns. Aí pulo no bonde de vez ou não.

10- Buffalo Bills (3-0) +1: Caso semelhante ao dos 49ers, conquanto o Buffalo Bills tenha um ataque que inspira menos confiança pelo fato de Jimmy Garoppolo ser um quarterback mais talentoso do que Josh Allen. A defesa dos Bills, de toda forma, faz com que o time seja ao menos décimo aqui. É a segunda melhor em viagens dos adversários à red zone e é top 10/top 5 em vários quesitos. Vejamos o teste de fogo em casa contra o New England Patriots na Semana 4.

Saíram do Ranking: Philadelphia Eagles, Minnesota Vikings
Menções honrosas: Chicago Bears, Houston Texans, Indianapolis Colts, Detroit Lions, Philadelphia Eagles, Minnesota Vikings
Top 5 do Draft 2020: Miami Dolphins, Arizona Cardinals, Cincinnati Bengals, Washington Redskins, Denver Broncos

Sobe/Desce:

Sobe: Sean Payton. Com contrato renovado recentemente – o que afasta de vez qualquer volta ao Dallas Cowboys – o técnico do New Orleans Saints montou um plano de jogo impecável contra o Seattle Seahawks invicto, fora de casa e num dos ambientes mais hostis da liga. Tudo isso sem Drew Brees.

Desce: Cleveland Browns. 1-2 e a única vitória veio contra o, sem Sam Darnold, New York Jets. Falaremos mais sobre nesta semana. Mas o alarme já acendeu em Ohio. 

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