Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui.
1st and 10: Make Allen Great Again
O quarterback do Buffalo Bills, Josh Allen, voltou a jogar em alto nível nesta reta final da temporada e, por que não, voltou à conversa de MVP – embora esteja passos atrás de Patrick Mahomes II e Aaron Rodgers na disputa. Mas, com a queda de Russell Wilson e Kyler Murray, não é nenhum absurdo cogitar Allen como “medalha de bronze” no quesito se a temporada terminasse hoje.
Allen conseguiu dissecar a bem treinada defesa de San Francisco no Monday Night Football de ontem. O quarterback teve 92% de passes completos contra a marcação em zona dos 49ers – o feijão com arroz da defesa da equipe. Contra zona, foram 284 jardas e, a bem da verdade, não houve alternativa para o time de Santa Clara (ou Glendale, no caso). O que mais chama atenção no jogo do quarterback de Buffalo é que, ao contrário de anos anteriores, ele se sente bem confortável em passar a bola por todo o campo. Allen teve 19 passes completos na linha de scrimmage mas ao mesmo tempo, 6 de 6 em passes para mais de 20 jardas.
Se falamos do ataque dos Bills, temos também que falar do corpo de recebedores – discutivelmente um dos melhores da NFL nesta temporada. A chegada de Stefon Diggs ajudou – e muito – o quarterback e o ataque como um todo. Mas precisamos lembrar que bons investimentos foram feitos, como Cole Beasley, que teve partida fantástica ontem.
Ao todo, os wide receivers dos Bills tem média de 236,3 jardas recebidas por jogo, melhor marca da NFL – como contraste, em 2017 o time tinha 92,1. Foram feitos seguidos bons investimentos na unidade ofensiva como um todo. Não só em jogadores aliás, porque Brian Daboll é um dos melhores nomes entre os coordenadores ofensivos e está tirando o melhor do ataque e principalmente de Josh Allen.
O céu é o limite? Bom, o piso do momento é a pós-temporada. Após entrar nos playoffs do ano passado via Wild Card, os Bills são franco-favoritos para o título da divisão. Ainda falta um jogo contra Miami, mas Buffalo tem 1-0 no confronto direto e campanha melhor – a missão do time da Flórida não será fácil, portanto. Ainda mais com Josh Allen voltando ao nível que apresentou no mês de setembro.
2nd and 6: Miami Dolphins de 1972 celebram: cai o último invicto
O Pittsburgh Steelers chegou à campanha de 11-0 e era o último time sem derrotas em 2020. Não são mais. A partida foi atípica em muitos sentidos, dado que os Steelers jogaram na quarta-feira passada e estavam em campo numa segunda às 17h. O time perdeu o center Maurkice Pouncey e o running back James Conner para a lista de COVID-19 e sentiu o golpe com um jogo terrestre pra lá de incompetente. O que já era problema ao longo da temporada beirou o ridículo ontem: na prática não houve jogo terrestre em Pittsburgh. Anthony McFarland, calouro, terminou com 15 jardas – Snell, seu companheiro, teve 5. Ambos carregaram a bola 12 vezes para 20 jardas – menos de 2 jardas por carregada, portanto. Quando os running backs foram acionados em passes curtos, tampouco houve resultado. No geral, as 21 jardas corridas de Pittsburgh (contando todos que correram) foram a pior marca do time desde 2018 e a terceira pior marca da franquia desde 1970.
Como efeito, Ben Roethlisberger teve que usar o braço e não contou com a ajuda de seus wide receivers – grupo que tanto elogiei ao longo da temporada e com méritos deles assim o fiz. Ontem foram 8 drops – alguns deles beirando o absurdo, como Eric Ebron soltando a bola mesmo estando parado. Nítida falta de concentração – foi tão fora da curva que ontem os wide receivers tiveram mais drops do que qualquer outro time o ano inteiro. Não só: foi o pior desempenho de Pittsburgh no quesito em 15 anos.
Há mérito de Washington do outro lado, não se enganem. Alex Smith, com sua maravilhosa história, terminou o jogo com quase 300 jardas (296). A linha defensiva desviou quatro passes de Roethlisberger na linha – um deles acabou terminando em interceptação do linebacker Jon Bostic. A jogada selou a partida e o destino dos Steelers como último a perder uma partida. Se consola o torcedor, nas duas últimas vezes que o time foi o último a perder numa temporada, chegou ao Super Bowl – venceu uma, perdeu outra. Se consola duplamente, os Steelers ainda estão à frente do Kansas City Chiefs por conta do critério de desempate, que é a campanha contra a Conferência Americana (8-0 vs 9-1). Agora vem parte ruim: as ausências de Bud Dupree e Devin Bush parecem já ser sentidas. Vejamos nas próximas semanas quanto.
Sobe/Desce desta Semana 13
Sem muita enrolação, uma coluna rápida com o panorama de quem sobe e quem desce nas cotações nas brigas para os playoffs da Conferência Americana e Nacional. Se o time não está aqui é porque considero “neutro” após essa semana, ok? Ainda, há times que simplesmente não estarão aqui porque playoff virou quase impossível (Atlanta) e/ou já estão matematicamente eliminados (NY Jets, Jacksonville).
📈 New York Giants
📈 Washington de Futebol e Regatas
📈 Cleveland Browns
📈 Buffalo Bills
📈 Los Angeles Rams
📈 New England Patriots
📈 Minnesota Vikings
📉 Pittsburgh Steelers
📉 Arizona Cardinals
📉 Philadelphia Eagles
📉 Chicago Bears
3rd and 4: Ode aos Giants
A defesa do New York Giants merece aplausos porque, bem, ninguém dava muita bola e a unidade vem jogando acima da média nessa reta final de temporada. A defesa fez a vida de Russell Wilson um verdadeiro inferno no domingo. O quarterback de Seattle foi pressionado em 18 dos 56 recuos de passe, 32% – foi a 10ª vez que ele foi pressionado em pelo menos 10% dos snaps nesta temporada. Quando os Giants conseguiram chegar em Wilson, ele pouco fez – menos de 50% de passes completos, 5 sacks e 36 jardas.
Leonard Williams está jogando o fino e teve sua melhor partida em 2o20. O jogo contra Seattle foi sua coroação e também a coroação do desempenho da defesa de Patrick Graham, coordenador defensivo, nesta temporada. Os Giants geraram 18 pressões, melhor marca da equipe desde 2017 de acordo com a ESPN matriz. Os 5 sacks foram a melhor marca em duas temporadas, com o melhor desempenho no quesito datando da Semana 14 de 2018.
Essa sequência de quatro vitórias vai muito na conta da defesa. Nova York tem o 6º melhor desempenho na red zone nesse período, o 10º em % de recuos de passe do adversário que viraram sacks, o 11º em jardas por jogada e o 9º em pontos cedidos por jogo. Os Giants enfrentam um Arizona Cardinals com ataque em queda — e com uma fórmula sabida para neutralizar Kyler Murray, no uso de blitzes – e depois Browns e Ravens nas duas semanas seguintes. Nesse sentido, como a defesa dos Giants está jogando contra a corrida? Afinal, é o feijão com arroz dos dois times. Bom, como você deve imaginar, estão bem – como estiveram na temporada inteira, justiça seja feita.
3.68: esse é o número de jardas cedidas/carregada dos Giants até a semana 9 – depois, acabaram sofrendo, mas nada impede que voltem a melhorar. Mesmo aumentando o número de jardas cedidas/carregada, o time ainda se manteve no top 10 de jardas terrestres cedidas/jogo. É perfeitamente plausível que a equipe consiga dar trabalho ou mesmo vencer Ravens e Browns. Seria bom, claro, se Daniel Jones voltasse. Sobre isso, há uma possibilidade. Joe Judge, head coach da equipe, falou que Jones terá “oportunidade” para jogar na Semana 14 caso seu posterior da coxa lhe permita – há essa chance, portanto. Colt McCoy foi até que digno contra Seattle, tendo 105 jardas para 1 TD e 1 INT. Mas convenhamos que por não tão brilhante que Jones seja, seu desempenho tem mais teto do que o de McCoy.
Podcast desta Semana 13
4th and 2: Fomentando o Bolo
30,9%. Essa é a porcentagem de play-action do Cleveland Browns nesta temporada – é o sexto time que mais usa do expediente. Como contraste, a equipe teve 5% a menos na temporada passada. O que mudou? Kevin Stefanski. Depois de salvar Kirk Cousins (30% de PA em 2019), Stefanski chegou em Cleveland e de maneira definitiva podemos dizer que ele vem fazendo o mesmo com Baker.
Não que Mayfield tenha uma temporada formidável. Está errando mais passes do que deveria e o eixo motor do ataque com certeza absoluta é o jogo terrestre – cujo volume, é fato, ajuda no play-action. Mas o padeiro tem seus méritos e o teve na partida contra Tennessee. Sem ser pressionado e usando e abusando do play-action, Baker terminou a última partida com 334 jardas e 4 TDs – e sim, você adivinhou, três deles vieram com… tcharan, o play-action.
Os Browns têm um candidato ao defensor do ano com Myles Garrett, têm em Nick Chubb um dos melhores running backs da NFL e tem em Kevin Stefanski um técnico competente – coisa que não havia no norte de Ohio há muito, mas muito tempo. Discutivelmente desde Bill Belichick nos anos 1990, com quem Cleveland pela última vez venceu nos playoffs, em 1994. A chegada à pós-temporada é praticamente certa com a atual campanha de 9-3. Vencer? Fica cada vez mais possível. Termômetro? O jogo que falta contra Pittsburgh e Baltimore. Aí vamos poder sentir quanto podemos nos empolgar com os Browns.
…. Uma observação importante: Há três campeonatos na NFL. A temporada até o Thanksgiving, na Semana 12. A temporada entre a Semana 13 e a Semana 17 e por fim os playoffs. Acabamos de entrar no segundo campeonato. Esqueça muita coisa que viu naquele primeiro, agora temos as coisas afuniladas. Falarei mais sobre isso em outro momento desta semana.
PARA ENTRAR NO CANAL DO TELEGRAM: http://t.me/curtiantony
PARA COMPRAR MEUS LIVROS: https://www.actionshop.com/profootball-livros
INSCREVA-SE! http://bit.ly/maisnfl
TWITTER: http://twitter.com/curtiantony
FACEBOOK: http://facebook.com/curtiantony
INSTAGRAM: http://instagram.com/antonycurti
MAIS NFL:
🎙️ 247, Recap Wk 13: Problemas com Murray, Kingsbury, Cardinals
Com Herbert, há esperança nos Chargers
Saints são o melhor time da NFC
Wilson, we have a problem
