4 Descidas, Curti: Classe de QBs de 2021 pode ser a melhor desde 2004

Temos bons prospectos e temos times ávidos por quarterback. Podemos ter pela primeira vez na história um Draft com cinco quarterbacks escolhidos nas 10 primeiras escolhas. Aqui um panorama dos 5 principais. QBs do Draft 2021

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui. 

É difícil falar de prospectos sem correr o risco de errar ou de quebrar a cara. Por isso, tentamos ser cautelosos – e éticos, queira ou não – em títulos quando falamos do Draft. Sempre frisamos que é uma previsão e que muita água rola do college Football até o segundo ou terceiro ano de um dado jogador. Quanto ao talento da classe de quarterbacks de 2021, porém, podemos falar de maneira mais assertiva: há muito talento.

Nunca tivemos tanta fome misturada com vontade de comer. Temos bons prospectos e temos times ávidos por quarterback. Podemos ter pela primeira vez na história um Draft com cinco quarterbacks escolhidos nas 10 primeiras escolhas. Sendo assim, achei por bem esse início de cobertura do Draft 2021 focar nessa classe.

1st and 10: A primeira prateleira

Ela é puxada por Trevor Lawrence, consensual escolha número 1 há alguns anos – era só questão de quando ele viria para o Draft. Lawrence foi campeão nacional em seu primeiro ano por Clemson, ainda calouro – fato bastante raro para um jogador da posição. Desde o início de sua trajetória, mostrou capacidade de navegar o pocket, uma boa precisão em média e curta distância e uma postura de controle sobre o que estava acontecendo ao seu redor. Raramente panicou. Seu último jogo foi de 400 jardas e uma derrota na semifinal contra Ohio State – de nosso segundo nome da classe.

Tivesse começado a carreira em Georgia e lá ficado, talvez Justin Fields torcesse menos nariz aqui e acolá. No ano passado, era amplamente considerado o segundo nome da classe – um prêmio de consolação e tanto para quem não conseguisse Lawrence. Transferiu-se de Georgia para Ohio State e brilhou no sistema de Ryan Day – que tem toques de spread offense mas que também conta com muitos conceitos que Fields verá no jogo profissional. Com um teto de produção altíssimo, ética profissional impecável – não acredite no que vê por ai, ninguém volta para um jogo com a costela machucada como ele voltou se não tivesse esse espírito vencedor e focado – e um braço forte, Fields é nosso segundo quarterback da classe. Comparações com Russell Wilson são inevitáveis, até pela força do braço.

2nd and 7: O meteoro da paixão

A classe é profunda e temos um meteoro da paixão em Zach Wilson. Ou seja, aquele cara que há um ano não era falado e que escalou os rankings, sendo amplamente considerado como a potencial segunda escolha geral do Draft, pelo New York Jets. Entendo os que se apaixonaram e preteriram Fields em favor de Wilson em seus rankings.

Atlético, agressivo e instintivo, Wilson teve 33 touchdowns e apenas três interceptações nos 12 jogos de BYU no ano passado. Com 11 jardas por tentativa, teve uma precisão incrível em passes de média distância – mas a presença de pocket e questões esquemáticas, dado que ele produziu bastante por conta do sistema de RPO de BYU, me preocupam. Idem o fato dele ter tido basicamente apenas uma temporada em alto nível – o que não foi problema para Joe Burrow, frise-se. Mas como desempate, coloco-o na terceira posição.

3rd and 4: O projeto Trey Lance e o Mac n Cheese

Com 28 touchdowns e nenhuma interceptação em 2019 – sim, nenhuma – a temporada de Trey Lance colocou o jovem prospecto de North Dakota State nos rankings e no radar de muitos. Lembro que alguns seguidores começaram a mandar perguntas sobre ele, dado que as “zero interceptações” eram algo que realmente chamavam atenção. As comparações com Carson Wentz eram óbvias pelo tipo físico e também pelo fato de ambos virem da mesma universidade, North Dakota State – a potência em termos de segunda divisão do college football.

Contudo, para ser sincero, Lance me lembra mais Josh Allen do que Carson Wentz enquanto prospecto. Diamante cru, ele tem atleticismo, força no braço, postura e capacidade de decidir. Por outro lado, competiu contra times bem fracos na FCS[foot]Grosso modo, segunda divisão do college[/foot] e me faz coçar a cabeça quanto à sua adaptação no jogo profissional. As defesas da NFL são mais rápidas, complexas e fortes. O cérebro de Lance terá que funcionar igualmente de maneira mais rápida e complexa – dores de crescimento são esperadas e muito provavelmente ele não chega para ser titular. Alto risco e alta recompensa, dado que atleticismo não se ensina. Assim podemos defini-lo.

Às vezes dá preguiça de cozinhar, tá aquele friozinho lá fora, outono trazendo temperaturas mais frias. Acho que não vou pedir delivery hoje – uma comida de conforto me parece algo bacana. Um Mac n Cheese, por que não? O apelido pode pegar para Mac Jones, quarterback campeão nacional por Alabama.

Jones não é o que você pode chamar de grande projeto ou uma arma em termos de atleticismo e força de braço. Não é aquele prato que você serviria no Masterchef – mas numa terça à noite tá mais do que bom né?

O atual campeão nacional tem um bom trabalho de pés, uma boa precisão em curta e média distância. É inteligente. Mas, ao mesmo tempo… Será que não vimos tantas e tantas vezes esse filme? Um quarterback que não tinha tantas ferramentas físicas e que na sua frente à disposição contava com uma linha ofensiva impenetrável e um corpo de skill players [foot/]running backs, wide receivers e tight ends[/foot] absurdamente acima da média? Bom, não é como se outros quarterbacks de Alabama também não o tivessem, i.e. A.J. McCarron – então há mérito no que Jones fez ano passado, tal como a antecipação em passes de curta e média distância. Em resumo, vejo Jones como um protótipo de Alex Smith. É um quarterback com piso alto e que vai entregar desde o primeiro dia caso caia num time com boa linha ofensiva e bons recebedores, em especial um tight end. Talvez você saiba de qual time estou falando. San Francisco 49ers.

4th and 1: Melhor em 15 anos?

Pois é, esse é o ponto. Claro que, frise-se, estamos falando de prospectos e não do que o jogador essencialmente virou. A classe de 2012 teve Andrew Luck, Robert Griffin III, Ryan Tannehill e Russell Wilson – mas eles não eram cotados para o top 10 como temos neste ano. A de 2004 me lembra a situação atual: Ben Roethlisberger, Eli Manning, Philip Rivers e J.P. Losman eram todos cotados para o top 10. É uma situação que temos neste ano.

Aí fica a questão: quem será o J.P. Losman da classe? Cedo demais para dizer, claro. O que podemos afirmar é que temos talento e quarterbacks para todos os gostos nesta classe de 2021, a qual deve ter cinco quarterbacks de primeira rodada e possivelmente os cinco no top 10. Temos o cara pronto em Trevor Lawrence, o braço forte e a mobilidade com Justin Fields, o cara que seduziu a todos com highlights e passes em média distância com Zach Wilson, o diamante cru em Trey Lance e o cara que vai entregar desde o início mas com teto mais baixo em Mac Jones. Promete ser um Draft incrível.

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