Após algumas temporadas de marasmo, os 49ers eram uma grande aposta em 2018. Porém, a lesão de Jimmy Garoppolo na terceira semana da temporada regular inviabilizou todo o projeto da equipe, que acabou com a segunda escolha geral do Draft 2019 após uma campanha 4-12.
Com a recuperação de seu franchise player, é esperado que esse seja o ano que Kyle Shanahan prove seu valor como técnico e que Garoppolo consiga provar ser merecedor do grande contrato que recebeu. Porém, só isso não basta para ir longe na NFC. O Draft 2019 auxiliou San Francisco a ter grandes sonhos para a temporada que está por vir?
Escolhas do Draft 2019 pelo San Francisco 49ers
1/2: Nick Bosa, EDGE, Ohio State
2/36: Deebo Samuel, WR, South Carolina
3/67: Jalen Hurd, WR, Baylor
4/110: Mitch Wishnowsky, P, Utah
5/148: Dre Greenlaw, LB, Arkansas
6/176: Kaden Smith, TE, Stanford
6/183: Justin Skule, OT, Vanderbilt
6/198: Tim Harris, CB, Virginia
Nick Bosa era uma das escolhas previsíveis desse Draft e isso não é nem um pouco negativo. Os 49ers escolheram um jogador com potencial de All-Pro e o calouro deve ser um dos melhores EDGEs da liga desde a primeira semana. Bosa é excelente tanto no pass rush quanto contra o jogo terrestre; seu único ponto negativo é em relação à sua saúde, pois uma lesão no ligamento anterior cruzado encerrou sua carreira no colegial e uma lesão no abdômen em 2018 encerrou sua passagem por Ohio State, pois ele decidiu se recuperar totalmente para o Draft. No restante, é completo em todos os quesitos e deve transformar a linha defensiva de San Francisco em uma das mais divertidas de se assistir em 2019.
A partir da segunda rodada, os questionamentos acerca do Draft de John Lynch começam. Deebo Samuel é um wide receiver que deve atuar primordialmente como slot, e possui o estilo de jogo que Shanahan tanto gosta: rápido, com uma grande capacidade conseguir jardas após a recepção e corre rotas limpas. O treinador deve conseguir extrair o máximo de Samuel e para o calouro isso é ótimo, pois será polido por uma das mentes ofensivas mais geniais da liga, porém, no topo da segunda rodada todos os outros bons nomes da posição – com exceção de Marquise Brown e N’Keal Harry – estavam disponíveis, e poderia ser mais interessante para a franquia escolher um protótipo com mais características de um recebedor primário – como D.K. Metcalf – para ser o homem de confiança de Garoppolo. Samuel deve ter uma boa temporada, mas fica o questionamento se San Francisco poderia ter saído com mais talento dessa escolha.
Na terceira rodada, os 49ers escolheram outro wide receiver. Jalen Hurd é absurdamente cru e só consegue se destacar nas 10 primeiras jardas, espaço em que consegue usar um pouco de sua agilidade para se desvencilhar do marcador. O recebedor também faz o estilo de Shanahan, mas a franquia já selecionou um jogador com o mesmo estilo na segunda rodada e tinha prioridades maiores aqui, como reforçar sua secundária e o miolo de sua linha ofensiva. Além disso, o talento de Hurd não chega perto de valer uma escolha de terceira rodada. John Lynch deveria ter pensado diferente e isso pode custar caro ao decorrer do ano.
Na quarta rodada, as críticas continuam. San Francisco desceu no Draft em uma troca com os Bengals e conseguiu acumular mais duas escolhas, sendo que a primeira foi usada no punter Mitch Wishnowsky. Quanto ao jogador, Wishnowsky possui boas estatísticas em seu período na universidade – tem uma média de 45,7 jardas por punt e em 2016 foi escolhido o melhor punter do College no país – e a posição, querendo ou não, era uma necessidade da franquia (Bill Belichick nos prova, ano após ano, que um bom grupo de special teams é um diferencial). Contudo, novamente a secundária continuou sendo negligenciada no recrutamento.
Chegando perto do fim do Draft, a franquia trocou para cima com os Broncos para enfim começar a reforçar sua defesa, escolhendo o linebacker Dre Greenlaw. Porém, a franquia escolheu um jogador muito cru e que pouco deve acrescentar no seu primeiro ano sem que seja nos special teams, pois lhe falta força física para atacar os gaps e inteligência para cobrir o passe. Uma escolha que não acrescentou nada em um primeiro momento.
Na sexta rodada, San Francisco teve três escolhas. A primeira se transformou no tight end Kaden Smith. Como quase todos os jogadores nesse ponto do Draft, Smith é muito cru e deve permanecer sob a sombra de George Kittle por muito tempo, pois o titular é um dos três melhores na liga e o calouro precisa melhorar todos os aspectos do seu jogo – principalmente seu atleticismo. Em sequência, os 49ers selecionaram o offensive tackle Justin Skule. O calouro nada deve oferecer para a franquia nesse momento e chega para brigar por um lugar como reserva. Com Joe Staley e Mike McGlinchey bem estabelecidos nas extremidades da linha ofensiva, um jogador para compor o miolo seria mais interessante.
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Por último, com sua escolha final do Draft, alguma pedra caiu na cabeça de John Lynch e ele lembrou que era necessário selecionar algum jogador para sua secundária. Tim Harris é um cornerback muito físico que possui um teto alto, e deve ficar um ano no banco sendo refinado para ser titular a partir de então. Entretanto, há um grande histórico de lesões que põe questionamentos sobre sua durabilidade na liga.
Melhor escolha: 1/2: Nick Bosa, EDGE, Ohio State; Essa era óbvia e não há como discordar sobre. Nick Bosa chega para ser um fenômeno na NFL e deve impactar tão quanto seu irmão nos Chargers, já que consegue ser bom em todos os requisitos necessários para a posição. Para impactar ainda mais sua entrada na liga, a linha defensiva dos 49ers conta com DeForest Buckner e Dee Ford para causar preocupação nas linhas ofensivas adversárias, que não poderão focar exclusivamente em Bosa e isso deve auxiliá-lo a conseguir bons números e ser candidato a calouro defensivo do ano.
Pior escolha: 3/67: Jalen Hurd, WR, Baylor; A franquia precisava ter reforçado sua secundária ou seu miolo de linha ofensiva com essa escolha. Não o fizeram e ainda escolheram um jogador muito parecido com Deebo Samuel, só que com um piso muito inferior. A menos que Shanahan o transforme completamente, não há pontos positivos.
Nota: Ruim
Outra vez me arrisco a ser criticado por uma torcida, mas não há como defender o Draft de John Lynch. Com exceção de Nick Bosa (a qual não era mais que obrigação) e a de Deebo Samuel – que por mais que possa ser criticada, faz sentido na filosofia ofensiva do time – o resto do Draft não seguiu uma linha sensata.
O reforço no setor de cornerbacks veio apenas com a última escolha, o de safeties nem sequer foi olhado e o miolo da linha que costuma ceder pressões e atrapalhar Garoppolo também foi ignorado pelo general manager. Ao invés disso, Lynch escolheu jogadores duvidosos e que não vão agregar nada em 2019 (com exceção de Wishnowsky).
Um bom Draft poderia estabelecer os 49ers como uma grande ameaça na NFC. Porém, a franquia segue com mais dúvidas do que certezas e isso pode se tornar uma tempestade forte a depender desta temporada.






