Podemos estudar, analisar, discutir, mas o Draft passa longe de ser uma ciência exata na NFL. O recrutamento é provavelmente o melhor momento da temporada, já que todos os times melhoram e adicionam novos jogadores. Quem escolhe no topo fica ainda mais animado, já que, quase sempre, o que leva seu time a ter uma das melhores escolhas é o desempenho ruim no ano anterior. Esperança.
Ser uma escolha de topo de Draft te dá muita coisa na NFL. Os treinadores e as franquias costumam ter (muito) mais paciência com seu desenvolvimento, enquanto os salários das escolhas de topo são muito maiores. A única coisa que ele não pode garantir é sucesso – e quando você gasta uma escolha alta num jogador que pouco rendeu, o gosto amargo perdura por muito tempo.
Listamos os cinco maiores busts do século.
5. Charles Rogers, WR, Detroit Lions (2003)
Essa escolha fica um pouco mais dolorosa para os Lions quando você olha a lista de selecionados e percebe que, logo após a escolha de Rogers, o Houston Texans buscou Andre Johnson com a terceira escolha geral. O recebedor de Michigan State chegou na liga vindo de um ano onde ele foi eleito o melhor recebedor do College Football e foi considerado All-American de forma unânime.
E foi basicamente só tragédia a partir dali. Rogers lidou com lesões graves na clavícula em seus dois primeiros anos e, quando voltou, foi suspenso pela NFL por sua terceira violação consecutiva da política de abuso de substâncias da liga, o que fez com que o time cancelasse uma cláusula em seu contrato e exigisse muito dos bônus entregues ao jogador de volta. Após apenas 15 jogos e 440 jardas em três anos com os Lions, Rogers foi dispensado e nunca mais atuou na NFL.
4. Isaiah Wilson, OT, Tennessee Titans (2020)
Eu sei que essa aqui pode soar como surpresa e que, em comparação aos outros jogadores, ele não foi escolhido tão alto no Draft (#29). Mas todo o contexto faz com que essa escolha mereça estar aqui, especialmente porque estamos falando de um jogador com incríveis quatro snaps na sua carreira profissional e que foi trocado por uma escolha de sétima rodada (E dispensado três dias depois!) um ano após ser escolhido na primeira.
Wilson foi escolhido pelos Titans durante a pandemia e, logo em seu ano de calouro, foi preso por posse de maconha e suspenso do time por violar regras internas. Em fevereiro de 2021, ele já soltou tweets dizendo que nunca mais jogaria por Tennessee, e um mês depois, os Titans trocaram Wilson e um late swap de picks com o Miami Dolphins, que ficou com o jogador no elenco por três dias e logo o dispensou por chegar atrasado aos testes físicos e aos treinos de condicionamento. Recheado de problemas legais, ele teve um período no practice squad do New York Giants e nunca mais assinou com nenhum time – o quão rápido os Titans se arrependeram dessa escolha diz tudo o que você precisa saber.
3. Zach Wilson, QB, New York Jets (2021)
Vou falar com menos detalhe desse aqui porque todos estamos cientes do que está acontecendo. Os Jets focaram em Wilson com a segunda escolha geral do Draft de 2021 e, desde então, o que se viu foi um show de horrores com ele em campo, o que forçou o time até mesmo a trocar por um novo quarterback (mesmo sendo Aaron Rodgers) após apenas dois anos. Assim que Rodgers se machucou e Wilson voltou em campo, o show de tragédias retornou.
A verdade é que Wilson não tem talento suficiente para ser quarterback na NFL e nunca será um titular constante em equipe nenhuma, o que machuca muito uma franquia que não tem um franchise quarterback estabelecido há décadas e que investiu tão pesado nele.
2. Johnny Manziel, QB, Cleveland Browns (2014)
Você já leu com detalhe sobre a história de Johnny Manziel aqui, e mesmo com tudo que relatamos há oito meses, ele não busca o primeiro lugar dessa lista. O quarterback de Texas A&M já se mostrava uma figura problemática dentro do College Football, mas após uma década e meia sofrendo na posição de quarterback, o Cleveland Browns apostou no splash e escolheu Manziel no Draft de 2014.
O resultado… bem, era de se esperar: Manziel gostava mais da vida noturna em Las Vegas do que qualquer aspecto de sua carreira no futebol americano, e sem qualquer esforço ou profissionalismo, viu sua carreira ser arruinada em dois anos, já que nenhuma outra franquia se atreveu a chegar perto do jogador. A tática do Cleveland Browns passou longe de funcionar.
1. JaMarcus Russell, QB, Las Vegas Raiders (2007)
A última década de Al Davis como dono/general manager/faz tudo dos Raiders tem alguns momentos pavorosos, mas escolher Russell entra como o pior deles. Com a primeira escolha geral do Draft de 2007, Davis passou por cima de diversas opiniões contrárias e seguiu o que o seu coração mandou, escolhendo o quarterback de LSU com braço forte e um físico de invejar. Só faltou a dedicação.
Russell era talentoso, mas não se dedicava da forma que se espera de um quarterback da NFL. Após três anos de um contrato gigante como calouro, os Raiders cortaram seus serviços e, assim como no caso de Manziel, nenhum time chegou perto depois.
Sua falta de dedicação teve fatores físicos (como aparecer extremamente acima do peso em 2009) e mentais, como a famosa história da fita: os treinadores dos Raiders lhe deram uma fita e pediram pra estudar o plano de jogo contra um oponente; alguns dias depois, perguntaram ao jogador se ele havia assistido o vídeo que lhe mandaram. Russell disse que sim e que tudo lhe parecia bem.
A fita estava em branco.
Menções honrosas:
- Greg Robinson, OT, Los Angeles Rams
- Trent Richardson, RB, Cleveland Browns
- Dion Jordan, EDGE, Miami Dolphins
- Luke Joeckel, OT, Jacksonville Jaguars
Para saber mais:
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