Ah, o Baltimore Ravens. Para 99% do público e analistas de NFL, sempre um dos grandes favoritos ao Super Bowl. Para o 1% com a alma condenada (eu), uma franquia que vive no eterno looping de estar a dois passos do paraíso, mas sempre tropeçar no degrau final. E o pior: conseguir subir tudo de novo, tropeçar e sempre terminar rolando de volta para a estaca zero. Tudo isso ano após ano, após ano e após outro ano.
Parece crueldade do destino um time tão bom estar há 13 anos sem pisar no palco mais importante da NFL. Por isso, separamos cinco motivos pelos quais o torcedor dos Ravens acreditar de verdade no título – e finalmente superar a sina do “hoje não, hoje não, hoje sim” que essa franquia vive há mais de uma década. Dito isso, sebo nas canelas.
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5 – A comissão técnica
Peço desculpas aos respectivos rivais pelo o que direi agora: Mike Tomlin e John Harbaugh são mais parecidos do que se imagina por aí. Ambos são os treinadores mais longevos da liga atualmente – Tomlin com 19 anos de Steelers e Harbaugh com 18 -, além de se enfrentarem duas vezes por ano, no mínimo. No entanto, ambos encontram certa dificuldade em “dar o próximo passo” nos últimos anos, especialmente tratando-se de voltar às grandes decisões. Sobre Mike Tomlin, o marasmo piorou nos anos finais da era Big Ben e a inércia já vem dando resultados há tempos.
Com John Harbaugh, o assunto é um pouco diferente. Ele encontrou o general de sua tropa em Lamar Jackson, com o mesmo vencendo duas vezes o prêmio de MVP. Montou defesas poderosas e um ataque eficiente, principalmente com Derrick Henry correndo também. Contudo, o grande percalço de Harbaugh e dos Ravens vem sendo um: dar o próximo passo. Na temporada passada, perderam no Divisional Round para o Buffalo Bills. Em 2023/24, a derrota foi ainda mais doída: na final da AFC, contra o Kansas City Chiefs.
O lado positivo é que boa parte da comissão técnica seguirá para 2025. Zach Orr vem para seu segundo ano como coordenador defensivo, enquanto que Todd Monken segue firme e forte no comando do ataque. Em tempos onde novas oportunidades para head coaches aparecem a cada esquina, manter a continuidade – e seus coordenadores – tem sido um desafio para as equipes do topo. Para o alívio de John Harbaugh e dos Ravens, isso não é um problema. O desafio é justamente conseguir o que falta: chegar ao topo.
4 – Queima de estoque na seção de peneiras!
Kyle Hamilton é muito bem quisto no nosso querido Partido Nickel, porém nem ele amenizou o desastre que foi a defesa aérea do Baltimore Ravens. Ela terminou a temporada regular como a 13° da liga, o que não é tão ruim no papel. Mas na prática e na primeira metade do ano, ela foi uma das piores – senão a pior – da NFL.
Existe o ponto de que foi a estreia de um novo coordenador ofensivo, claro. Por mais que Zach Orr já fizesse parte da comissão técnica, 2024 foi o primeiro ano de trabalho dele em um cargo mais alto. Logo, era de se imaginar que a defesa caísse de nível um pouco, mas que se encontrasse ao longo da temporada. Dito e feito: depois da semana 11, a defesa foi a melhor em EPA por passe cedido pelo ar. Em compensação, durante a semana 1 até a 10, ela foi a segunda pior da liga na mesma categoria.
O que piorou também essa equação foi a performance individual da secundária. Eddie Jackson, Marcus Williams, Brandon Stephens: escolha o seu culpado favorito, porque todos jogaram muito, mas muito mal em 2024. Para sorte da torcida, nenhum deles está no time mais. Em seus lugares, as grandes apostas estão em Jaire Alexander e no calouro Malaki Starks. Com Marlon Humphrey e o próprio Hamilton ao lado, a tendência é que a unidade melhore (de vez) para 2025.
3 – Roquan Smith F.C. (e quem mais cismar de pressionar o QB)
A situação de barril da secundária no começo do ano passado afetou também o front. Diferente dos anos sob a batuta de Mike Macdonald, o pass rush de Baltimore terminou 2024 como o 15° no percentual de pressões. Não tão ruim, mas não tão bom. Ainda assim, é um front com bastante talento e até um pouco subestimado, se você for olhar para os cidadãos não-chamados Roquan Smith.
Por falar no próprio, ele não teve uma temporada de encher os olhos no ano passado: 1,5 sacks, 1 fumble forçado e outro recuperado. A régua sempre é mais alta para os Pokémons especiais, mas isso não significa que ele já é carta fora do baralho. Roquan Smith é um dos defensores mais completos da liga e a sua presença faz com que outros jogadores do front consigam produzir também. Vide os números que Nnamdi Madibuike, Odafe Oweh e (o imortal) Kyle Van Noy tiveram em 2024.
Claro que existe a preocupação sobre a profundidade: David Ojabo nunca se provou como EDGE e Trenton Simpson é um linebacker muito ruim de se assistir, por exemplo. Entretanto, o front dos Ravens nunca foi – e nem será – de se jogar fora.
2 – God Save The King Henry
O grupo de recebedores continua basicamente o mesmo, exceto pela recente adição de DeAndre Hopkins. Se estivéssimos em 2016, seria lindo. Porém, estamos no senhor ano de 2025 e a sua grande adição para ajudar Zay Flowers (entre os wide receivers) ser a versão atual do Nuk diz muito sobre o que você quer para o seu ataque. Embora eu tenha as minhas próprias ressalvas acerca da sustentabilidade disso, entendo o recado que Harbaugh e Todd Monken, o coordenador ofensivo, querem passar: run the damn ball and God save the King.
Ele não apenas liderou a liga com 16 touchdowns terrestres durante a temporada regular. Derrick Henry foi “o” cara entre os running backs da AFC: até porque na Conferência Nacional, tinha um tal de Saquon Barkley. No ataque de Todd Monken, ele floresceu e se tornou o dono absoluto do backfield. Em 2024, ele teve 5,9 jardas de média corridas (o que é uma média altíssima). Para efeitos de comparação, quando ele foi o Jogador Ofensivo do Ano em 2020, sua média foi de 5,4 jardas terrestres.
Embora não tenha batido as 2000 jardas (ele quase conseguiu), é inegável que Henry teve uma das melhores temporadas da sua carreira: para alguns, a melhor. O seu encaixe com o esquema dos Ravens foi perfeito e, ao lado de Lamar Jackson, ele forma uma das duplas mais letais da NFL hoje. E aproveitando que estamos falando dele…
1 – Lamar Jackson
Eu poderia deixar apenas esse nome e finalizar o texto – ou também replicar o que falei sobre ele há algumas semanas atrás. Mas como diz meu amigo Alex Porto, é sempre bom demais espalhar a palavra de Lamar Jackson.
Onipresente, onipotente, onisciente e uma máquina de touchdowns. Lamar praticou o futebol americano como poucos, brigando semana a semana com Josh Allen pelo prêmio de MVP. Apesar do final agridoce, onde ele mesmo contribuiu para a derrota (com interceptação), o quarterback mostrou mais uma vez porque é um dos melhores da liga. Ele é a alma, o tesouro e o combustível dos Ravens: cenário que não deve mudar para 2025. Se ele conseguir demonstrar isso em janeiro e vencer jogos, Baltimore tem uma chance enorme de disputar o Vince Lombardi mais uma vez.
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