Um dos meus momentos favoritos do período do Draft é sentar e relembrar os recrutamentos passados. Não tem nada mais legal do que rememorar anos históricos, lamentar das escolhas de seu time e ser um ótimo engenheiro de obra pronta. Recomendo que você faça isso leitor, não tem nada mais divertido.
Aliás, não só recomendo – vamos fazer isso juntos! Mesmo com apenas um ano de vivência, o Draft 2021 nos presentou com várias histórias e jovens talentos que merecem um comentário à parte. É hora, então, de revisitar essa classe com os olhos de hoje, relembrando os momentos que a marcaram na primeira noite do recrutamento e como eles se apresentam agora.
A história dos quarterbacks
Diante de tantos talentos especiais, o Draft do último ano tinha um nicho diferenciado. A classe de quarterbacks se mostrava como uma das mais talentosas a atingir o recrutamento e, não à toa, foram cinco nomes da posição selecionados na primeira rodada, incluindo as três primeiras escolhas.
Trevor Lawrence, obviamente o primeiro nome que seria chamado naquela noite, sofreu em seu ano inicial com um Jacksonville Jaguars bagunçado. O projeto Urban Meyer foi um fracasso retumbante e o elenco tinha muitos buracos, minando o que poderia já ter sido um bom ano de estreia. A sina se repetiu para a escolha posterior com uma outra equipe carente na posição. Zach Wilson quase nada pôde fazer com o New York Jets dando apenas seu primeiro passo na reconstrução; vimos lampejos de seu teto, mas ainda foi muito pouco para uma segunda escolha geral.
Sobre Trey Lance, pouco se pode falar. Fica a expectativa de como será seu primeiro ato em definitivo, agora sim como titular. Justin Fields, infelizmente, foi engolido pela bagunça do Chicago Bears. Como Lawrence, deve se beneficiar com uma comissão reestruturada. O grande destaque da classe ficou por conta do último nome dela a ser escolhido na primeira rodada, Mac Jones. Nós já esperávamos que seu primeiro ano fosse bom pelo que ele apresentava na universidade, mas seu encaixe em New England superou as expectativas. Ganhando amadurecimento, o antigo prospecto de Alabama tem tudo para comandar a franquia por longevos anos.
Chase x Sewell, o Dilema de Cincinnati
Provavelmente, o grande debate que ocorreu antes do Draft. Quem o Cincinnati Bengals deveria selecionar? O estelar Ja’Marr Chase ou a rocha Penei Sewell? Os argumentos para ambos os lados eram inúmeros e, realmente, não havia uma resposta certa antes do recrutamento. No fim, a franquia de Ohio pode dizer que saiu com um grande sorriso no rosto.
Chase foi o calouro ofensivo do ano e peça crucial para a viagem ao Super Bowl – sua parceria com Joe Burrow foi mágica. Menos falado, Sewell teve um início de dura adaptação, mas viu melhora gritante após a metade do ano, principalmente quando transitou para o lado direito da linha ofensiva. No fim, todo mundo saiu satisfeito, ainda que o sorriso de Cincinnati tenha sido bem maior no primeiro momento.
Atlanta, Atlanta…
Quando Atlanta resolveu selecionar Kyle Pitts na #4 ao invés de garantir um quarterback para o seu futuro, alertamos: erraram. A saída de Julio Jones, mais um ano decepcionante e a tentativa (falha) de trocar por Deshaun Watson só comprovam que a equipe aprendeu isso da maneira mais dura possível.
O Draft nunca será uma ciência exata, mas em algumas situações é preciso trabalhar com as melhores probabilidades. Os Falcons poderiam ter selecionado um quarterback ou ter acumulado ativos descendo no recrutamento. Tomaram a pior decisão, no fim das contas. Quem se deu bem com isso foi o Chicago Bears, que encaminhou a escolha de Fields.
(Muitas) jovens estrelas
De cara, esse último recrutamento nos presentou com vários nomes que dominarão a liga nos próximos anos e já começaram sua carreira na NFL com o pé direito. Micah Parsons, calouro defensivo de 2021, foi uma força da natureza e transformou a defesa do Dallas Cowboys. Rashawn Slater foi excelente protegendo Justin Herbert, discutivelmente o melhor offensive tackle calouro. Patrick Surtain já é um nome de confiança na defesa do Denver Broncos.
E a lista segue: Jaylen Waddle (quebrou o recorde de recepções) e DeVonta Smith, especialmente na segunda metade da temporada, foram gratas surpresas na posição de wide receiver. Jaelan Phillips foi o vice-líder em sacks (8,5) do Miami Dolphins. Isso sem contar peças secundárias que ganham importância na composição do elenco.
Foi, realmente, uma classe especial, daquelas que falaremos ainda mais daqui dois anos, quando o destino dos jogadores tomar forma mais bem definido. Como a de 2011, que marcou uma era, a de 2021 já dá sinais de que marcará outra. Como é bom revisitar esses momentos.
