Narrativas são praticamente a espinha dorsal da NFL: aliás, ouso dizer que uma temporada só é boa quando se tem boas histórias. Para a nossa sorte, 2024 está recheado delas. Separamos algumas das melhores abaixo.
6 – A ressurreição do Washington Commanders
Alguns meses atrás, escrevi um texto sobre o bom começo de Jayden Daniels e a grata surpresa que é o Washington Commanders nesta temporada. Embora tenha passado por uma breve sequência de derrotas depois, nada apaga o excelente começo de Dan Quinn e sua comissão técnica na franquia. Para além do bom ataque sob a batuta de Kliff Kingsbury, a defesa, em outros anos considerada uma lástima, está em uma curva de evolução muito interessante nas mãos do treinador. Porém, talvez o mais importante de tudo seja a retomada da esperança: após uma gestão horrível e medíocre que manchou o passado vencedor de um dos times mais tradicionais da NFL, pela primeira vez em décadas, Washington tem uma perspectiva de futuro positiva.
5 – A volta por cima de Russell Wilson
Sunday Night Football da semana 7 contra os Jets. Nas vésperas da partida, Mike Tomlin anuncia um novo quarterback titular: sai Justin Fields, entra Russell Wilson que, até então, nem tinha estreado na temporada. Motivos para desconfiar não faltavam: Fields estava fazendo um trabalho honesto como titular e Wilson voltava de lesão – e da passagem catatrósfica em Denver. O começo dele naquela partida foi lento, mas foi só encontrar George Pickens no fundo do campo que não só a história mudou: o ataque também.
Aliado ao forte jogo terrestre e um esquema tático de Arthur Smith que o ajuda bastante, Russ voltou a jogar em um bom nível, algo que já não víamos nem na reta final de sua passagem em Seattle. Sorte do Pittsburgh Steelers, que não só está encaminhando a própria divisão, como também a ida para os playoffs – mas diferente de outros carnavais, esse time pode competir de verdade.
4 – O melhor tight end da NFL é um calouro (calvo)
Se você me dissesse em setembro que o melhor tight end da liga seria não só um calouro desprovido de cabelo, mas um que jogasse no Las Vegas Raiders, eu não ia acreditar nem um pouquinho. O prêmio de Calouro Ofensivo do Ano certamente irá para um quarterback, mas a voz do povo afirma: Brock Bowers é o campeão moral. Além de estar muito perto de quebrar o recorde de jardas da sua posição para um calouro, ele lidera a liga em recepções, com 84.
É isso mesmo que você leu: ele lidera a liga em recepções tendo Aidan O’Connell, Desmond Ridder e Gardner Minshew como quarterbacks, Luke Getsy de coordenador ofensivo no começo do ano e, claro, um doido varrido como head coach. Detalhe: no meio dessa bagunça chamada Raiders, ele só tem apenas três drops. Estamos vendo o surgimento de uma estrela.
3 – Classe de 2018: Renaissance
É o álbum da Beyoncé? Poderia ser. Porém, 2024 trouxe não apenas o aniversário de seis anos desta antológica classe de quarterbacks, como o “renascimento” de um deles: Sam Darnold. Depois de J.J. McCarthy se machucar na pré-temporada, todo mundo dava a temporada do Minnesota Vikings como morta principalmente por ter ele como o substituto. Pois bem: Darnold teve um começo de ano espetacular e, embora esteja longe de ser um titular a longo prazo, ele é um dos motivos pelo qual Minnesota está brigando por playoffs. Vale ressaltar o ótimo trabalho de Kevin O’Connell, Brian Flores e amigos ajuda, porém é aquilo: um bom plano de jogo precisa, acima de tudo, de uma boa execução.
Quanto aos demais nomes (você não, Josh Rosen), temos Baker Mayfield nos entregando memes de qualidade e mantendo Tampa vivo na briga pelos playoffs e claro: Josh Allen e Lamar Jackson jogando em altíssimo nível e disputando o prêmio de MVP. Seja lá quem vencer o prêmio, os grandes sortudos serão nós, que podemos assistir os dois ao vivo e à cores.
2 – Do you Bolieve in life after love?
A experiência Russell Wilson foi uma tragédia. Como bom agente cultural do caos que é, Sean Payton foi na sede das empresas ACME dos Looney Tunes e lotou o Denver Broncos de dinamite. Talvez a maior loucura, até a temporada começar, tenha sido draftar Bo Nix na 12° escolha geral. Corta para o momento atual: 8-5 de campanha, uma das melhores defesas da liga nas mãos de Vance Joseph e um ataque com o DNA de Payton. Tudo isso com um elenco sem nomes badalados e um quarterback calouro que evolui a cada semana. Hoje, o Denver Broncos está próximo de quebrar o jejum de pós-temporada: a última vez foi na campanha do Super Bowl, lá em 2016. Não fique surpreso se começarem a adaptar lá no Colorado uma certa música da Cher.
1 – A piada de ontem se torna o respeito do amanhã
Caso você tenha começado a acompanhar a NFL neste ano, talvez tenha pouca noção dos passados relativamente recentes de Detroit Lions e Los Angeles Chargers. Outrora vergonhas colossais, ambos começam a colher os frutos de uma boa reconstrução. Detroit já vê isso desde o ano passado: chegou na final da NFC e hoje busca a seed #1 da conferência. Já os Chargers estão nos primeiros passos: Jesse Minter faz um ótimo trabalho na defesa e o ataque, embora limitado, tem um Justin Herbert jogando o fino da bola. E claro: os discursos pós-jogo de Jim Harbaugh e Dan Campbell fazem até esqueleto sair do caixão. Cultura importa e muito na NFL.
Menções honrosas:
– o Arizona Cardinals de 2024
– Derrick Henry, Josh Jacobs e Saquon Barkley
– Bill Belichick (que pode ter um novo emprego em 2025)
Para saber mais:
Panorama dos playoffs: As chances de cada equipe antes da semana 14
Ep 109: Reta Final: Prognóstico dos playoffs
3 pontos que explicam o crescimento dos Seahawks
O que explica as melhoras de Anthony Richardson e Bryce Young?
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