“Ciara prefere Nova York”. Este foi um dos argumentos utilizados há algumas semanas por Colin Cowherd em seu programa diário nos Estados Unidos. Argumento para quê? Para uma potencial saída de Russell Wilson rumo ao New York Giants. Ciara é a esposa de Wilson, cantora de fama internacional. Cowherd é uma máquina de opiniões, das quais você não vê no Brasil com o futebol – talvez com o #Craque Neto, mas isso é assunto para outro dia.
Imediatamente, um “lost in translation” começou como um telefone sem fio aqui no Brasil. Como muitos acabam assistindo ao programa/segmentos de Cowherd no YouTube, tomou-se como verdade a saída de Wilson como algo que seria iminente. Não é. Há fumaça? Pouquíssima.
O que temos de concreto, neste momento, é que Wilson estabeleceu o dia 15 de abril – vulgo amanhã, segunda-feira – como prazo limite para negociação de um novo contrato com o Seattle Seahawks. Não é certo sobre o que acontecerá se após segunda não haja um contrato assinado pelas duas partes.
Afinal, por que estamos falando sobre isso?
“Os fatos podem enganar, enquanto os rumores, verdadeiros ou falsos, são sempre reveladores”. Com essa frase, o coronel Hans Landa segue seu interrogatório numa fazenda na zona ocupada pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. Embora a cena de Bastardos Inglórios seja fictícia, a frase proferida por Christoph Waltz em sua fenomenal interpretação nos leva sempre a pensar sobre rumores na NFL nesta época do ano.
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Neste domingo, o ProFootballTalk reportou que uma fonte indica que Russell Wilson “gostaria de jogar em outro lugar”. Jack Del Rio, ex-técnico do Oakland Raiders, também endossou o boato. O quanto de verdade haveria nesse rumor? O que ele nos revelaria?
Para começar, um rumor só é tomado como plausível se há terreno fértil para tanto. Não acredito que esse rumor seja forte o suficiente como uma potencial troca de Odell Beckham Jr, a qual reportei e muitos ficaram dodói – dizendo que não haveria possibilidade de acontecer. Lógico que haveria. Odell é um jogador difícil de lidar e o general manager, David Gettleman, já tinha o histórico de despachar jogadores “problemáticos” (ênfase no itálico) quando era o diretor geral em Carolina. Havia terreno fértil para o rumor. Eu só segui em frente com isso por conta dessa fertilidade.
Pergunta-se, portanto: há terreno fértil para que o rumor de Russell saindo seja germinado?
Há. Mas bem menos. E não porque “Ciara prefere Nova York”. A questão remete ao estilo de jogo e da montagem de elenco de Seattle. É um time muito mais predicado no jogo terrestre e, de alguma forma, isso pode incomodar Russell.
A ponto de que ele queira sair do time? Não acho que chegue a esse ponto. No máximo, é uma situação construída para que haja mais poder de barganha na mesa de negociações, como se Seattle tivesse mais a perder e, por isso, renovasse logo e por mais do que o time poderia estar disposto anteriormente. Isso casa com o fato de que Wilson colocou um “prazo” para as negociações.
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A partir de terça-feira, caso não haja um contrato assinado, podemos entrar na segunda parte do rumor e vê-lo aquecendo – ou não. Fato é: se Wilson assinar um novo contrato, isso com certeza fará dele o mais novo quarterback porrilhonário da NFL. Certamente será o maior contrato da história e, com isso, nenhum outro time iria trocar por Wilson – porque aí o time em questão perderia escolhas no Draft E herdaria um contrato pesado para quarterback (eis o motivo pelo qual uma troca por Derek Carr também é mais difícil que o comum, embora Wilson seja anos-luz mais desejável que Carr neste momento).
Por ora? Apenas um rumor e acredito que um rumor manufaturado para que Wilson tenha mais barganha nessa negociação. Ele pode evoluir para um rumor ainda mais forte nas próximas semanas. Enquanto isso, seguimos tratando com assunto com cautela – e não porque a esposa de Wilson quer dar um rolê na Times Square.
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