Com um espaço livre na folha salarial maior do que o PIB de algumas ilhas da Oceania ou o orçamento de muita empresa de grande porte, a expectativa era que Indianapolis fizesse barulho quando o mercado de agentes livres estivesse aberto. Especulava-se investidas por Trey Flowers, Earl Thomas e até Le’Veon Bell. Ao invés disso, a franquia gastou uma porcentagem mínima dos 102 milhões disponíveis no salary cap com apenas duas contratações: Devin Funchess e Justin Houston, o que de certa forma frustrou muitos torcedores.
Mais de que uma política de austeridade financeira do general manager Chris Ballard, isso revela uma mudança de filosofia em relação aos tempos de Ryan Grigson. Os Colts não querem mais brilhar em março durante a free agency, mas sim no Draft em abril. Ballard vem mostrando que confia muito no seu trabalho avaliando prospectos e, ademais, demonstrou uma confiança enorme nos atletas que já estão elenco.
Financeiramente é uma estratégia excelente; o contraponto, porém, é colocar uma pressão enorme na classe vinda do Draft, afinal ela será a responsável quase exclusiva pelo upgrade no plantel – Indianapolis, por sinal, foi à Semifinal de Conferência na temporada passada e a expectativa é que eles cheguem mais longe ainda em 2019.
Indianapolis deu uma aula de como ser coadjuvante na free agency
Reforçar-se na free agency significa quase sempre pagar mais dinheiro do que um jogador teoricamente vale, sobretudo no caso de nomes top de linha. Ao oferecer um contrato multimilionário de três ou quatro temporadas para um atleta de 27 ou 28 anos de idade, as franquias sabem que dificilmente ficarão com ele por tanto tempo e também sabem que o investimento provavelmente não será recuperado dentro de campo. Ademais, tais contratos costumam render um dead money considerável quando são rompidos, o que compromete o orçamento em curto e médio prazo.
É claro que buscar reforços pontuais entre os agentes livres é necessário para qualquer time, e vários elencos vencedores foram construídos assim, por isso não estamos querendo demonizar a free agency. Só mostramos alguns dos principais riscos ao utilizá-la em excesso. É o que aconteceu com os Giants, que quebraram a banca três anos atrás e hoje, a um custo enorme de salary cap, já se desfizeram de quase todas aquelas contratações estelares.
Pois bem, ao invés de apostar seu dinheiro na roleta da free agency, Indianapolis foi bem mais conservador. Ballard preferiu renovar os vínculos de vários titulares do ano passado, ao invés de buscar novos (e possivelmente mais caros) jogadores no mercado. Pierre Desir, Margus Hunt, Mark Glowinski, Clayton Geathers e Adam Vinatieri tiveram os contratos estendidos. O melhor é que mesmo com tanta grana disponível, os Colts resistiram à tentação de pagar mais do que eles valem e conseguiram fechar acordos ótimos com todos.
As duas únicas caras novas, conforme dissemos antes, são o wide receiver Devin Funchess e o EDGE Justin Houston. Ambos seguiram a lógica da free agency e ganharam muito dinheiro – 13 milhões em um ano, a depender de metas atingidas, é bastante generoso para Funchess. Entretanto, por se tratarem de dois vínculos curtos – respectivamente uma e duas temporadas -, não é nada que ameace o equilíbrio financeiro da franquia, até porque ela tem atualmente 60 milhões livres na folha salarial e está muito tranquila para 2020. É o famoso risco calculado.
A economia com agentes livres deixa Indianapolis em uma situação muito confortável para, por exemplo, estender o contrato de Andrew Luck, o que pode acontecer em 2019 mesmo ou no máximo em 2020, ou estender o vínculo de qualquer outro jogador que Ballard julgar importante. Certamente é isso o que o general manager tinha em mente ao não abrir a carteira.
Em contrapartida, os Colts necessitam de um Draft consistente
O ônus de não gastar com free agents é depender demais dos seus calouros, já que as carências do plantel só serão sanadas via Draft. No caso de Indianapolis, que tem ambição de playoffs e mesmo Super Bowl, Ballard precisa de jovens que entrem no time e contribuam imediatamente, pois não há muito tempo para sentar e aprender – ainda mais em um elenco raso de talento em várias posições. O cenário dos sonhos, claro, é o de exemplos como Quenton Nelson e Darius Leonard, mas você não conseguirá dois rookies All-Pros todos os anos.
Os Colts precisam, sobretudo, de jogadores para a linha defensiva que tenham impacto imediato. Sem brincadeira, basicamente 80% das simulações que você encontrar por aí mostrará a franquia selecionando um iDL com a 26ª escolha geral. Um defensive lineman com boa capacidade de invadir o backfield e principalmente parar o jogo terrestre é a maior necessidade do time. Os nomes se alternam entre Christian Wilkins, Dexter Lawrence, Jerry Tillery e até Jeffery Simmons – este último, porém, não faria tanto sentido, pois ele rompeu o ligamento do joelho há poucos meses e talvez nem jogue nesta temporada.
Outra posição que poderia contar com uma injeção de talento imediata é EDGE. A rotação de pass rushers deu resultado em 2018, mas não faria mal para Indy ter um apressador de passe principal – pela idade e histórico recente de lesões, Justin Houston não deve ser esse cara, mas sim alguém para ajudar pontualmente. A depender do desenrolar do recrutamento, algum EDGE interessante pode cair no colo da equipe na primeira rodada, o que seria difícil de resistir. Em todo o caso, com a segunda escolha da segunda rodada – aquela herdada na troca com os Jets -, Indianapolis está muito bem posicionado para pegar reforços para os dois setores se assim quiser.
Importante também seria buscar reforços para o corpo de wide receivers e a secundária, ainda que neste caso a ideia seja dar mais profundidade ao elenco e não trazer um titular logo de cara. Funchess é alto, forte e oferece algo novo ao grupo de recebedores, porém os Colts precisam de um upgrade no slot, lugar ocupado por Chester Rogers na temporada passada. A.J. Brown, de Ole Miss, pode ser um alvo.
Já na secundária, bem, você nunca tem cornerbacks demais, então reforços são sempre bem-vindos. A posição de safety também merece atenção, já que o contrato de Clayton Geathers só foi renovado por um ano e, além disso, ele não é um jogador top de linha e se machuca bastante. Os safeties estão voando bem abaixo do radar durante o processo pré-Draft, então é possível que ótimas opções existam até no final da segunda rodada. O ideal para Indy seria parear Malik Hooker com alguém competente parando o jogo terrestre.
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Enfim, Indianapolis precisa tirar o maior valor possível de cada uma das suas escolhas no Draft, principalmente das quatro que possui no top 100. Para o time subir de patamar em 2019, é preciso encontrar calouros que contribuam imediatamente, de preferência no interior da linha defensiva e na posição de EDGE. Este é o preço a se pagar por ignorar a free agency na montagem do elenco: a conta não chega na forma de contratos multimilionários, mas é cobrada com boas decisões no recrutamento.
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