Prévias 2019: Como os Patriots seguem como favoritos e se reinventando

New England se recarrega no Draft, a AFC East (ainda) não incomoda e o time tem bala na agulha e competência para no mínimo 10 vitórias e, novamente, a folga na primeira rodada dos playoffs. 

2019: O QUE VOCÊ PRECISA SABER!
New England se recarrega no Draft, a AFC East (ainda) não incomoda e o time tem bala na agulha e competência para no mínimo 10 vitórias e, novamente, a folga na primeira rodada dos playoffs.
PERGUNTA A SER RESPONDIDA
Rob Gronkowski vai fazer falta?
COM A BATATA ASSANDO
Derek Rivers, EDGE
JOGO MAIS IMPORTANTE
vs Chiefs, Semana 14
PRINCIPAL REFORÇO
Michael Bennett, EDGE

A dinastia nunca acaba. Pelo menos assim aparenta no segundo reinado patriota que estamos vivendo. Quando utilizei a manchete Acabou a Dinastia ao final de setembro de 2014, sem querer, acertei por vias tortas. Aquela dinastia de 2001-2004, com três títulos e múltiplas idas aos playoffs, de fato havia acabado. Em 2014, um novo New England Patriots nasceu e a grande virtude de Bill Belichick e cia é se reinventar. 2019 promete ser o ápice de uma nova reinvenção e, provavelmente, mais uma ida aos playoffs.

Como foi em 2018: (11-5, primeira posição da AFC East (AH VAH), campeão do Super Bowl LIII. Agora vai, a Dinastia vai acabar! Not. Agora vai, os Patriots começaram mal a temporada! Not. Agora vai, Tom Brady está tendo o pior ano estatístico em anos! Not. Agora vai, os Patriots não terão folga na primeira rodada dos Playoffs! Not. Agora vai, os Chargers têm um elenco excelente e montado como kriptonita de New England! Not. Agora vai, o Arrowhead Stadium com Mahomes é o inferno e o fim da Dinastia! Not. Agora vai, os Rams vão vingar o Super Bowl XXXVI! Not…

Draft 2019

Como um time campeão do Super Bowl tem tantas escolhas no top 101 do Draft? Inacreditável se pensarmos num time qualquer, mas não se pensarmos no New England Patriots. Bill Belichick há anos faz isso – recarrega o elenco ao não renovar com peças caras, ganhando escolhas compensatórias. De bônus, acumula escolhas descendo no Draft. Quando você tem um técnico de linha ofensiva como Dante Scarnecchia – que consegue fazer milagres com late picks – Tom Brady e Bill Belichick, aí dá para fazer isso na tranquilidade.

Embora não tenha endereçado a posição de tight end, isso não me incomoda tanto como analista. N’Keal tem potencial para trabalhar o meio do campo, como disse. Ainda, não podemos descartar uma chegada de Kyle Rudolph, que está na “bolha” no Minnesota Vikings após a chegada de Irv Smith Jr.

Winovich é um jogador com a cara dos Patriots. E outros escolhidos no meio do recrutamento caíram no lugar certo para brilhar – como Harris, Cajuste e Joejuan Williams. Ao que tudo indica, a dinastia segue: poucos Drafts (talvez os Redskins, como exemplo) foram tão bons como o dos Patriots.

Mais do Draft dos Patriots: Patriots recarregam elenco e podem ter “ganho” o Draft

1ª rodada (32): N’Keal Harry, WR, Arizona State
2ª rodada (45): Joejuan Williams, CB, Vanderbilt
3ª rodada (77): Chase Winovich, EDGE, Michigan 
3ª rodada (87): Damien Harris, RB, Alabama
3ª rodada (101): Yodny Cajuste, OT, West Virginia 
4ª rodada (118): Hjalte Froholdt, iOL, Arkansas
4ª rodada (133): Jarrett Stidham, QB, Auburn
5ª rodada (159): Byron Cowart, iDL, Maryland
5ª rodada (159):Jake Bailey, P, Stanford
7ª rodada (252): Ken Webster, Ole Miss

Free Agency 2019

Como sempre, os Patriots não deram um caminhão de dinheiro em renovações de jogadores defensivos e caros – a “vítima” da vez foi o EDGE Trey Flowers, que encontrou refúgio em Detroit com seu ex-coordenador defensivo, Matt Patricia. Para seu lugar…

Principal reforço: Michael Bennett, EDGE. Ainda tem muita gasolina no tanque e, como apressador de passe, pode ser mais fatal do que Flowers – que era um jogador mais “completão” em New England. Foi uma adição necessária, via troca com os Eagles, para fortalecer o setor que sofreu com a saída de Flowers e a decepção Adrian Clayborn – que foi o terceiro em sacks entre os EDGEs do time com apenas 2,5.

Principal perda: Rob Gronkowski, TE. Ele não era mais o mesmo, obviamente. Mas o nome na camisa às vezes é importante. Numa dada jogada no Super Bowl XXXII, Terrell Davis estava se sentindo zonzo e Mike Shanahan lhe colocou em campo mesmo assim apenas para que sua presença fizesse a defesa dos Packers acreditar que o jogo terrestre era possibilidade com o hall of famer alinhado atrás de John Elway. Era um play-action. Mesmo não estando no auge como recebedor, é essa ausência de Gronkowski que também faz parte após a aposentadoria: como as defesas tinham que trabalhar apesar dele.

Acabou a Dinastia?

Eu nunca vou me livrar dessa frase, então vou usá-la como humor autodepreciativo. Em resumo, não. Se você quer ler os motivos, vamos abaixo.

Para começo de conversa, o resto da AFC East (menos os Dolphins, em full tank) ainda está no “ano -1” em termos de competitividade. Eu realmente acredito que o Buffalo Bills e o New York Jets podem dar trabalho em 2020. Afinal, os Jets o fizeram na Era Mark Sanchez/Rex Ryan, então nenhum absurdo imaginar isso.

Mas não é só isso. Os Patriots ainda são uma máquina extremamente calibrada. Um rolo compressor com uma fórmula imbatível. Começam mal, Belichick usa manchetes apocalípticas da imprensa como motivação, o time engrena, joga em casa no Divisional Round (sempre com um plano de jogo absurdo e que pega os outros técnicos desprevenidos), dá o máximo na final de Conferência e chega ao Super Bowl. Nos três últimos anos foram assim. Mesmo com peças diferentes. Sabe a linha ofensiva do Super Bowl LIII? Então, ela era totalmente diferente da linha do Super Bowl XLIX, quatro temporadas antes. É surreal.

De toda forma, vamos endereçar o elefante na sala: Tom Brady não teve um bom ano. Seja cansaço, seja questão esquemática, seja o que for, os números demonstram que a temporada regular foi aquém do que estamos acostumados e os playoffs, também. Segundo o NFL Next Gen Stats, Brady teve passes viajando (em média) 7,6 jardas no campo – 24º da NFL. A agressividade, igualmente medida de acordo com o Next Gen Stats, foi apenas a 27ª da liga. Por um lado, o ataque não contou com todas as peças como deveria. Josh Gordon, Julian Edelman, Rob Gronkowski, todo mundo ficou fora por algum motivo. Mas, até aí, os Patriots já tiveram os Brandon LaFells da vida e a casa não ameaçou cair como no ano passado.

New England deu um jeito de chegar ao Super Bowl como sempre faz e com a sabida fórmula acima. Afinal, há mais intangíveis no futebol americano do que se aparenta. O ponto de tudo é que, mesmo num ano aquém de Tom Brady, ele ainda é eficiente quando importa. Se quiser imaginar, é como o oposto de Kirk Cousins em 2018. Quando importou – Chiefs, Packers, duelos divisionais – Tom Brady conduziu o time à vitória. Um quarterback não é apenas um passador e precisamos sempre ter isso em mente.

Falando de novo na linha ofensiva, a ausência de David Andrews (center, com coágulo no pulmão e fora da temporada) preocuparia em condições normais de temperatura e pressão. Mas Scarnecchia é tão bom que não é de se espantar que o reserva imediato, Ted Karras, faça uma boa temporada após ter sido titular por dois jogos em 2018. Na posição de left tackle, a novidade é o técnico Isaiah Wynn, escolha de primeira rodada dos Patriots no ano passado – ele substitui Trent Brown, um dos muitos “não pagos” por Bill Belichick em mais uma free agency. No mais, a linha volta com nomes que a credenciam como uma das melhores da NFL. Não é absurdo dizer que Dante Scarnecchia é o melhor técnico posicional da liga.

O comitê de running backs segue para 2019. A escolha de Damien Harris, RB, Alabama, evidencia isso. Produto de Nick Saban, Harris deve fazer as vezes que eram de LeGarrette Blount, antigamente, como power back e em goal line. James White segue recebendo passes como sempre e Sony Michel como híbrido e titular em terceiras descidas. A posição de tight end é uma gigante incógnita, mas para não me estender, o Henrique Bulio falou sobre aqui, sobre como será o funcionamento do esquema sem um tight end como Gronkowski.

Para terminar o ataque, o corpo de recebedores. Posso falar? Espera para a questão tática que eu coloco adiante. Aí você vai entender o porquê da omissão de um parágrafo maior. De toda forma, vale lembrar que a volta de Josh Gordon como all around e a presença de Julian Edelman e dos bons running backs recebendo passes faz com que esse elenco não seja nem de perto uma preocupação só porque Gronkowski aposentou. No meio da temporada, ainda temos a volta do calouro N’Keal Harry. Vai ficar tudo bem.

“Everything is happening as i have foreseen”

Secundária, a menina dos olhos de Belichick

Em meu livro, o Manual do Futebol Americano, menciono como pass rush e secundária operam como duas engrenagens. Se uma delas gira forte, ajuda a outra. Se o pass rush apressa o quarterback, este acabará passando a bola como não se deve por ter sido apressado – passes ruins e/ou interceptáveis ajudarão a secundária. Por outro lado, se esta marcar bem todo mundo, o quarterback fica como um pato no pocket e há mais tempo para os pass rushers chegarem até ele.

Aí que mora a genialidade de Bill Belichick. Em vez de gastar rios de dinheiro em pass rushers – que são mais caros, contratualmente falando – Belichick montou uma unidade fantástica na secundária e gastou menos no médio e longo prazo. A única contratação realmente cara é Stephon Gilmore e, bem, vale a pena conforme você deve ter percebido nos últimos anos. É um ciclo interessante pensar nisso, porque o primeiro trabalho de Belichick nos Patriots foi justamente como técnico de secundária, em 1996 – e o que lhe credenciou como homem confiável para Robert Kraft anos depois quando o time procurava um head coach. Silenciosamente, os Patriots foram terceiros em interceptações no ano passado e ainda testemunhamos a ascensão do “Malcolm Butler da vez” em J.C. Jackson. O trabalho feito por Belichick com essa unidade é sensacional.

O front preocupa um pouco. A unidade sofreu mais do que deveria contra o jogo terrestre no ano passado e a saída de um jogador tão completo como Trey Flowers é um baque. Nele, temos duas adições que podem acabar rendendo: a volta de Jamie Collins – outra contratação silenciosa – e Michael Bennett. A esperança do torcedor é que a secundária não precise ser tão somente o ponto alto dessa unidade. Vejamos se os números melhoram. Adicionalmente, Chase Winovich pode ser o Rob Ninkovich 2.0 – os sobrenomes me fazem fazer a comparação, me desculpem. Mas não só: ambos têm um motor extraordinário. Winovich fez uma excelente pré-temporada e a expectativa é alta. Ao menos, ante tudo isso, uma realidade: é um time bem treinado. Segundo o Football Outsiders, os Patriots foram o terceiro time com menos tackles quebrados na temporada passada. Numa unidade que não tem tantos talentos como outras da liga, isso faz diferença.

 

Foto automática que já temos no servidor para quando os Patriots vencem a AFC

O que mudou na intertemporada? A mesma coisa de sempre: sai um monte de jogador, entra um monte de jogador e os três aí em cima continuam. Logo…

Aspecto tático: Ok, vamos à parte que interessa e o porquê de eu ter dito acima que o corpo de recebedores preocupa menos do que deveria. Há o temor de New England não ter ido atrás de um tight end de calibre nem na free agency e nem no Draft 2019 mas a questão é que talvez não precise. Porque esse ataque não é como o de alguns anos atrás. Como o FOA 2019 escreveu, mais uma vez estamos diante de uma reinvenção belichischicka. Para quem não acompanhava na época, o Primeiro Reinado Patriota, até 2006, tinha como base um jogo terrestre eficiente e uma defesa bem treinada (com destaque para os linebackers e secundária). Depois veio aquela farra de Randy Moss, Wes Welker, Rob Gronkowski, Aaron Hernandez, Brady no auge com 50 TDs e etc.

Mas a essência dos Patriots é esta que voltamos a ver em 2018: um ataque cadenciado, inteligente e com viés terrestre. Vide os playoffs. Isso maximiza a eficiência de Tom Brady, controla o relógio, faz o Gillette Stadium jogar ao favor do time e leva os Patriots longe. É o oposto do que estamos vendo em vários times, com ataques aéreos e etc – e defesas pensando nisso. Ao pensar, como sempre, fora da curva, os Patriots estão à frente de todos. Quer a prova de como funciona? Em 2018, os Patriots tiveram 9,8 jardas por jogada em play action. Primeiros da NFL – e nenhum time vez mais o PA do que New England na Conferência Americana.

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Jogo mais importante: vs Chiefs, Semana 14. Pode ser o fiel da balança para jogar em casa numa potencial final da AFC ou não. Acho que um Tom Brady vs Patrick Mahomes não precisa de muita explicação aqui.

Pergunta a ser respondida: Rob Gronkowski vai fazer falta? Como disse antes, não acredito que tanta como muita gente imagina – o que não lhe credencia, para mim, como hall of famer e melhor tight end da história da NFL. Mas no ano passado ele já estava sendo bem mais bloqueador do que qualquer outra coisa. Então, nesse esquema atual, a pergunta parece já estar respondida.

2019: O que você precisa saber! New England se recarrega no Draft, a AFC East (ainda) não incomoda e o time tem bala na agulha e competência para no mínimo 10 vitórias e, novamente, a folga na primeira rodada dos playoffs.

Com a batata assando: Derek Rivers, EDGE. Uma hora a paciência vai acabar. Escolha de terceira rodada, praticamente não jogou por lesão e vem se recuperando de ligamento anterior cruzado rompido no joelho.

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Previsão para 2019

Não vou ocupar seu tempo aqui. Segue a dinastia. AFC East Champions, folgam na primeira rodada dos playoffs, detonam alguém em casa no Gillette Stadium. O time, pelo menos, deve chegar à final da Conferência Americana como vem fazendo em todas as temporadas desde 2011 (!!!!).

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