5 FORÇAS: COMO OS SAINTS VENCEM SEM BREES?

A ausência do lendário quarterback da franquia passou muito mais rapidamente do que o esperado, pois os Saints foram capazes de sair do fundo do poço e se impor como um dos melhores times da liga. Quais os cinco pontos que levaram a isso?

A sensação de estar no fundo do poço é uma das mais perversas e avassaladoras que podemos experimentar durante a vida, mas, também, é uma oportunidade de nos levantarmos mais fortes e de mostrar que podemos superar a queda.

Quando Drew Brees saiu machucado, no confronto contra o Los Angeles Rams na segunda semana da temporada, e a cena em que ele não consegue levantar uma bola de futebol americano vem à tona; torcedores, comissão técnica e todo o elenco do New Orleans Saints se sentiram da mesma forma: no fundo do poço – era o fim da jornada.

Afinal, ele é a estrela do time, o maior ídolo, o futuro Hall da Fama que sempre esteve com a franquia nos momentos de glória e nos momentos de trevas; foi Brees quem levou os Saints ao título em 2009, mas que também esteve lá quando a equipe viveu no marasmo do 7-9, evitando fracassos piores.

Com a lesão, a esperança de brigar pelo título se esvaía.

Nós, entretanto, não contávamos com algo: os Saints reuniram forças (ou melhor, cinco forças) para saírem do fundo do poço e, renovados, superaram a perda de sua estrela, tornando-se uma das equipes mais fortes da NFL. Quase 40 dias se passaram desde a lesão de Brees e a situação de New Orleans é completamente a oposta do esperado: a franquia lidera a divisão e venceu todas as cinco partidas desde que Bridgewater começou um jogo como titular.

Brees pode retornar no próximo final semana e seu período afastado dos campos pareceu passar mais rápido do que o esperado, afinal, cinco motivos “viraram o jogo” para o Saints durante a sua ausência e minimizaram o lado negativo da perda. Mais do que cinco forças, são cinco lições de superação que nos ensinam a superar a mais dura das adversidades – mesmo que pareça que chegamos ao fundo do poço.

1. Sean Payton

O que um indivíduo consegue fazer por aqueles que estão a sua volta nos momentos de dificuldade é o que o tornará um líder. Seja um auxílio, uma motivação ou uma dura, sempre há uma atitude que é esperada por aquele que toma a frente, com a expectativa que ele consiga mudar os rumos tortuosos e guie seu grupo a uma direção correta.

O que Sean Payton realizou desde a contusão de Brees foi exatamente isso. O técnico sustentou a motivação de sua equipe, permitiu que Bridgewater mantivesse-se o ritmo do ataque com chamadas ofensivas incríveis e os Saints continuaram na briga. A capacidade do técnico em “virar o jogo” após a contusão foi tão grande que Payton é, hoje, o favorito ao prêmio de “técnico do ano”.

Mais que um excepcional técnico ou um grande coordenador de chamadas ofensivas, Payton se mostrou o líder que os Saints precisavam no momento que a liderança de Brees dentro de campo foi arrancada deles. Tomando essa posição, a ordem voltou a ser imposta na equipe e a qualidade técnica do grupo manteve-se alta em todos os jogos desde então.

2. A defesa: o ponto de seguridade 

Como em uma guerra, quando seu poderio ofensivo é abalado, espera-se que a retaguarda esteja lá para lhe dar cobertura quando for necessário. O mesmo vale para os Saints: no início do ano, Bridgewater não pôde contar com o apoio de sua defesa e o ataque teve seu trabalho redobrado. Desde a partida contra o Dallas Cowboys, contudo, a unidade defensiva de New Orleans retomou o nível que nos acostumamos a ver nos últimos anos e voltou a ser o ponto de seguridade da franquia.

O que sustenta esse ressurgimento são as atuações em alto nível de seus dois principais pilares: Cameron Jordan e Marshon Lattimore. Quando seus capitães estão dando a alma em campo, todo o conjunto é energizado e o fundo do poço começa a não parecer tão fundo assim.

Jordan sempre foi a principal peça da unidade e um dos jogadores defensivos mais subestimados da NFL. O EDGE está em outra temporada sensacional e, além dos bons números e da cogitação ao prêmio de “jogador defensivo do ano”, vem contribuindo para a evolução de outra peça defensiva: o segundanista Marcus Davenport. O outro principal nome é Lattimore, o qual reacendeu após um péssimo início de temporada. Com um aparente retrocesso nas primeiras partidas, o cornerback voltou a apresentar o nível que nos acostumamos a ver e está sendo fundamental para a elevação do nível da secundária.

3. O jogo terrestre 

Se esse texto fosse elaborado há uma semana, provavelmente eu me limitaria a falar de Alvin Kamara; afinal, ele está lidando muito bem com a dupla pressão que recaiu sobre si em 2019: é sua primeira temporada como o principal corredor da equipe e, ao mesmo tempo, a lesão de Brees ocorreu. Mesmo com esses dois empecilhos, Kamara vive grande fase e todos os créditos lhe devem ser dados, mas o que ocorreu com o jogo terrestre dos Saints, na partida contra o Chicago Bears, me força a ampliar o recebimento de mérito aqui.

A excelente partida de Latavius Murray no último fim de semana, em que Kamara não atuou por lesão, indica que os créditos devem ser dados não apenas aos running backs, mas a fantástica linha ofensiva de New Orleans. Quando seu quarterback se lesiona, o jogo terrestre é sobrecarregado e a defesa volta seu plano de jogo a limitá-lo. Portanto, o sucesso dos running backs dos Saints é um dos principais pontos que reduziram o peso da ausência de Brees durante as últimas semanas e que, também, elevam ainda mais a real qualidade da linha ofensiva da franquia – mostrando que até as adversidades “mais pesadas” podem ser superadas.

4. Michael Thomas

Que Michael Thomas é um dos melhores wide receivers da liga e que mereceu cada centavo de seu novo contato, todos nós sabemos; o que não se imaginava é que ele puxaria a responsabilidade do grupo de recebedores para si, tal qual Kamara, de uma forma poucas vezes vista.

Thomas é o líder da liga em recepções e em jardas aéreas até aqui, agarrando até bombas atiradas em sua direção. A expectativa de suas atuações durante o período de ausência de Brees era justamente essa e o recebedor vem cumprindo-a com perfeição, sendo o alvo de confiança para quem Bridgewater pode lançar a bola até na pior das situações. Sempre há a necessidade de ter alguém que nos auxilie a buscar o nosso melhor e o que Thomas realiza com seu quarterback é justamente isso: está lá para incrementar o jogo deste, já que o restante do grupo de wide receivers dos Saints não transmite a mesma sensação.

5. Teddy Bridgewater 

O melhor sempre fica para o final. Bridgewater representa uma dupla renovação nesse processo, afinal, o quarterback já havia chego ao fundo do poço uma vez e isso lhe ajudou a evitar que a franquia que defende fosse para terras mais profundas. Quando atuava pelo Minnesota Vikings, uma horrível lesão no joelho quase colocou tudo a perder para Bridgewater e, na melhor das hipóteses, ele passaria o restante de seus dias na liga como um reserva de luxo.

A oportunidade, contudo, surgiu quando Brees se lesionou. Ele não poderia deixar seu futuro como titular na NFL escorrer por entre seus dedos e agarrou a sua chance como Michael Thomas agarra seus passes. Não, ele não é o quarterback mais talentoso do mundo, mas vem fazendo o que precisa ser feito: o básico com maestria.

Os Saints não ganharam as cinco partidas até aqui por acaso, seu quarterback substituto foi peça chave nisso. Seja apenas controlando o jogo com passes curtos ou soltando o braço para uma chuva de pontos, Bridgewater permitiu que a ausência de Brees fosse sentida em uma escala muito menor e mostrou seu talento – a oportunidade foi agarrada com sucesso.

Sim, ele voltará para o banco quando Brees estiver 100% saudável, mas garantiu seu futuro como titular na liga ao retirar os Saints do buraco que se meteram com a contusão de seu maior ídolo. A carreira de Bridgewater continuará a todo vapor, seja como futuro sucessor de Brees em New Orleans ou em outra franquia da liga, a trajetória de superação continuará.

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