Chegou ao fim a temporada regular da NFL! Agora fica aquele misto de saudade, pelo fim da maratona dos jogos, com ansiedade pela chegada dos playoffs. Convenhamos que a cereja do bolo vem agora. Começam também as especulações pelas trocas de treinadores, renovações de contrato e trocas de jogadores, além da clássica corrida do Draft, com todas suas cortinas de fumaças e trabalho de scouting. Antes disso tudo, separei 5 lições da derradeira rodada da temporada regular.
1- Brian Flores e os Dolphins merecem muita atenção
Não por acaso o Miami Dolphins foi taxado como um dos piores times já vistos na NFL ao começar da temporada. Com um elenco muito fraco tecnicamente por conta de trocas para acumular picks no draft em 2020, os Dolphins tomaram mais de 30 pontos em cada um dos seus seis primeiros jogos, com direito a surras homéricas para o Baltimore Ravens (59 a 10) e New England Patriots (43-0). A temporada com 16 derrotas parecia questão de tempo e a franquia de Miami era motivo de zombaria.
Pois bem, Brian Flores tinha um plano. E o plano sempre esteve claro para ele e para toda direção do time: usar 2019 como um grande laboratório e entender quem tinha qualidade suficiente para ficar para 2020. O treinador começou a dar seu toque no time e vitórias inesperadas surgiram, como contra o Indianapolis Colts e Philadelphia Eagles. Contra o mesmo Patriots, em Foxboro, o apogeu: vitória nos segundos finais, tirando a folga do rival nos playoffs. Se os Dolphins fizeram esse estrago sem peças e com Ryan Fitzpatrick como quarterback, 2020 soa promissor.
2- Drew Lock fez por merecer sua chance
Sim, eu sei que nunca fui um grande fã de Drew Lock no processo do draft. Não compactuava do seu hype e o achava um prospecto um tanto cru. A questão é que o prospecto não existe mais: hoje Lock é um jogador na NFL. E como tal, questões relativas a ele como prospecto ficam no passado. O novato sofreu uma lesão e só teve oportunidade estrear apenas na semana 13. O Denver Broncos tinha campanha de 3-8 até então: terminou com 7-9 e dando esperanças aos seu torcedores.
O sistema é facilitado para Lock e bem montado pelo coordenador ofensivo Rich Scangarello? Ele o executa com eficiência, coisa que seus antecessores Brandon Allen e Joe “Elite” Flacco não faziam. Lock ainda tem problemas técnicos? Claro, mas todos calouros têm. Podemos dizer que ele fez por merecer a chance de em 2020 provar ser o quarterback da franquia ou não. Que os Broncos lhe deem armas e uma linha ofensiva para que a prova real seja tirada.
3- O Baltimore Ravens é o time com mais identidade dos últimos anos
Quem viu o Baltimore Ravens jogando a temporada toda sabia o que esperar em cada jogo: um time com jogo corrido forte, armado para Lamar Jackson poder usar todo seu atleticismo e diminuir seus problemas de precisão passando. Uma defesa forte e sólida, com capacidade de ser crucial em jogos duros, mesmo com alguns apagões. Um time com uma cara, uma identidade. Méritos para a comissão técnica de John Harbaugh.
O detalhe é que na semana que se passou, os Ravens pouparam diversos titulares. O jogo contra o arquirrival Pittsburgh Steelers não representava nada, afinal o time de Maryland já tinha garantido o primeiro lugar da conferência. Com vários jogadores de menor participação, seria normal que o time mostrasse variação de execução. Pois foi pelo contrário: o playbook foi o mesmo, as execuções as mesmas e todos jogadores sabiam exatamente o que fazer, tanto que a vitória veio por 28 a 10. Não existe um time que tenha mais identidade que esse Ravens na temporada e sendo honesto, não me lembro nos últimos 10 anos.
4- Acabou a gordura dos Packers
Ok, eu sei que o Green Bay Packers se classificou ganhando sua divisão e terá folga na semana do wild card dos playoffs. Mas convenhamos, a “gordura” de más atuações do time foi toda gasta nessa temporada. Os Packers tiveram vários deslizes que quase resultaram em derrotas em jogos que deveriam ter vencido com certa facilidade. O Detroit Lions, neste domingo foi um exemplo claro: os Packers perdiam por sete pontos até pouco mais de cinco minutos do fim e só venceram com um field goal no estouro do relógio.
Por mais que vencer jogos apertados e em que o time não atue tão bem seja importante, a frequência de jogos apertados ou com emoção contra adversários desprovidos de tanta força foi muito grande. Aaron Rodgers não vem bem, tendo apenas lampejos de genialidade, os recebedores são máquinas de drops e a defesa tem oscilações. Os playoffs são cruéis e as chances de dar a volta por cima nem sempre estarão lá. É melhor os Packers serem mais sólidos ou seu caminho pode ser abreviado.
5- O Cincinnati Bengals tem jeito
Sábado o quarterback Joe Burrow teve uma performance de gala jogando por LSU, na vitória sobre Oklahoma, nos playoffs do futebol americano universitário. Pressupondo que Burrow será a escolha número 1 no próximo draft e que essa escolha pertence ao Cincinnati Bengals, li muitos tweets dizendo que o time de Ohio “acabaria com a carreira de Burrow”. Não é bem por aí que a banda toca na NFL.
Primeiro que o draft serve justo para isso: equipes mais fracas pegam jogadores antes, para manter o equilíbrio. Ou alguém acha que quando Cam Newton foi escolhido o Carolina Panthers era uma máquina? E que o Philadelphia Eagles estava maravilhoso quando Carson Wentz foi a escolha número 2 em 2016? A recuperação faz parte de qualquer time e escolher um quarterback é o primeiro passo. Os Bengals vão passar por isso.
E por mais que achemos que a situação seja caótica em Cincinnati, existem boas peças. Joe Mixon é um belo running back e que faz estragos. A.J. Green deve renovar e ainda é um wide receiver muito produtivo. Tyler Boyd é um recebedor em ascensão e Auden Tate se provou um bom complemento. O left tackle Jonah Williams, escolha número 11 do último draft e que não jogou na temporada por lesão, estará de volta. O futuro dos Bengals e Joe Burrow não é tão nebuloso quanto querem pintar.







