E OS TREINADORES QUE SOBREVIVERAM AO HOT SEAT?

Adam Gase, Matt Patricia, Dan Quinn e Doug Marrone conseguiram sobreviver em seus cargos após o fim da temporada; o que podemos esperar deles em 2020?

Passada a Black Monday, a segunda-feira após o último dia da temporada regular na qual diversos treinadores perdem seus empregos, sabemos oficialmente quais head coaches serão e quais não serão mantidos em seus cargos para 2020. O número de demissões desde o início de 2019 foi menor que o esperado, com Jay Gruden e Ron Rivera demitidos antes mesmo do fim da temporada e Freddie Kitchens, Pat Shurmur e Jason Garrett sendo dispensados após a semana 17.

Se levarmos em conta as emoções envolvidas entre os presentes, a Black Monday da NFL é sempre um dia terrível – são diversas pessoas perdendo seus empregos. Mas sejamos honestos: nós, na condição de fãs, não somos racionais assim. Quando um treinador está fazendo um trabalho ruim e é demitido, ficamos felizes. É uma coisa natural. O oposto pode ser dito quando um treinador que a gente não gosta é mantido no cargo: ficamos extremamente decepcionados que ele ainda tenha um emprego.

Embora haja um número maior de técnicos que não impressionaram em 2019, quatro deles são casos em que a insatisfação da torcida era muito grande, no entanto, os donos das franquias decidiram pela continuidade do trabalho na próxima temporada – alguns foram uma grande surpresa. No artigo de hoje, abordaremos os motivos pelos quais as organizações não encerraram os ciclos com Adam Gase (New York Jets), Matt Patricia (Detroit Lions), Dan Quinn (Atlanta Falcons) e Doug Marrone (Jacksonville Jaguars), assim como daremos um panorama do que esperar em 2020 nesses quatro times.

Adam Gase: poucos motivos para contratá-lo, menos ainda para mantê-lo.

A contratação de Gase já foi totalmente questionável por vários motivos. Conhecido por ser um treinador de mentalidade ofensiva, ele nunca apresentou um desempenho satisfatório liderando um ataque com exceção do período em que trabalhou junto de Peyton Manning no Denver Broncos. Seu trabalho em Miami passou longe de qualquer expectativa, apesar da classificação para a pós-temporada em 2016. Você já parou pra reparar como esse foi o melhor da carreira de jogadores como Ryan Tannehill, DeVante Parker, Kenyan Drake, Minkah Fitzpatrick etc? Existe um denominador comum entre esses jogadores.

New York certamente melhorou de desempenho na segunda parte de 2019, vencendo 6 dos últimos 8 jogos – não importa que eles fossem contra uma tabela fácil nesse momento; contudo, olhando como organização, você tem de considerar o plano inteiro, e o dos Jets não parece muito animador nos próximos anos enquanto Gase estiver por lá. Ouvimos muito sobre a cultura que ele tentou implantar em Miami e sabemos que isso não deu certo; o panorama atual não é tão diferente.

Qual o principal objetivo dos Jets para a próxima década? Desenvolver Sam Darnold num franchise quarterback para que o time possa ser competitivo. O quarterback mostrou alguma evolução em seu segundo ano, mas seu potencial é muito alto para o que ele apresentou em 2019 ser considerado satisfatório. Além disso, não há muito material que nos forneça alguma evidência que Gase é a pessoa ideal para desenvolver Darnold… ou liderar os Jets.

Não parece que haverão mudanças na comissão técnica para 2020, o que significa que Dowell Loggains será mantido como coordenador ofensivo, o que é outra decisão questionável. É entendível o dono Christopher Johnson querer manter Adam Gase pelo argumento de Darnold ter de aprender o terceiro sistema ofensivo em três anos no caso de uma possível demissão, entretanto, esse argumento perde força quando simplesmente não existe prova de que o sistema atual é efetivo e o ajudará a se tornar um grande jogador.

Não é como se esse fosse o primeiro ano dele na liga e estivéssemos descobrindo quem é Gase: os três anos em Miami já mostraram muito sobre o treinador que ele é. Os Jets demoraram muito para demitir Todd Bowles; eles não podem cometer o mesmo erro com Adam Gase.

Matt Patricia: Lesões afetaram o desempenho, trocas aconteceram no staff

Depois de dois anos de Patricia em Detroit, o torcedor da equipe tem algumas motivações justas para questionar o porquê dele ainda ser o técnico dos Lions. Jim Caldwell, o antigo treinador, foi demitido depois de duas temporadas positivas consecutivas; por que Patricia, vindo de um ano com 3 vitórias em 16 jogos e que só venceu 9 jogos desde que assumiu a equipe recebeu mais uma chance?

Ao que parece, a família Ford está bastante convencida que o Patriot Way pode ser replicado com sucesso em Detroit, mesmo que leve algum tempo para que isso dê certo. Patricia certamente vende para os donos da franquia a ideia de desenvolver jogadores que se adaptem à cultura é importante, e as diversas lesões de jogadores importantes ao longo de 2019 também foi um argumento a favor da manutenção do treinador e do general manager Bob Quinn.

Por fim, não é como se a temporada ruim não tivesse tido efeitos na organização: 6 treinadores foram demitidos após a semana 17, o mais importante deles sendo o coordenador dos times especiais John Bonamego; depois, o coordenador defensivo Paul Pasqualoni se aposentou: apesar de não ter sido demitido, seu trabalho, francamente, foi terrível, então é um alívio para o torcedor. No fim, a manutenção de Patricia não é tão ruim, todavia, ele não vai sobreviver se os Lions fracassarem em 2020, independente do motivo.

Dan Quinn: desempenho no final de 2019 o manteve no emprego – coisa que não deveria ter acontecido

Assim como no caso de Adam Gase nos Jets, o bom desempenho na parte final da temporada dos Falcons foi suficiente para Arthur Blank, dono da franquia, dar uma última chance para o treinador Dan Quinn e o general manager Thomas Dimitroff.

Depois de mais um ano muito abaixo das expectativas, a demissão de Quinn parecia mais do que certa durante os meses de outubro e novembro; mais do que isso, vimos o treinador rotacionando as funções de seus assistentes, um movimento que acontece na prática em comissões técnicas que sabem que não sobreviverão ao fim da temporada e, por isso, procuram dar mais experiência aos assistentes para que tenham melhor sucesso buscando emprego na temporada seguinte; contudo, semelhante ao caso de New York, 6 vitórias nos últimos 8 jogos fizeram com que o emprego do treinador fosse mantido.

O ápice da era Dan Quinn em Atlanta aconteceu em 2016, quando o time venceu a Conferência Nacional e por pouco não conquistou o Super Bowl. Mas já se passaram três temporadas desde então, e os Falcons nunca voltaram a jogar num nível satisfatório e que correspondesse ao talento que existe no elenco. O time tem um franchise quarterback que está no top 10 da liga, um dos melhores recebedores da história, uma defesa recheada de playmakers… e vem de duas temporadas negativas.

Independente das duas vitórias que chamaram a atenção de Arthur Blank (Saints e 49ers) e da sequência no final da temporada que mudou a cabeça do dono, o péssimo início de Atlanta nos últimos dois anos e o fato do time passar longe de corresponder as expectativas, no fim das contas, deveria ter resultado na demissão. Quinn e Dimitroff receberam mais um ano para tentar mudar a sorte da organização, porém, o sentimento mais presente é de que eles não o deveriam – se o time não acumular uma temporada fenomenal, 2020 será a cartada final.

Doug Marrone: a demissão de Schrödinger

No dia anterior ao season finale do Jacksonville Jaguars, a repórter Dianna Russini, da ESPN, fez o seguinte tweet:

Não faz tanto sentido, né? Basicamente, de acordo com o tweet, Marrone foi informado que seria demitido depois do jogo final dos Jaguars. Como sabemos agora, ele foi mantido no cargo.

Desde que o Jacksonville Jaguars chegou a final da Conferência Americana em 2017, o time foi por água abaixo em todos os sentidos. A renovação de contrato de Blake Bortles foi um desastre; a defesa caiu muito de produção e, no meio do caminho, trocou Jalen Ramsey, sua principal estrela. Além disso, os Jaguars investiram muito dinheiro em Nick Foles na free agency e essa contratação é um fracasso evidente.

Por que Marrone foi mantido apesar de tudo isso, afinal? Porque, como ficou claro nas semanas recentes, muitas dessas decisões ruins passavam por um membro da organização: Tom Coughlin. Não foi a toa que vários ex-jogadores ‘comemoraram’ publicamente a demissão do ex-executivo, e até mesmo a NFLPA soltou uma nota oficial dizendo que os jogadores que forem agentes livres e puderem escolher sua nova casa deveriam tomar cuidado com os Jaguars. A demissão de Coughlin por parte de Shad Khan mostra basicamente que, na cabeça do dono, a culpa pelos recentes anos ruins é exclusivamente de Tom.

Isso não significa que Marrone não tem sua parte de culpa: como dissemos, os Jaguars caíram muito de produção em campo, e a decisão de não dar a titularidade oficialmente à Minshew é questionável. Não há margem para fracasso em Jacksonville em 2020, porém, ao menos por agora, o emprego do treinador está à salvo.

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