Curti: DISPONÍVEL PARA TROCAS, TRENT WILLIAMS DEVE MEXER COM O MERCADO DE LINHA OFENSIVA

Um dos melhores offensive tackles da NFL está disponível para trocas – times interessados não faltarão

Todo ano é a mesma coisa: um offensive tackle mais ou menos de alguma equipe não tem renovação e acaba chegando ao mercado de free agents. Considerando a proliferação de spread offenses nos College Football, vem sendo cada vez mais raro que encontremos jogadores da posição que sejam “ligue na tomada e jogue”. A explicação disso está em vários fatores, mas principalmente porque na spread offense os bloqueios não precisam ser sustentados de maneira prolongada como em sistemas mais ortodoxo que encontramos na NFL.

Com essas dores de crescimento e poucos programas universitários rodando sistemas parecidos ao dos profissionais (Stanford, Notre Dame e Wisconsin como celeiros, notoriamente), o valor de um offensive tackle no Draft é menor do que em décadas anteriores. É cada vez mais comum que o OT seja lapidado como um quarterback até que possa virar titular.

Isso, naturalmente, aumenta o valor de offensive tackles veteranos na free agency que, ao contrário da maioria desses calouros, sejam “plug and play”. É o caso das classes ano após ano, com jogadores sendo “hypados” justamente por já poderem serem titulares desde o primeiro dia. Já vimos casos assim em anos anteriores, como Nate Solder no New York Giants, por exemplo, cujo contrato superou a produção e em muito.

Neste ano a situação não é diferente. Jason Peters é free agent e tem 38 anos. Mesmo assim deve ter ofertas. Jack Conklin, que a meu ver é superestimado, deve receber contrato de no mínimo 15 milhões de dólares nesta free agency. Ainda, temos Anthony Castonzo, que esteve com o Indianapolis Colts até ano passado e que contemplou aposentadoria mas que volta para 2020. Como visto, a oferta na posição é baixa em termos de valor.

Mas por que o preço será alto? Por conta da demanda. Além da questão veterano/novato que falei acima, ainda temos a demanda forte neste ano por jogadores da posição. O Miami Dolphins encabeça a lista, tendo necessidade nas trincheiras e sendo o time, de longe, com mais dinheiro para gastar neste ano. Mas não estão sozinhos. Temos o Los Angeles Rams, também. A equipe teve severos problemas na linha ofensiva em 2019 e tem em Andrew Whitworth um left tackle à beira da aposentadoria. Considerando como Jared Goff jogou mal quando teve uma linha desfalcada e como foi um dos piores quarterbacks da liga antes da chegada de Whitworth.

Talvez o caso mais impactante na posição, contudo, seja o Cleveland Browns. A equipe teve o rótulo de grande decepção na temporada passada e, além das trapalhadas de Freddie Kitchens e da boca grande de Baker Mayfield, as pontas da linha ofensiva têm de serem consideradas suspeitas para o resultado da temporada. Cleveland tinha uma das piores unidades da liga e desde a aposentadoria de Joe Thomas não encontrou solução na posição de left tackle.

E onde o título deste artigo entra nessa história?

Justamente. Achei que você não fosse perguntar. É inquestionável que a posição de left tackle é nobre, mas em termos de mídia a linha ofensiva é um tanto quanto abandonada. Quando pensamos num jogador que esteve fora dos holofotes na última temporada e num mercado consumidor com menos impacto e torcida aqui no Brasil, então pode ser uma notícia que passará batida. Mas não deve.

Na semana passada, o Washington Redskins permitiu que o staff de Trent Williams procure interessados para troca. Williams queria um contrato na temporada passada mas a então administração do time achou por bem não lhe dar um – lesões constantes podem ter sido o motivo, mas a meu ver foi uma decisão temerária considerando que o time contava com um quarterback calouro em Dwayne Haskins e toda proteção a um novato da posição, bem, é pouca. Sem contrato, sem jogo: Williams não foi a campo na temporada passada, fazendo greve.

Mas, afinal, quão bom ele é? Olha, posso garantir que é melhor do que os outros da classe de free agency. Williams, embora tenha lesões no currículo, tem apenas 31 anos – novo para um free agent, ainda mais offensive tackle. Ainda, em sua última temporada, ele jogou bem demais. Segundo NFL Next Gen Stats, foram apenas um sack cedido e nove hits no quarterback.

Apenas um sack cedido.

E nove hits? É praticamente apenas um a cada dois jogos. Digamos que os Redskins precisavam disso no desenvolvimento de Haskins. Seja como for, a ponte ainda parece não estar 100% queimada entre as partes por conta do histórico de Ron Rivera, novo head coach da equipe. Rivera tem fama de ser um “parça” dos atletas e os dois lados voltaram a conversar. Mas, considerando que Williams não jogou durante toda uma temporada, creio que os Redskins sejam página virada em sua carreira.

Agora resta saber…  E o preço que pagarão? Salgado. Laremy Tunsil foi trocado em pacote que envolveu duas escolhas de primeira rodada – do Houston Texans para o Miami Dolphins. Como os Redskins têm menos barganha após a greve, acho difícil que sejam duas primeiras rodadas envolvidas, mas ainda assim deve ser salgado – afinal, Williams é um jogador de quilate superior ao de Tunsil.

O ideal é que a novela tenha desfecho antes da free agency começar. Para as duas partes. Porque depois da free agency a demanda dos times diminuirá. Afinal de contas, as equipes vão se resolver com o que há de disponível no mercado se não conseguirem troca por Williams. Então, em resumo, os Redskins correm contra o tempo. Primeiro, para renovar com Brandon Scherff, guard que é free agent e provavelmente o melhor da posição na classe. Depois, para resolver a situação de Trent Williams. Seja trocando ou, num milagre, renovando.

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