A NFL teve cerca de quatro meses para planejar um retorno seguro ao futebol americano em meio à pandemia de Covid-19 que assola os Estados Unidos e o mundo, porém até o momento não foi capaz de tomar várias decisões importantes em relação aos protocolos de saúde para a temporada. Isso gerou uma crise entre a liga e os jogadores, os quais fizeram uma grande manifestação nas redes sociais no último domingo cobrando esclarecimentos – J.J. Watt, por exemplo, foi bastante didático ao expor as preocupações dos atletas.
Agora, às vésperas do início dos Training Camps, o tempo urge para que a NFL chegue a um consenso com os jogadores e a NFLPA, a entidade que os representa, caso contrário podemos ter atrasos no cronograma ou até mesmo disputas nos tribunais.
Primeiro passo foi dado, mas ainda é pouco
A reunião do último dia 20 de julho foi um primeiro passo importante, mas o imbróglio ainda está longe de ser resolvido. De qualquer modo, foi decidido que atletas, membros da comissão técnica e funcionários das equipes seriam testados diariamente durante as duas primeiras semanas do Training Camp – este começa oficialmente no dia 28. Caso a taxa de resultados positivos esteja abaixo dos 5% após o período, a frequência de testes diminuirá.
Também foi oficializado que um jogador só poderá frequentar as instalações dos times depois de dois resultados negativos consecutivos em um intervalo de 24 horas. Contudo, se o resultado for positivo, será preciso ver se o infectado é sintomático ou não, o que determinará o prazo para o seu retorno – por exemplo, o prazo será de 10 dias desde a ocorrência dos primeiros sintomas e mais 72 horas a partir do momento em que os eles sumirem.
Tais medidas somam-se a algumas outras tomadas pela liga, como a reorganização dos vestiários para diminuir o contato entre os atletas, a proibição da tradicional troca de camisas depois das partidas e a criação de níveis de acesso para os funcionários das franquias e jornalistas, diminuindo a circulação de pessoas nos estádios e nos centros de treinamento.
O que falta ser decidido?
A grande divergência entre NFL e NFLPA é em relação à pré-temporada. Os atletas gostariam de um período de aclimatação maior, pois não fizeram treinamentos oficiais durante a offseason – não tivemos, por exemplo, OTAs ou Minicamps. Isso significa fazer apenas um ou mesmo nenhum jogo de pré-temporada. A liga, por sua vez, gostaria de manter as duas partidas anteriormente acordadas.
Na segunda-feira surgiu a informação de que a NFL teria cedido e aceitado cancelar os duelos de pré-temporada, um importante passo para um acordo com a associação dos jogadores, porém até o momento em que estamos escrevendo este texto não há nada definitivo a respeito.
Outro ponto importante em que falta clareza é sobre a presença ou não de público nos jogos da temporada regular. A NFL pretende deixar a cargo das franquias decidir se haverá ou não torcedores nos estádios, a depender das recomendações dos governos locais. Isso tende a virar motivo de discussão e muita polêmica nas próximas semanas. New York Giants e New York Jets, por exemplo, já soltaram um comunicado conjunto dizendo que não haverá público no MetLife Stadium até segunda ordem.
Por fim, há também outros aspectos financeiros e competitivos da liga. O que acontecerá com quem testar positivo durante a temporada? Ainda não se sabe. Especulou-se que a NFL criaria uma Injured Reserve especial para casos de Covid-19, na qual os jogadores poderiam voltar ao time após no mínimo três semanas de afastamento.
Existe também a questão do provável tombo nas receitas causado pela pandemia e seu impacto no salary cap. A NFLPA gostaria de diluir o prejuízo ao longo de vários anos para diminuir o impacto no bolso dos atletas, enquanto os donos das equipes preferem absorver tudo de uma vez em 2020 e na folha salarial de 2021 – nesse sentido, discutiu-se uma imediata redução de até 35% no salário dos jogadores.
Enfim, essa é a situação a cerca de uma semana do início dos Training Camps. Destacamos os problemas mais urgentes, mas existe muito mais a ser decidido nos próximos dias, coisas que a NFL deveria ter resolvido há várias semanas e que provavelmente não o fez porque esperava uma relativa volta à normalidade até o final de julho.
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