4 Descidas: Situação nos Patriots nunca foi tão crítica

Ainda nesta coluna, o que fazer para melhorar os Patriots, uma análise da forte defesa dos Rams e os Cardinals em ascensão

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui. 

1st and 10: Caos em Foxboro

Pós-semana 4 da temporada 2014. Tom Brady, que na época sequer tinha 40 anos, jogou absurdamente mal no horário nobre contra o Kansas City Chiefs. Sua linha ofensiva não lhe protegeu. Erros vieram.

Tal como acontecera com o San Francisco 49ers na lesão derradeira de Steve Young ou com o Dallas Cowboys após seguidas concussões de Troy Aikman, uma hora o domínio acabaria, certo? Bom, a tendência parecia ser essa. E aí, os Patriots se reinventaram e ganharam mais três títulos. Naquela ocasião, havia dito que a derrota não colocaria New England fora da briga pela AFC East e tampouco era o momento de colocar Jimmy Garoppolo em campo. Hoje, não digo o mesmo sobre a AFC East.

Pela primeira vez desde 2002, o New England Patriots está em terceiro lugar na divisão após 7 semanas. Pela primeira vez no século o time perdeu por tantos pontos em casa – o 33 a 6 contra o San Francisco 49ers é a pior derrota da Era Bill Belichick (2000-presente) em New England, seja no Foxboro Stadium ou no Gillette Stadium. O caos toma conta do nordeste dos EUA. O que está acontecendo?

Por contraste, percebemos que o corpo de recebedores dos Patriots é absurdamente fraco. Tom Brady é o segundo em passes para touchdown e é candidato a MVP. Cam Newton sofre com recebedores em Foxboro. Não que Brady estivesse jogando muito bem no ano passado, mas creio que seja cristalino que sua experiência (e química com Julian Edelman) maquiavam a ruindade dos wide receivers. Para completar, Newton não tem um tight end para chamar de seu – nada nem remotamente perto disso.


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A defesa terrestre é uma várzea – possivelmente mais do que era no ano passado. O San Francisco 49ers fez motions à rodo e confundiu o front patriota até não poder mais. Tá feio de ver – praticamente toda corrida de San Francisco era primeira descida. As chamadas de Josh McDaniels também não estão das melhores – sobretudo em terceiras descidas. Ora: quando se tem um time que é o sexto melhor da NFL em jardas por carregada (4.97) espera-se que o desempenho em terceiras descidas seja bom, certo? Afinal, devem ser terceiras descidas curtas em sua maioria. Packers e Chiefs têm números parecidos (4.75 e 4.71 jardas por carregada) e giram em 50% de conversões neste ano. Os Patriots? 38,8%, 24º da NFL.

A situação de eficiência fica mais grave na medida em que o time também está índo mal na red zone, as 20 jardas finais do campo. Era histórico ver como New England dominava no quesito. Mesmo no ano passado com Tom Brady manco (ou tipo isso) o time teve números melhores. Um exemplo na red zone: 58,8% de aproveitamento vs 50% com Newton.

2nd and 6: E agora?

Não basta apontar os problemas e falar sobre eles, é preciso falar de soluções possíveis. Até porque o torcedor dos Patriots tá careca de saber que a situação não está legal. Cam Newton supostamente estaria com lesão na mão e isso estaria atrapalhando seu rendimento  – já vimos em situações anteriores como lesões atrapalham Cam como um todo. Seja como for, ele está voltando de duas semanas fora por COVID-19 e não temos como aferir a olho nu como isso pode estar lhe atrapalhando. A expectativa, porém, é que seja a causa que for isso melhore.

A defesa terrestre não temos muito como esperar melhora. Não há jogadores no mercado de trocas – tirando J.J. Watt, talvez – que possam servir como complemento para a unidade. Já o corpo de wide receivers poderia ser endereçado caso Belichick sinta que há a necessidade. Jogadores como Will Fuller e Marvin Jones Jr, de Houston e Detroit, são cogitados como disponíveis para troca.

Ainda, por outro lado, pode ser que não tenha solução. Caso os Patriots percam para Buffalo na próxima semana, o time fica 2-5 e com situação bem comprometida na briga pelos playoffs. Nesse caso, aqueceria o rumor de que Bill Belichick estaria disposto a trocar Stephon Gilmore, atual vencedor do prêmio de defensor do ano.

O momento de New England é delicado. Pode ser uma entressafra dinástica. Pode ser o início do fim de fato. De toda forma, as duas próximas semanas nos darão contornos mais nítidos do que pode estar por vir. Caso New England vença Buffalo, deve também vencer o New York Jets. Ficaria com campanha de 4-4 e ainda na briga pelos playoffs e até mesmo pela divisão.

3rd and 4: E a defesa dos Rams, hein?

Um grande temor que colocava o Los Angeles Rams como potencial quarta força da forte NFC West residia no lado defensivo da bola. Para além de Aaron Donald e Jalen Ramsey, dois dos melhores jogadores da NFL em suas posições, a unidade carecia de talento nos demais setores. Quem apressaria o passe quando Donald tivesse bloqueios duplos? Quem marcaria o passe quando o quarterback evitasse o lado de Ramsey no campo? Quem pararia o jogo terrestre se ele passasse por Donald?

Passadas sete semanas e após uma total dominância do ataque dos Bears, os Rams são candidatos fortes à pós-temporada e contam com uma defesa formidável em vários aspectos. É a quarta em jardas cedidas/jogada e a segunda em pontos cedidos/jogo. Nos segundos tempos de partidas, a unidade praticamente não cede pontos em segundos tempos. Esse aspecto me chama a atenção em especial, porque pode (e deve) ser reflexo de ajustes feitos pelo coordenador defensivo no intervalo.


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Wade Phillips mais uma vez faz um excelente trabalho chamando a defesa dos Rams. Era esperado isso, dado que ele vinha de um bom trabalho anteriormente em Denver – e tendo jogadores do calib…. Pera, não é o Wade Phillips não. Brandon Staley é o nome do coordenador defensivo do Los Angeles Rams. Aos 37 anos, já podemos chamá-lo de uma mente defensiva em ascensão na liga.

Antes de assumir o comando da defesa dos Rams, Staley passou duas temporadas com os Bears como técnico de EDGEs e posteriormente em Denver no mesmo cargo por um ano – nos três servindo na comissão técnica de Vic Fangio. Indubitável que o pedigree está ali. A experiência de ter treinado Khalil Mack e Von Miller, idem.

Sob a tutela de Staley, a defesa angelina tem 24 sacks – terceira melhor da NFL e pouco está sendo falado sobre isso. É realmente um trabalho fantástico. Ainda mais considerando que para além de Donald e Ramsey, não havia nomes de peso no plantel defensivo. Daí, só se pode chegar à conclusão que há muito mérito na comissão técnica de fazer mais com menos. É o caso aqui.

Mais Colunas sobre a Semana 7:
5 Vencedores da Semana, por Henrique Bulio: Drew Brees e outros 4 vencedores da semana 7
5 Lições da Semana, por Deivis Chiodini: O equilíbrio chegando em Tampa Bay e mais 4 lições da semana 7

Sobe/Desce

Sem muita enrolação, uma coluna rápida com o panorama de quem sobe e quem desce nas cotações nas brigas para os playoffs da Conferência Americana e Nacional. Se o time não está aqui é porque considero “neutro” após essa semana, ok?

📈 Philadelphia Eagles
📈 Carolina Panthers
📈 New Orleans Saints
📈 Tampa Bay Buccaneers
📈 San Francisco 49ers
📈 Arizona Cardinals
📈 Los Angeles Rams
📉 New England Patriots
📉 Denver Broncos
📉 Buffalo Bills
📉 Seattle Seahawks
📉 Chicago Bears

Para o texto completo: http://profootball.com.br/sobe-e-desce/curti-sobe-desce-apos-a-semana7/

Nosso podcast revendo a Semana 7:

Neste episódio:

– Steelers segue invicto, mas apagoes como de domingo podem custar caro? (falar um pouco dos Titans)
– Brees vem bem nas últimas semanas…mas a secundária preocupa?
– Cimentamos de vez a lenda que Adams faz mal para o ataque dos Packers?
– Temos a simetria ataque-defesa em Tampa?
– É hora de novamente Denver pensar em quarterback, após KC vencer sem fazer força?
– SNF: Arizona mostrando a que veio

Grande vencedor da rodada: 49ers.

Segunda do exagero
– Tom Brady venceu o divórcio vs Belichick?
– O Dallas Cowboys é hoje pior que o NY Jets?

4th and 1: Será que os Cardinals vão roubar essa divisão?

Seguindo na NFC West, uma reflexão importante: o Arizona Cardinals tem 2-0 em partidas divisionais e me parece ser o time mais equilibrado, pensando em ataque e defesa, da divisão. Chamo a atenção para a campanha dentro da divisão porque ela pode muito bem ser critério de desempate dado que os quatro times da NFC West brigam por pós-temporada.

Para além dos aspectos que vimos domingo – um time resiliente, Kyler Murray passando melhor a bola do que fizera na segunda contra Dallas e uma defesa que jogou bem contra Russell Wilson – temos a questão do calendário. Vou tratar desse tema ainda nesta semana, mas um teaser aqui: Arizona ainda joga contra Philadelphia e o NY Giants. A NFC East já foi “zerada” pelos Rams, que já cumpriram os 4 jogos contra a divisão – então isso pode ser um bônus para os Cardinals. Fiquemos de olho, porque podemos ter um worst to first no deserto.

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Mais NFL:
Análise Tática: como o ataque dos 49ers bateu a defesa dos Patriots
Brees e os Saints finalmente começaram a decolar?
Como os Steelers se tornaram a única campanha invicta da NFL?
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