Uma semana depois do New York Jets oficialmente dizer adeus à corrida pelos playoffs, chegou a vez do Jacksonville Jaguars. Com apenas uma vitória e 10 derrotas seguidas, a franquia também não tem mais qualquer chance matemática de ir à pós-temporada. Não que eles se importem, claro, porque vencer nunca foi o objetivo de 2020. Muito pelo contrário, na verdade, pois perder o máximo possível e conseguir uma escolha alta no Draft sempre esteve na ordem do dia.
Quais eram as expectativas do torcedor para 2020: Ninguém nunca esperou muita coisa dos Jaguars: os torcedores, as casas de aposta, o algoritmo da ESPN que colocava Jacksonville como maior candidato à 1ª escolha geral do Draft já em maio. O clima de fim de festa na Flórida com grandes estrelas sendo trocadas, falta de investimento na free agency e a manutenção de uma comissão técnica fadada à demissão denunciou o tank desde o começo.
Quais eram as nossas expectativas para 2020: Nós apontamos tudo isso em nossa prévia da temporada, além de também deixar claro que era a chance de descobrir quem é o verdadeiro Gardner Minshew, ou seja, se ele poderia ou não ser a resposta em longo prazo. Infelizmente nem disso os Jaguars foram capazes, pois o quarterback se machucou na semana 7 e não jogou desde então. Seja como for, em nenhum momento alimentamos ilusões sobre o potencial de um time em processo de implosão de 2018 para cá.
O que aconteceu: Jacksonville foi tão mal quanto todo mundo previu. O ataque até teve seus momentos no início da temporada com Minshew, sobretudo a surpreendente e solitária vitória sobre o Indianapolis Colts na semana 1, contudo ficou impossível após ele se machucar e Jake Luton virar titular. Este, por sinal, é uma escolha de 6ª rodada igual a Minshew, mas é um jogador bastante inferior, provando que um raio realmente não cai duas vezes no mesmo lugar – ainda mais em anos consecutivos.
Do outro lado da bola, vimos o esquartejamento definitivo da fantástica defesa responsável por carregar Jacksonville à Final da AFC em 2017. Calais Campbell, Yannick Ngakoue e A.J. Bouye foram trocados na intertemporada, fazendo com que o ótimo iLB Myles Jack fosse o último titular remanescente daquela unidade.
À parte Jack e o EDGE segundanista Josh Allen, não houve talento suficiente para competir. Até há alguns jovens de potencial na defesa, porém eles estavam muito crus em 2020. Não por acaso, no momento em que estamos escrevendo, a franquia é a pior de todas em DVOA defensivo geral, além de ser respectivamente a 2ª e 3ª que mais cede jardas totais e pontos por partida.
Os Jaguars 2017 foram talvez o caso de janela de Super Bowl mais curta já registrada, tudo porque tomaram o caminho errado ao insistir com Blake Bortles. A recente demissão do general manager Dave Caldwell, aliás, sinaliza o rompimento definitivo com essa era e o nascimento de um novo regime em Jacksonville. Com isso, quem também deve perder o emprego ao final do ano é o head coach Doug Marrone.
Há esperança para 2021? Ofensivamente falando, os Jaguars até foram divertidos em 2020. O running back James Robinson foi um baita achado, principalmente por ser um atleta não draftado; o grupo de wide receivers é jovem e recheado de talento com D.J. Chark, Keelan Cole e Laviska Shenault; Jay Gruden é um bom coordenador; e a linha ofensiva não é um completo desastre. Enfim, há uma espinha dorsal para o quarterback que eles provavelmente escolherão no Draft. Será, por exemplo, um cenário bastante diferente do encontrado por Joe Burrow no Cincinnati Bengals.
O que precisa mudar urgentemente no time: Jacksonville necessita de estabilidade na posição mais importante de todas. Seja com Gardner Minshew, seja com um calouro (Trevor Lawrence ou Justin Fields), a franquia deve encontrar um franchise quarterback, coisa que ela nunca conseguiu ter em pouco mais de 25 anos de existência. Esse será o maior desafio do novo general manager.
Ademais, o novo regime precisa estabelecer uma cultura e uma mentalidade vencedora na Flórida, caso contrário jogadores talentosos como Jalen Ramsey e Yannick Ngakoue continuarão pedindo para ir embora. Os Jaguars não parecem ser terra arrasada como os Jets, mas ainda assim há muito trabalho a ser feito para tirá-los do limbo da NFL.
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