Bom, está começando a virar algo que espero acontecer tanto quanto o Natal ou a Páscoa: entre os dois temos aquele período em julho no qual Kirk Cousins vira notícia por conta da franchise tag.
Kirk Cousins, quarterback de Washington, tornou-se ontem o primeiro quarterback da história da liga a jogar em duas temporadas seguidas com a tag aplicada. Explicando: a tag tem um caráter “procrastinador”. A princípio, ela é usada para segurar um atleta até julho, de maneira que ele não seja free agent irrestrito em março. Até esse prazo de julho (em 2017 ele terminava no dia 17) o time tem poder de acordar com o atleta para um contrato de longo prazo.
Se não conseguir, o atleta fica com salário altíssimo – média dos mais altos de sua posição – e de um ano. Se a tag for colocada pela segunda vez, o salário será ainda maior. Foi o que aconteceu com Cousins. Vindo de uma temporada de redenção na posição no FedEX Field – após as melancólicas lesões com Robert Griffin III – o time resolveu esperar e não colocar todas as fichas em Kirk. Afinal de contas, será que ele não seria apenas um sucesso de verão tal como aqueles tantos de carnaval?
Não foi bem assim. Em 2016, jogando com a tag, Cousins teve outra temporada – sob o ponto de vista estatístico – fora de série. Só que quando a bola esteve em sua mão para decidir, veio a interceptação derradeira contra os Giants na Semana 17 – Nova York já tinha vaga assegurada na pós-temporada e Washington só precisava ganhar para entrar nos playoffs. Ali, o ponto de interrogação apareceu.
Em realidade, creio que esse seja o grande ponto dessa novela toda; interrogação. Os novos contratos de quarterback “de primeiro nível” exigem uma quantia alta por ano e muito dinheiro garantido. E é aí que os caminhos de Washington e de Kirk não se encontram. Ele acha que vale (ainda) mais dinheiro garantido do que lhe foi oferecido. E como o time é competitivo – tendo um quarterback razoável, tem toda a competitividade de ir para a pós-temporada – a equipe fica amarrada. Acaba tendo a opção da tag.
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Defendendo a diretoria do time, não é nem como se um belo contrato não tivesse sido oferecido. Foi. Bruce Allen, presidente da franquia, disse que o contrato que estava na mesa de Cousins era com 53 milhões de dólares garantidos – ou 72 milhões no caso de lesão. Para se ter ideia, sabe quem seria o único quarterback da NFL com mais dinheiro garantido em seu contrato? Aaron Rodgers. Só ele (com 54 milhões).
“Mesmo com nossas repetidas tentativas, não recebemos qualquer oferta do agente de Kirk neste ano. Ele fez claro que prefere jogar num contrato de ano a ano. Embora queiramos trabalhar num contrato de longa duração, aceitamos sua decisão”, disse Allen. O empresário do jogador não quis comentar nada sobre o assunto. Já Kirk veio a público. “Chegamos mais perto do que as pessoas pensam. Tipo, uma semana atrás, eu ainda estava pensativo sobre isso, se mandaríamos uma oferta para eles ou não… Mas no fim das contas eu me senti em paz em não fazê-lo e deixar isso para o time fazer”, disse Cousins”. “Contratos de um ano são parte desta liga”, completou.
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Em resumo, Kirk aposta em si mesmo. Conforme Adam Schefter disse no Twitter[note] https://twitter.com/AdamSchefter/status/886646391493283840[/note], ele será bem pago em algum lugar no ano que vem – desde que jogue no nível que apresentou nos dois últimos anos. Se Washington usar a tag de novo, o valor beira o ridículo: 35 milhões por um contrato de um ano para 2018. Ainda seria possível usar a transition tag (de 28 milhões, ainda alta) que permite que seu atual time possa igualar uma proposta de outra franquia – meio que restricted free agent. Outra? San Francisco 49ers.
Kyle Shanahan foi coordenador ofensivo de Cousins nos dois primeiros anos deste na liga. Agora está em San Francisco como head coach. E os 49ers não tem quarterback que preste no momento – desculpe, Brian Hoyer. Não é nem questão de dinheiro para Cousins ficar em Washington ou não. São outras coisas.
Vamos falar a verdade: quem nunca ficou com alguém – digo, um relacionamento amoroso – só para não ficar sozinho? Eu sei, parece que estou exagerando, mas a situação de Cousins me parece esta. Ele está no FedEX Field enquanto o que ele realmente quer – ser pago em outro local, onde chega com pompas em vez de “plano b” como chegou em Washington em 2012 – não acontece. É o que eu leio nas entrelinhas. Posso estar errado, mas é o que sinto. Ele disse hoje que adoraria estar em Washington no longo prazo. Será mesmo? Se for assim, por que não topou o um contrato com dinheiro garantido que só não é superior ao de Aaron Rodgers? Para mim, isso fala mais do que qualquer declaração de amor que ele faça agora ao time.
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Cousins teve mais de 4000 jardas passadas nos dois últimos anos. Agora ele aposta em si mesmo e se tiver o mesmo, terá inúmeros times querendo seus serviços no ano que vem. O franco favorito é San Francisco. Fez certo? Julgo que sim. Como Schefter disse, ele será pago de qualquer jeito. A única desgraça em sua vida é se ele se machucar na próxima temporada. Caso isso não aconteça, o romance com Shanahan, escrito nas estrelas, deve se materializar.
Se ele poderá ir para o guichê e capitalizar forte em cima da aposta, depende do que veremos em 2017. E para Washington, felizmente, a classe de quarterbacks do próximo Draft promete.
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