Curti: Rams livram-se de Goff e seguem no “modo all-in”

Chegada de Matt Stafford por duas escolhas de primeira rodada e uma terceira mostra que a mentalidade da diretoria dos Rams segue sendo de esnobar a 1ª rodada do Draft e tentar ir em tiros certos para talentos já provados

Uma abordagem interessante quando falamos em mercado financeiro é ir atrás de papéis que são subvalorizados ou tentar pensar contra o “pensamento da manada” e achar valor contra atos e filosofias que podem ser sobrevalorizadas. Chegou um ponto que, ao não ter escolha de primeira rodada desde 2016 quando subiu no Draft por Jared Goff, podemos estabelecer o Angelismo, a filosofia de simplesmente esnobar a primeira rodada.

Faz sentido? De um ponto de vista matemático, a princípio sim. 50% da primeira rodada simplesmente não dá certo. Então, se você troca duas escolhas de primeira rodada por um jogador já provado – Matt Stafford/Jalen Ramsey – faz bastante sentido, porque você sabe que vai dar certo pelo mesmo custo. Concordo com a abordagem? Mais ou menos. Faria? Não. Entendo? Sim.

A grande questão é que você troca por jogadores caros e que pesarão na folha salarial – coisa que não acontece com escolhas “puras” de primeira rodada, que contam com salários tabelados em função de onde escolhem no Draft. Então é como usar o rotativo do cartão de crédito. Nesse sentido, os Rams são um dos mais agressivos times da NFL e estão com sua filosofia bem determinada: em vez de ir no “sei lá” da primeira rodada, vão atrás do primeiro escalão em trocas. É uma abordagem interessante, embora eu não concorde integralmente com ela.

Segue o All-In

Pipocaram rumores de que o casamento Jared Goff-Sean McVay tinha ido para o espaço nos dias que se seguiram da eliminação dos Rams ante os Packers na semifinal da Conferência Nacional. A verdade é que esse divórcio, como todos que acontecem na vida, não foi do nada – houve um processo de fritagem ao longo de toda a temporada regular. Como os Rams chegaram aos playoffs, pode ter passado despercebido para muitos, mas Goff teve 17 turnovers (fumbles sofridos/interceptações), a quarta maior marca da NFL e no mesmo “panteão” de Drew Lock e Daniel Jones, que respectivamente tiveram 18 e 16.

Não dá para um quarterback que está na NFL há tanto tempo sofrer tantos turnovers. Mas esses não foram os únicos problemas. Nas últimas quatro temporadas, os Rams foram o segundo time mais vitorioso em temporada regular, com 42. Ao mesmo tempo, Goff foi 24º em rating e em razão touchdown/interceptação, com 2,1 TDs para cada interceptação lançada. Com o elenco que têm, na defesa e ataque, os Rams podiam ter mais. Agora vão atrás disso.

Matt Stafford vem do oposto: uma situação na qual era um oásis no ataque de Detroit – em especial desde a aposentadoria de Calvin Johnson, após a temporada de 2015. Stafford é um bom quarterback e um dos mais subestimados da NFL – são 30 viradas em último quarto desde que entrou na NFL e ninguém tem mais. Uma prova de quanto ele carregava o Detroit Lions nas costas. De 2011 a 2017, foram sete temporadas seguidas para pelo menos 4000 jardas.

Com braço forte, Stafford pode trazer um elemento de verticalidade pra lá de interessante no sistema de McVay – os play-actions, feijão com arroz do sistema, podem ser explosivos como vimos com Aaron Rodgers em Green Bay na última temporada. Claro que o custo foi alto – duas escolhas de primeira rodada e uma terceira – mas é a filosofia do time e os Rams acreditam que Stafford era o elemento que faltava para buscar o Super Bowl. Faltou quarterback em 2018 – agora não podemos dizer isso.

Para Goff, um recomeço que deve ser difícil

A troca reúne Goff com Brad Holmes, novo general manager dos Lions e que fora diretor dos olheiros dos Rams no ano em que a equipe escolheu o quarterback como primeira escolha geral, 2016. Ou seja, mais do que claro que Holmes confiava em Goff e agora deve seguir com tal confiança. Longe do sistema de Sean McVay, porém, a vida pode ser difícil. Os Lions têm muitos problemas defensivos – o que pode expor Goff a mais passes do que “deveria” em finais de jogos – e é uma incógnita ofensiva, com jogo terrestre capenga se muito.

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