4 Descidas, Curti: 4 momentos que decidiram o Super Bowl LV

Fecharemos a cobertura do Super Bowl LV com os quatro momentos, decisões ou situações que determinaram os rumos da final e do título do Tampa Bay Buccaneers sobre o Kansas City Chiefs

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui. 

Claro que um Super Bowl não é vencido em quatro situações tão somente. Mas aproveitando que nossa coluna é em formato de “lista” muitas vezes, fecharemos a cobertura do Super Bowl LV com os quatro momentos, decisões ou situações que determinaram os rumos da final e do título do Tampa Bay Buccaneers sobre o Kansas City Chiefs. Vamos a elas.

1st and 10: Lesão de Eric Fisher na Final da Conferência Americana

Este momento não foi em especial no Super Bowl, mas lhe precedeu. Outrora escolha de primeira rodada por Kansas City em 2013, Fisher foi a primeira peça na reconstrução dos Chiefs após o mau início da década. Não fez jus a ser uma primeira escolha geral de Draft, é verdade, mas é um sólido titular na posição. A realidade é que a perda de Eric Fisher foi o último prego no caixão da linha ofensiva de Kansas City. A unidade perdera Laurent Duvernay-Tardif antes da temporada – o guard é médico e foi para a linha de frente contra a COVID-19 no Canadá. Seu substituto, Keleche Osemele, se machucou no início da temporada. Mitchell Schwartz, um dos melhores right tackles da NFL, também saiu de campo machucado ao longo de 2020 – o jogador que joga ao lado oposto era Fisher.

Com isso, a linha ofensiva dos Chiefs foi ao Super Bowl com uma escalação completamente diferente daquela montada para a Semana 1. Mike Remmers como left tackle (sendo que ele é right tackle de origem), Nick Allegretti (LG), Austin Reiter (C), Stefen Wisniewski (RG) jogando no lugar de Andrew Wylie – este como right tackle improvisado sendo que é guard de origem. No papel, parecem pequenas mudanças. Ante uma defesa que conseguiu 5 sacks em Aaron Rodgers há duas semanas, foi fatal: Patrick Mahomes foi pressionado 29 vezes, maior marca da história de um Super Bowl.

2nd and 7: Faltas excessivas por Kansas City

As faltas foram elemento do Super Bowl e antes que a narrativa comece, vamos lembrar de uma coisa: a equipe de arbitragem de Carl Cheffers (árbitro principal do Super Bowl LV) foi a que mais marcou faltas na temporada regular. Então apenas seguiram a tendência. Os Chiefs deram seguidas oportunidades aos Buccaneers por meio de faltas – algumas evitáveis, como o alinhamento de Antonio Hamilton na linha da bola, o que transformou uma situação de field goal em primeira descida. A segurada na interceptação de Tyrann Mathieu – que foi anulada pela falta – não seria marcada por todos os árbitros da NFL e eu mesmo não vi tanto contato para tanto. Mas, como disse, a tendência dessa equipe de arbitragem ao longo de toda a temporada foi justamente de apitar tudo.

Kansas City deveria ter entrado em campo sabendo disso – faz parte do jogo. O que vimos, porém, foi uma discrepância enorme em penalidades entre os dois times. Os Chiefs foram penalizados 11 vezes (!!!) para 120 jardas. Os Buccaneers, 4 para 39 – sendo que uma delas foi uma falta pessoal por provocação no final do jogo. Como dito, qualquer coisa apitavam.

3rd and 4: Total abandono terrestre por Andy Reid

Os Chiefs tiveram 13 terceiras descidas e, em média, elas tiveram distância de 8,7 jardas para a primeira descida. A maior parte delas não era situação de correr – dada a distância para a conversão – mas houve situações de terceiras curtas. Mesmo assim, Kansas City passou a bola em TODAS as terceiras descidas no jogo de domingo. O ataque ficou unidimensional e a vida da defesa dos Buccaneers foi facilitada ao saber o que esperar. Nessas terceiras descidas, apenas 3-13 de conversão – muito longe do que vimos dos Chiefs durante a temporada regular, sendo um dos melhores ataques nessas situações.

O que também espanta é a total negligência quanto a Clyde Edwards-Helaire. Ele teve por volta de 7 jardas por corrida no jogo – mesmo assim, só correu nove vezes. Sim, eu sei que o placar estava elástico, mas Andy Reid mais uma vez caiu no erro de negligenciar 100% o jogo terrestre. Com a defesa esperando passe, pode ir de maneira mais agressiva para o pass rush contra uma linha ofensiva desfalcada. Ainda, sem volume terrestre o play-action – que podia ajudar Mahomes a ter mais tempo contra a defesa de Tampa Bay – sumiu e não pode ser usado como recurso.

4th and 2: O todo – Jogo impecável por Tampa Bay

De um lado, uma comissão técnica de Kansas City que mesmo tendo seu quarterback pressionado em 52% dos snaps, continuou tendo cerca de 90% de proteção com cinco homens. Não é como se os Chiefs não pudessem colocar um tight end a mais na proteção em vez de colocar Brian Pringle para executar uma rota, certo? O que preferimos, dar um segundo a mais para Mahomes ou ter um dos últimos wide receivers do plantel correndo uma rota? Andy Reid e Eric Bienemy escolheram a segunda opção e pagaram por isso.

Do outro lado, uma comissão técnica que fez um plano de jogo impecável. Bastante play-action para tirar o melhor de Tom Brady – os três touchdowns passados por ele foram via play-action – um uso considerável do jogo terrestre para deixar o time em boas situações de terceira descida e fazendo a blitz de Kansas City ficar vendida e uma eficiência dos dois lados da bola. Todd Bowles mandou 35% de blitzes na temporada regular – quinta maior marca da NFL. Sabendo que Mahomes deitaria e rolaria contra isso – 14-0 em TD/INT contra a blitz, 9 jardas por tentativa – ele ajustou sua defesa e mandou apenas 11% no Super Bowl.

O resultado foi uma das maiores lavadas da história do Super Bowl. Pela primeira vez em sua carreira, Patrick Mahomes não teve nenhum touchdown. Pela primeira vez na carreira profissional, perdeu um jogo por mais de uma posse – coisa que não acontecia desde 2016 contra Iowa State, ainda no college. Para algo assim acontecer, um dado time tem que jogar de maneira perfeita e foi o que vimos. Ataque, defesa, special team, comissão técnica: tal como em toda a pós-temporada, o Tampa Bay Buccaneers foi um time completo e merecedor do título.

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