A internet ficou em polvorosa após a notícia de que Tom Brady estava assinando um novo contrato com o Tampa Bay Buccaneers. E não era um acordo qualquer, era uma extensão de quatro temporadas, a qual à primeira vista faria o quarterback jogar até os 47 anos de idade.
Contudo, não é bem assim. O vínculo, na prática, é de apenas mais um ano, sendo os outros três um mecanismo usado pela franquia para driblar o salary cap em 2021 e trazer de volta alguns titulares prestes a virarem free agents, casos sobretudo de Chris Godwin e Lavonte David, além de Shaq Barrett e Rob Gronkowski.
Resumindo, Brady só está preso a Tampa Bay até 2022 e seu novo acordo é uma bela pedalada financeira, algo que os general managers estão fazendo como nunca devido ao encolhimento da folha salarial causado pela pandemia.
Buccaneers entraram na farra dos voidables years
Parece ser contraintuitivo um time assinar uma extensão com um jogador objetivando ter alívio no orçamento, mas na verdade é fácil de entender. Os três anos finais do vínculo de Brady são chamados de voidables years, ou seja, não são anos contratuais “de verdade”, existindo somente para fins de salary cap – por isso ele será agente livre em 2023 se nada mudar. Em outras palavras, é um jeito de repartir a remuneração de um atleta ao longo do tempo, evitando pagar tudo de uma vez em uma única temporada.
Vamos aos números. O quarterback inicialmente pesaria 28 milhões na folha de Tampa Bay em 2021. Após a renovação, seu cap hit passou a ser de nove milhões, liberando 19 para o general manager Jason Licht gastar. Foi esse dinheiro extra que ajudou a viabilizar a aplicação da franchise tag em Chris Godwin e as extensões de Lavonte David, Shaq Barrett e Rob Gronkowski. A manutenção dos quatro deixaria os Buccaneers bem acima do limite de gastos, porém a reestruturação de Brady amenizou o problema.
O próprio contrato de David, aliás, contou com voidables years visando diminuir seu impacto na folha, até por isso seu cap hit será de míseros 3,3 milhões em 2021. É uma extensão de cinco anos e 25 milhões que na prática só vale por dois.
Estamos vendo uma verdadeira farra dos voidables years na NFL por conta das restrições financeiras causadas pela pandemia. Chegamos ao cúmulo do New Orleans Saints oferecer um contrato de quatro temporadas e 140 milhões ao quarterback Taysom Hill, sendo que os quatro anos são voidables.
Brady de novo demonstra querer vencer acima de tudo
Não é de hoje que Brady tem sido mega amigável com a sua franquia. Nos tempos de New England Patriots, por exemplo, o veterano sempre recebeu menos do que poderia para ajudar a organização a montar equipes fortes, nunca (ou quase nunca) ficando no topo entre os salários da posição. Agora é a vez de facilitar a vida do front office dos Buccaneers, não por ele ser bonzinho, mas porque seu objetivo é ter um elenco de apoio forte ao seu redor e ganhar outro Super Bowl.
Nesse caso, o quarterback não abriu mão de salários, até porque o ano extra de verdade adicionado ao seu vínculo lhe renderá mais 25 milhões, mesmo valor do contrato original firmado com Tampa Bay. A questão é ele ter aceitado participar da engenharia financeira quando poderia ter simplesmente dito não, obrigando a franquia a cumprir o que foi negociado na intertemporada passada ou até exigindo mais dinheiro, afinal ele acabou de levantar um Troféu Vince Lombardi.
Enfim, a flexibilidade de Brady até agora permitiu aos Buccaneers segurar vários jogadores importantes, incluindo dois defensores fundamentais e o segundo melhor wide receiver do time. Ainda falta resolver a situação de outros titulares como Ndamukong Suh, Leonard Fournette e Ryan Succop, mas sem dúvida é um promissor começo de offseason para os atuais campeões do Super Bowl.
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