Quando estava em uma churrascaria uma vez, o dono do local me disse uma frase que cabe perfeitamente para este texto: “Eu tenho ótimos churrasqueiros, então tenho que focar na qualidade da carne; se ela for média, na melhor das hipóteses ela fica boa; se ela for boa, na melhor das hipóteses ela fica excelente”. Esse é exatamente o caso que acometeu o ataque do Los Angeles Rams nos últimos anos.
Com Jared Goff como quarterback, a genialidade de Sean McVay no ataque e a qualidade dos jogadores no entorno podia ser muito boa, mas com as limitações próprias do passador, uma hora ou outra a “carne” não ia sair no ponto ideal. Após a free agency, com a troca por Matthew Stafford, a manutenção de nomes importantes e uma boa adição em DeSean Jackson, o treinador, no papel, tem tudo o que sempre sonhou para fazer a unidade voar; fazendo, enfim, uma “carne” de excelente qualidade.
Novas armas, mais opções
As chegadas de Stafford e Jackson, além de aumentarem o peso dos nomes do ataque, são muito importantes para que McVay possa abrir mais a caixa de ferramentas e usar de todo seu potencial como coordenador da unidade. Não que ele vá revolucionar a roda e abandonar o sistema que possui um jogo terrestre de qualidade alinhado com doses cavalares de play-action, todavia, é necessário variação para que o grupo possa atingir seu pico de produção. Na temporada passada, quando a velha fórmula voltou a funcionar, Goff teve bom rendimento e o ataque cresceu; nas partidas em que isso não aconteceu, o ataque foi completamente diferente.
Além de ser um quarterback mais qualificado tecnicamente do que Goff, Stafford fornece justamente esse algo a mais que o ataque tanto precisava. Ele vai dar passes melhores e, possivelmente, ser mais inteligente dentro de campo, contudo, o mais importante é que ele poderá executar bem elementos fora do script, como tanto fez nos seus tempos de Detroit Lions. Ainda que o esquema de McVay siga as bases anteriores, quando as defesas esperarem pelo provável, haverá a oportunidade de ser imprevisível de uma forma eficaz.
A chegada de Jackson também é importante neste quesito: não que Robert Woods, Cooper Kupp e Van Jefferson não possam ser boas armas verticais, no entanto, o antigo recebedor do Philadelphia Eagles agrega isso de uma forma mais eficiente do que seus agora parceiros. A última vez que McVay possuiu uma arma semelhante a DeSean foi em 2018 com Brandin Cooks, ano em que Los Angeles chegou ao Super Bowl. Se esse elemento já era importante com Goff, agora, com um ataque ainda mais calibrado, torna-se uma peça fundamental para que os esquemas táticos do treinador possam explorar ainda mais as defesas adversárias.
A equação perfeita
O ataque de Los Angeles já contava com nomes que se complementavam muito bem. Wood, Kupp e Jefferson formavam um trio de recebedores de respeito; com a chegada de Jackson, cada um possuirá espaço para brilhar com suas melhores qualidades – e este possuirá mais chances de descansar para evitar as lesões que tanto o atormentam. Ademais, o restante da unidade poderá se ancorar na maior destreza de Stafford comandando o grupo.
A linha ofensiva, que passou por seus altos e baixos nas últimas duas temporadas, protege um quarterback que não pifa completamente quando a pressão chega pelo meio; Cam Akers e Darrell Henderson podem ser ainda mais bem aproveitados como armas no jogo aéreo, e, por fim, Tyler Higbee deve continuar sendo um alvo ocasional, mas crucial em decidas importantes – como T. J. Hockenson e Eric Ebron foram com Stafford, em Detroit, nas duas últimas temporadas, ainda que o experimento não tenha sido muito bem sucedido.
Não é preciso dizer que Los Angeles possui um ataque completo em todos os setores e que as pontuais contratações ofensivas na free agency serviram para deixar a máquina de Sean McVay em ponto de aumentar a produção de uma forma não antes vista. Com um quarterback extremamente talentoso que eleva seu entorno e com um wide receiver que complementa perfeitamente o corpo de recebedores, o treinador pode usar de toda sua inteligência tática para fazer esse ataque decolar e, enfim, talvez vejamos os Rams cumprirem a expectativa que sempre existiu nesses últimos anos: aquela promessa de que a equipe poderia ser melhor, porém, a figura de Goff sempre estava lá para colocar a franquia um passo para trás.
Para saber mais:
Power Ranking, Curti, pós-FA: Buccaneers mantém a banda unida e são grandes favoritos em 2021
5 lições: Por que Belichick se mexeu tanto na Free Agency
Buccaneers seguem renovando com veteranos e confiando na base







