Não podemos ver a Free Agency como método isolado para reforçar um time – e é para isso que este texto serve. Vamos mostrar aqui times que fizeram mudanças aqui e ali mas que ainda tem buracos significativos para solucionar no Draft. Não significa, necessariamente, que não irão. Só pegarmos o exemplo do Tampa Bay Buccaneers no ano passado. O atual campeão da NFL se reforçou bastante na Free Agency mas passado o período, ainda tinha carências na posição de safety e offensive tackle – ambas foram (muito bem) endereçadas nas duas primeiras rodadas com Tristan Wirfs e Antoine Winfield Jr.
Então, sem mais delongas, falemos de times que ainda tem buracos para mexer depois da Free Agency. Os motivos podem ser muitos: falta de dinheiro no teto salarial, falta de opções atraentes no mercado ou simplesmente uma preferência por peças mais baratas via Draft. Não é todo time que ama a Free Agency e não há problema nenhum nisso.
Baltimore Ravens, wide receiver: Depois de receber alguns jogadores para entrevistas, os Ravens acabaram por assinar com Sammy Watkins. Outrora escolha de primeira rodada no Draft de 2014, Watkins é um sólido jogador mas que passa longe de ser primeira prateleira na NFL atual. Ainda, sofre bastante com lesões: perdeu jogos no ano passado e não chegou nem à marca de 500 jardas. Não é a solução que o torcedor espera. Considerando que a tradução de talento de Marquise Brown do college para a NFL também não foi como esperado e que o resto do corpo de recebedores não empolga, Lamar Jackson precisa de mais ajuda via Draft. Como boa notícia, vale lembrar que os Ravens assinaram com o guard Kevin Zeitler na free agency.
New England Patriots, quarterback: 8 touchdowns passados e 10 interceptações: a temporada 2020 de Cam Newton não foi como o torcedor dos Patriots esperava. Ainda podem argumentar: os touchdowns corridos compensam. Mas tampouco foi o caso. Se você pegar os touchdowns totais de Newton, ele ainda fica como o 20º da liga, com 21. Em menos jogos, Mitchell Trubisky teve 17. Para piorar a situação, não havia um bom corpo de recebedores e os Patriots viram o amadurecimento definitivo de Josh Allen, atual melhor quarterback da divisão. Bill Belichick segue apostando em Newton, mas cash is king: o contrato baixo de Cam não impede nem remotamente que New England traga concorrência. Seria bom que ela viesse.
Buffalo Bills, EDGE rusher: Buffalo não almeja mais apenas vencer a divisão, tem que mirar o Super Bowl. Para tanto, precisa de uma defesa que pare Patrick Mahomes e no ano passado isso não aconteceu. Na temporada regular, os Bills pressionaram Mahomes em 10 snaps. Na final da AFC, em 12. Como comparação, a única derrota de Kansas City com Mahomes na temporada regular veio contra os Raiders num jogo em que ele foi pressionado 29 vezes – a mesma marca do Super Bowl contra Tampa Bay. Para pressionar Mahomes é necessário um pass rusher acima da média e os Bills não contam com um nome assim. Tampouco foram atrás de um na Free Agency. A.J. Epenesa, embora técnico, não tem o atleticismo necessário para o salto. O Draft precisa ser a saída.
Carolina Panthers, quarterback: Teddy Bridgewater é o quarterback-ponte definitivo, roubando o posto de Tyrod Taylor. Dificilmente ele irá te comprometer, mas também não é como se fosse resolver a parada sozinho. No ano passado, com seus passes curtos, foi o quinto melhor em porcentagem de passes completos – ao mesmo tempo que foi o 24º em touchdowns passados e o 20º em rating. Teddy não é o futuro em Carolina e ele mesmo sabe disso, dado que deu unfollow em geral dos Panthers no Instagram. Um novo quarterback em Charlotte parece ser questão de tempo.
Philadelphia Eagles, wide receiver: Greg Ward foi o líder em alvos dos Eagles no ano passado – isso diz muito. Nenhum wide receiver lhe superou em jardas recebidas também – e olha que a marca nem foi tão alta, apenas 419 jardas. Os Eagles investiram em Jalen Reagor na primeira rodada do ano passado mas precisam seguir com os investimentos da posição – Alshon Jeffery e DeSean Jackson agora fazem parte do passado e apenas Reagor não basta para uma produção mínima de um corpo de recebedores. Com a possibilidade de Zach Ertz ser trocado, a necessidade aumenta ainda mais.
Miami Dolphins, running back: Sim, wide receiver ainda é uma necessidade – como ajuda num todo a Tua Tagovailoa. De toda forma, vamos especificamente na posição de running back porque ao menos os Dolphins contrataram um recebedor em Will Fuller. No caso dos running backs, o ano passado foi desértico. Uma temporada depois de Ryan Fitzpatrick liderar o time em jardas corridas – e lembrando, ele é quarterback – a equipe da Flórida teve Miles Gaskin como melhor corredor e ele teve apenas 584 jardas. Miami terminou o ano como quarto pior time da NFL em jardas por carregada, com apenas 3,94[foot]Qualquer número abaixo de 4,00 é bem alarmante[/foot]. Reforços são mais do que necessários na posição.
Pittsburgh Steelers, running back: Aqui temos o argumento de que os Steelers tradicionalmente não se mexem na free agency e também de que havia pouco dinheiro no teto salarial para gastar. De toda forma, os Steelers foram um dos piores ataques corridos da NFL na temporada passada – algo absurdo de se imaginar há alguns anos quando a equipe voava baixo com Le’Veon Bell. 3,62 jardas por carregada (pior da liga), 12 touchdowns terrestres (3º pior). James Conner não volta para 2021 e nem teria por que.
Dallas Cowboys, iDL e CB: A defesa terrestre dos Cowboys no ano passado foi um show de horrores e não era como se o time tivesse tanto espaço disponível na folha salarial para endereçar o problema nesta Free Agency. O time tomou 4,98 jardas por carregada em 2020, terceira pior marca da liga. Era cogitável Dallas contratasse Ndamukong Suh para o setor, mas ele renovou com Tampa Bay. De toda forma, mesmo que o setor não seja visado no Draft, há uma expectativa de melhora com a chegada de Dan Quinn como coordenador defensivo e gosto da chegada de Keanu Neal e sua transição para linebacker. Ainda, vale lembrar que o fabuloso contrato de 15 M/ano para Ezekiel Elliott impediu que o time renovasse com Byron Jones, então temos um senhor buraco na secundária desde o ano passado.
Atlanta Falcons, CB: Parte do elemento atlantafalconizada ao tomar viradas no final dos jogos veio por conta de uma secundária debilitada na temporada passada. Ninguém falou tanto sobre, mas fica aqui a mensagem: a defesa aérea do time tomou 4697 jardas passadas, pior da NFL. Foram 34 touchdowns cedidos aos passadores adversários, terceira pior marca da liga. Ninguém chegou para o setor. Os Falcons precisam focar em secundária num futuro próximo.
Houston Texans, praticamente tudo: Quarterback com Deshaun Watson pedindo para sair e a um passo de ser suspenso pela liga por conta das acusações de assédio; Wide receiver desde a saída de DeAndre Hopkins; Defesa terrestre, que foi a pior da NFL; Pass Rusher depois da saída de J.J. Watt. Os Texans são um festival de buracos e para complicar, o time não tem escolha de primeira rodada graças ao Grande Gestor Bill O’Brien. É o pior elenco da NFL e 2021 promete ser um show de horrores no NRG Stadium.
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