Excetuando quem escolheu um quarterback não chamado Cam Newton no top 15, basicamente não houve nenhuma decisão ruim na metade de cima da 1ª rodada do Draft 2011 – houve, no máximo, decisões melhores do que outras. A oferta de talento era tão grande e tão distribuída em posições diferentes que não havia como errar; por isso a classe de dez anos atrás é um caso quase único na história da NFL, figurando entre as melhores de todos os tempos – se não for a melhor de fato.
Neste texto vamos relembrar alguns fatos desse recrutamento memorável e explicar por que ele caminha para ser o GOAT dos Drafts, potencialmente estabelecendo um novo recorde de atletas eleitos ao Hall da Fama ao superar os 10 nomes da classe de 1964.
Draft foi fora de série em vários sentidos
A primeira curiosidade diz respeito ao contexto. Devido ao locaute de 2011, aquele Draft ocorreu antes da free agency, ou seja, sem as franquias saberem quais buracos do elenco deveriam fechar no recrutamento. Isso poderia ter ocasionado uma avalanche de picks questionáveis, mas não foi o caso. Ademais, existiam enormes incertezas em relação a como ficariam os contratos dos calouros. Enfim, era um momento de total caos administrativo.
Agora, tratando dos jogadores em si, vale fazer alguns recortes específicos – a lista completa de escolhas você pode ver no Wikipedia mesmo se quiser, então vamos focar no principal.
Em primeiro lugar, é sem dúvida o melhor conjunto de EDGEs que se tem notícia: Von Miller, J.J. Watt, Cameron Jordan, Justin Houston, Aldon Smith, Robert Quinn e Ryan Kerrigan. Também é provavelmente a mais prolífica classe de centers da história, trazendo à NFL Jason Kelce, Mike Pouncey e Rodney Hudson – todo mundo foi titular até 2020, quando Pouncey se machucou e em seguida se aposentou.
De resto, há dois futuros cornerbacks Hall of Famers (Richard Sherman e Patrick Peterson), dois wide receivers que marcaram a década (Julio Jones e A.J. Green) e bastante qualidade espalhada em outras posições tais quais running back (DeMarco Murray e Mark Ingram), tight end (Kyle Rudolph e Julius Thomas), iDL (Marcell Dareus, Cameron Heyward e Jurell Casey) e left tackle (Tyron Smith, Anthony Castonzo e Nate Solder).
Aliás, falando em Julio Jones, como esquecer uma das maiores bolas fora da carreira de Bill Belichick? O técnico do New England Patriots recomendou enfaticamente a Thomas Dimitroff, à época general manager do Atlanta Falcons, que não draftasse o recebedor por não considerá-lo tão bom assim. Dimitroff por sorte não ouviu o conselho do ex-chefe, subiu do 27º para 6º lugar geral e selecionou Jones.
Ironicamente, a posição mais fraca da classe é quarterback. Foi o ano dos signal callers móveis (Cam Newton, Colin Kaepernick e Tyrod Taylor), porém ninguém teve vida longa na NFL como titular exceto por Newton e Andy Dalton. Jake Locker, Blaine Gabbert e Christian Ponder foram três busts gigantes saindo no top 15 – parabéns a Tennesse Titans, Jacksonville Jaguars e Minnesota Vikings.
Recorde de Hall of Famers tem chance de ser batido
Ainda não sabemos quais jogadores da classe de 2011 serão imortalizados no Hall da Fama porque, bem, não temos bola de cristal. Contudo, há um jeito interessante de tentar prever os escolhidos: observar os eleitos ao último time da década.
Ao longo da história, quem entra na equipe da década também entra no Hall da Fama. Por exemplo, dos 21 membros “first team” da seleção de 2000 atualmente elegíveis a Canton, 19 já receberam sua jaqueta dourada. A classe de 2011, por sua vez, colocou nada menos que oito nomes na seleção da década de 2010: Patrick Peterson, Richard Sherman, Von Miller, J.J. Watt, Tyron Smith, Julio Jones, Cameron Jordan e Chris Harris Jr. (não-draftado).
Some os oito a outros três donos de carreiras passíveis de consideração ao Hall da Fama – como Cam Newton, A.J. Green e Justin Houston – e existe uma chance real de termos um novo recorde sendo estabelecido. Hoje, a classe de 1964 tem a honra de possuir o maior número de Hall of Famers, somando 10 (os mais famosos são Roger Staubach e Paul Krause).
Em todo o caso, mesmo que não supere a marca, o grupo de 2011 certamente levará no mínimo uns seis ou sete atletas a Canton, um feito já muito impressionante e digno de colocá-lo entre as melhores de todos os tempos. Enfim, são jogadores que definiram a década passada e fizeram muita gente se apaixonar pelo futebol americano.
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