Oportunidade é uma coisa valiosa e o Chicago Bears talvez seja o time que melhor entenda isso no momento. Os últimos 4 anos da organização foram um reflexo direto da decisão de escolher Mitchell Trubisky no Draft de 2017 e, enquanto Patrick Mahomes e Deshaun Watson brilhavam por outras equipes, os Bears se viram presos com um quarterback ineficiente na esperança que ele pudesse justificar um investimento tão grande.
Certo ou não, quatro anos depois dessa decisão, o head coach Matt Nagy e o general manager Ryan Pace ganharam a oportunidade de liderar a franquia por mais uma temporada, mesmo com o consenso quase que unânime que eles estavam no hot seat em 2020 – se salvaram com uma aparição desinteressante nos playoffs. Aproveitando a oportunidade que lhes foi dada com a queda de Justin Fields no Draft, Nagy e Pace podem ter salvos seus empregos com seu novo quarterback.
Fields, melhor quarterback da era Pace
Uma coisa que ficou clara nos últimos anos é que o general manager dos Bears não tem medo de tentar um daqueles grandes movimentos: o problema é que o histórico de Pace nesses riscos é muito ruim. Tudo bem, ele até acertou na troca por Khalil Mack com os Raiders, só que ele fracassou de forma retumbante tentando encontrar o franchise quarterback de Chicago.
O primeiro grande movimento na posição foi a contratação de Mike Glennon na free agency de 2017, dando ao jogador um contrato de 3 anos e 45 milhões que, na prática, foi um acordo de 1 ano, 18 milhões de dólares e 8 turnovers em 4 semanas; no Draft daquele mesmo ano, a subida por Mitchell Trubisky, que se provou um movimento terrível. Houve ainda a troca por Nick Foles, que não conseguiu se estabelecer o titular sobre Trubisky e que hoje é apenas o terceiro quarterback.
Os Bears assinaram com Andy Dalton em março e, de fato, ele é uma opção melhor que todas essas do parágrafo anterior. O problema é que ele não tem um teto de produção suficiente pra tirar Chicago do purgatório de quarterbacks – afinal, se ele fosse um quarterback acima da média, ele não estaria disponível no mercado pra ser contratado por um preço tão baixo. Até defendemos antes do Draft uma troca da equipe numa edição do nosso Mural de Assinantes.
Fields chega como a salvação da pátria dentro desse mar de escolhas ruins pós-era Jay Cutler. Não é como se os Bears tivessem subido por um quarterback qualquer no Draft só pra tentar arriscar na posição: eles subiram pelo segundo melhor passador no Draft que tem um piso de produção superior ao de Dalton e, se sua carreira seguir o curso esperado, resolverá um problema histórico de Chicago, se transformando numa estrela na liga.
Foi sorte para Ryan Pace e Matt Nagy que ele caiu até a 11ª escolha? Sim, mas créditos à organização por ter aproveitado a oportunidade. Antes tarde do que nunca, os Bears têm um franchise quarterback em que vale a pena apostar todas as fichas.
Pace e Nagy continuam ameaçados
Eu sei que a chegada de um jogador do calibre de Fields provavelmente amenizou um pouco a pressão pela demissão do treinador e do general manager dos Bears, só que, diferente de casos como Urban Meyer nos Jaguars ou Robert Saleh nos Jets, que também terão de trabalhar com quarterbacks calouros em equipes de reconstrução, a (válida) pressão em Chicago exige que o time precise competir já em 2021 se não quiserem passar por uma nova reestruturação na organização.
Enquanto Jaguars e Jets tinham as duas primeiras escolhas do Draft, os Bears estavam disputando os playoffs na temporada passada. É um elenco com boa quantidade de talento, especialmente no lado defensivo, e que, se tivesse um quarterback consistente nos últimos anos, teria feito muito mais barulho na NFC. Nagy terá de encontrar o balanço entre desenvolver Fields ao mesmo tempo que seu time é competitivo em campo.
No fim das contas, nem mesmo um desempenho ruim em 2021 vai tirar a esperança do torcedor do Chicago Bears no futuro. A organização tem a peça mais importante para planejar os passos da próxima década e não é exagero nenhum dizer que o teto de produção de Fields pode transformá-lo no melhor quarterback da história da franquia – o que, sejamos honestos, não é a barra mais difícil de superar. Uma única escolha de Draft levou rios de esperança até Illinois.
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