Com a quarta escolha geral do Draft, o Atlanta Falcons escolhe… Kyle Pitts, tight end, Florida. Após Roger Goodell dizer isso publicamente no palco do Draft 2021 montado em Cleveland, o burburinho de uma potencial troca do wide receiver Julio Jones parecia ter ido por água abaixo. Trocar um cara como Jones, que teve seis temporadas seguidas com 1000 jardas recebidas até 2019, é um movimento que sinaliza reconstrução. Times vendedores não brigam por playoffs. Times que não draftam um quarterback brigam por playoffs. Times que reforçam uma unidade que já era forte – o ataque aéreo – brigam por playoffs.
Quem Atlanta queria ser? Porque não dá para ser as duas coisas, vendedor e comprador. A menos que haja falta de foco e um plano bem traçado na Geórgia. Não era exatamente esse o caso: segundo o The Athletic[foot]via Tori McElhaney[/foot], Julio já vinha se estranhando com a organização desde o pedido de um ajuste salarial em 2018 e, no começo dessa intertemporada, pediu oficialmente para ser trocado. A partir daí, a discussão é completamente diferente: não adianta manter um jogador que não está totalmente interessado numa franquia que entra numa nova era.
Matt Ryan ainda tem gasolina no tanque. Perder Jones, certamente, não ajuda. É possível que Atlanta chegue à pós-temporada, mas em minha humilde opinião essa chance é uma luz no fim do túnel em caso do time ter uma boa média de pontos marcados – o que ajuda a compensar o fato de que a defesa não tem tanto talento na secundária e no pass rush. Para marcar pontos, ter Julio Jones era uma boa pedida. Não é como se imaginássemos que os Falcons repetiriam a marca de 2016, com Matt Ryan eleito MVP e 33 pontos por jogo – melhor marca da liga. Mas era possível, com ataque semelhante àquele – Arthur Smith deve trazer a marca do play-action que teve em Tennessee – uma melhora é esperada.
Momento é ruim e pode ser oportunidade perdida
O New Orleans Saints não tem mais Drew Brees, o Carolina Panthers tem uma incógnita em Sam Darnold. 2021 apresenta-se como uma janela interessante para que Atlanta dê um último gás com Ryan, conforme disse acima. Sob o aspecto de valor do que Atlanta poderia receber em troca, o momento também não é dos melhores.
Valor é oferta x demanda em boa parte dos casos. A demanda por wide receivers por óbvio é menor do que era antes do Draft – agora alguns times já mataram a sede por jogadores da posição. Com a oferta idêntica e demanda menor, o valor cai junto. Os Falcons nem teriam muito o que fazer quanto a isso. Para não engolir o sapo com o dinheiro garantido do contrato, Atlanta precisava trocar Julio depois do início de junho. Assim, o dinheiro garantido é dividido[foot]via Spotrac[/foot]: 7,5 milhões nesta temporada, 11,5 em 2022. A economia seria de 15,3 milhões de dólares na folha deste ano.
Numa situação normal, a conversa do valor alto o suficiente começa em duas primeiras rodadas. Menos do que isso já não compensaria. Só que essa não era uma situação normal, dado o valor de contrato e o fato do jogador ter pedido oficialmente para ser trocado, inclusive com uma declaração dada ao vivo ao programa Undisputed da Fox Sports americana. Ele não sabia que o programa estava ao vivo, mas o dano já estava feito.
Talvez os Falcons nem quisessem trocar Jones, porém, ficaram com as mãos completamente atadas dado o desejo do jogador de atuar por uma equipe com mais chances de competir em 2021. A esperança é que, agora que foram atrás de Pitts, tenham um ataque potente o suficiente para fazer o torcedor sorrir.
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