Tagovailoa segue brilhando no camp e esperança está em alta nos Dolphins

Em seu segundo ano e depois de muitas contestações em 2020, Tua está arriscando mais em profundidade – mas por outro lado ainda aparenta segurar muito a bola em momentos-chave no pocket. Otimismo é a palavra do dia no sul da Flórida.

Eu fui injusto com Tua Tagovailoa em algum momento da temporada passada. Você talvez deve ter sido. O contexto jogava muito contra. Em especial por quatro pontos que vou lembrar ao leitor.

i) Tua vinha de uma lesão muito grave no quadril, sofrida na temporada final do quarterback em Alabama. Sei que num primeiro momento podemos pensar que quarterback é só força no braço, mas o movimento do quadril – em grosso modo, semelhante ao torque que um tenista dá – é pra lá de importante para gerar força num lançamento.

ii) Tua não tinha o melhor elenco de apoio do mundo. O corpo de recebedores de Miami foi o quinto pior da NFL em jardas totais, com 2137 e em jardas por recepção, com 11.19. Os wide receivers também não tinham à disposição o melhor esquema tático do mundo. Aqui em ProFootball (especificamente no podcast), criticamos bastante a questão de Chan Gailey, visivelmente defasado, ser o primeiro coordenador ofensivo de Tua na carreira profissional.

iii) O contraste com Justin Herbert. Titular desde praticamente o início da temporada – entrando em campo por conta de uma aleatória e bizarra perfuração do pulmão de Tyrod Taylor na semana 2 – o calouro dos Chargers quebrou recordes no ano passado. Foram 31 touchdowns e 396 passes completos, ninguém na história tem mais como calouro. Herbert foi escolhido depois de Tua, então por óbvio a narrativa não ajudou o quarterback de Miami.

iv) A figura do “fechador”, a là Major League Baseball: Ryan Fitzpatrick entrando no final das partidas para buscar resultado e/ou segurar resultados. Foi uma abordagem um tanto quanto esquisita por parte de Brian Flores e, bem, não funcionou. A ideia original, creio, era colocar o veterano para o gás dado ajudasse o time chegar à pós-temporada. Miami teve uma derrota colossal na Semana 17 contra os Bills – Fitzpatrick estava machucado, aliás, e não jogou e nem entrou. Essa derrota foi um ponto de exclamação invertido para os que duvidavam de Tagovailoa na temporada passada e entrando em 2021. Tua teve três interceptações e seu rating foi de 20.

A volta por cima

Em meio a esse panorama nada bom, Tua precisaria mostrar serviço desde o primeiro dia de Training Camp e a boa notícia é que, bem, exatamente isso que está acontecendo. Tua teve o primeiro dia com duas ou mais interceptações apenas uma semana depois do camp ter começado[foot]twitter.com/…o/status/1424409486651969537[/foot]. Uma das coisas que mudou foi que o quarterback dos Dolphins está dando alguns tiros interessantes em profundidade[foot]twitter.com/…o/status/1422918164657156098[/foot]. Ta aí uma coisa necessária, dado que Tua teve 6.26 jardas por tentativa no ano passado, número que lhe coloca atrás de Alex Smith e Andy Dalton. Algo que assustou foi a produção ruim do produto de Alabama em terceiras descidas. Como Michael Lombardi lembrou[foot]https://theathletic.com/2734592/2021/07/28/lombardi-its-a-make-or-break-year-for-tua-tagovailoa-even-if-its-only-his-second-season/?article_source=search&search_query=tua%20tagovailoa[/foot] em sua coluna do final do mês passado, em terceira descida o calouro teve 50% de passes completos com apenas 4,65 jardas por tentativa, quatro touchdowns e três interceptações.

A falta de confiança em terceira descida, de mais verticalidade e até de precisão são claramente um sinal alarmante… Se Tua não fosse um quarterback que tem apenas 10 jogos na liga e que voltava de lesão grave. Justiça será mais e melhor feita considerando o segundo ano – até pelo fato de Tua agora ter um elenco de apoio mais forte nos arredores e um coordenador ofensivo que não está defasado como Gailey.

O elemento vertical, felizmente, está na ordem do dia. “É algo que ele colocou trabalho em cima, que nós colocamos”, disse Brian Flores durante o camp. “Não forçar a bola no fundo do campo, mas tomar vantagem das oportunidades quando elas estiverem lá”, completou[foot]via t.co/2DMXv28aNZ[/foot].

Tá tudo lindo então?

Nem tanto. Acompanhei os reports de um insider em especial que está no camp, Omar Kelly, que trabalha para um jornal da região. Kelly tem otimismo com Tua mas chamou a atenção para o fato de que Tua está indeciso em situações de pressão e segurando a bola mais do que deveria. Omar chama a atenção[foot]via t.co/2DMXv28aNZ[/foot] para situações de blitzes da defesa. “Em múltiplas ocasiões em treinos recentes, ele segurou a bola demais e na quarta Brennan Scarlett chegou nele no que seriam sacks se os defensores pudessem tacklear os quarterbacks”, escreveu. “Em exercícios 11 vs 11, Tagovailoa tomou um safety”, completou.

Tua parece saber do problema em sentir a pressão e os camps são o momento para melhorar isso – e para fazer experimentos no relógio mental do quarterback. “Eu não sou tão alto, então estou ali atrás e tento manobrar meu caminho dentro do pocket para ver onde os caras estão”, disse[foot]via t.co/2DMXv28aNZ[/foot]. Por outro lado, Kelly elogiou Tua no Twitter recentemente dizendo que “por ora, ele está cumprindo as expectativas”[foot]https://twitter.com/OmarKelly/status/1424396563061817344[/foot].

Em resumo, as coisas melhoraram: mas ainda não chegou ao ponto de que podemos dizer que Tua é um candidato a ser melhor quarterback da divisão ou mesmo de jogador que mais melhorou de um ano para o outro. A tendência é que o time como um todo melhore e que Tagovailoa tenha um ano mais afirmativo. Elenco de apoio para isso ele tem – lembrando, o time tem Will Fuller, DeVante Parker, Albert Wilson e Jaylen Waddle (calouro, que inclusive jogou com Tua no college) à disposição. Na pior das hipóteses, os Dolphins saberão o que têm em seu quarterback após a temporada de 2021. Caso queira, vale lembrar, o time tem duas escolhas na primeira rodada de 2023 para usar de munição para subir no Draft do ano que vem.

Hoje, não apostaria nesse cenário pessimista – porque, como vimos, Tua está melhorando. Mas se ao final do ano as coisas não estiverem de acordo com “ser um quarterback de primeira rodada após dois anos”, aí o cenário muda de figura. A ver.

Para saber mais: 
Prévias 2021: Titans dominam a divisão, mas AFC é sonho distante
Prévias 2021: Defesa dá esperança a Washington na NFC East
Prévias 2021: Daniel Jones, agora ou nunca (serão)
Prévias 2021: Ano de reconstrução para os Texans, com ou sem Watson

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