O que já era óbvio desde o dia do Draft foi confirmado nesta semana: Trevor Lawrence será o quarterback do Jacksonville Jaguars na semana 1. Ainda que haja a necessidade de ganhar experiência como titular, e Lawrence ser de longe o passador mais competente do time, há uma grande preocupação com relação a colocar o calouro em campo: se a proteção não melhorar, os Jaguars correm o risco de ver Lawrence se machucando gravemente, tal qual Joe Burrow no Cincinnati Bengals de 2020.
As primeiras exibições nesta pré-temporada assustaram o torcedor. Até aqui, Lawrence foi pressionado em 37% de seus recuos de passe, e em incríveis 41,7% das jogadas contra o New Orleans Saints. Esse percentual de pressão sofrida é o segundo maior entre todos os quarterbacks que tiveram pelo menos 25 jogadas de passe nessa pré-temporada. [foot]Next Gen Stats[/foot]
Nem mesmo a boa mobilidade do calouro e sua capacidade de enxergar o campo sob pressão, como neste belo passe para Laviska Shenault, serão suficientes se Lawrence for pressionado com frequência. Ele completou apenas 40% dos seus passes quando apressado pela defesa e teve baixíssimas 4,9 jardas/tentativa nesta pré-temporada.[foot]Pro Football Focus[/foot] Já passou da hora de Jacksonville ir atrás de uma solução.
Sem mais semelhanças com Luck
Lawrence foi comparado com Andrew Luck muito antes do Draft, até pela semelhança de quão prontos chegaram à liga profissional. No entanto, o calouro não precisa ser uma cópia perfeita do agora aposentado Luck, até porque o que fez o ex-quarterback do Indianapolis Colts deixar a NFL precocemente foi justamente a negligência de sua franquia.
Há pouco mais de dois anos, com a notícia de sua aposentadoria, fiz um texto sobre como a “Lei de Andrew Luck” deveria se tornar a sina das franquias dali para frente. Proteja seu quarterback a todo custo, o resto fica para depois. O investimento na linha ofensiva se tornou essencial, seja no Draft ou na free agency, só que Jacksonville tentou burlar essa regra no primeiro ano.
Não vou argumentar sobre os pontos negativos da escolha de Travis Etienne na primeira rodada, até porque é bater em morto depois que Etienne se machucou com gravidade e não entrará em campo em 2021. Só que os primeiros impactos dessa atitude vêm sendo sentidos: Urban Meyer apostou que o miolo da unidade seria consistente e um investimento menor nas pontas se pagaria, como vimos com a escolha de Walker Little no segundo dia do recrutamento. Meyer errou feio, e se nada for feito, Trevor pagará o preço
A pressão chegou a Lawrence por todas as direções nos primeiros dois jogos, e isso só piorará na temporada regular contra defesas titulares. Meyer precisa ativar seu senso de urgência e ir atrás de tapar os buracos, mesmo que não seja com soluções duradouras – quando algum cano da sua casa está vazando, é necessário remendar até que o encanador consiga trocar por uma peça nova. Do contrário, Lawrence novamente será comparável a Luck. Só que do jeito errado.
Possíveis alvos
Encontrar uma solução definitiva neste ponto dos acontecimentos é impossível, a menos que a equipe consiga uma troca. Portanto, ir à free agency e buscar veteranos por valor baixo em contratos de um ano é a melhor solução possível.
A chance de dar errado não é pequena, mas como a equipe tem muito espaço na folha salarial, isso não impactaria financeiramente nos próximos anos – e, bem, a saúde de Lawrence não pode ser arriscada. Nomes como Rick Wagner, Russell Okung e Kelechi Osemele são apostas válidas para a franquia.
Vai tornar a linha excelente? Não, mas para quem está no fundo do poço, qualquer tentativa de se agarrar a uma pedra é válida. Os Jaguars não brigam por nada neste ano – o processo de reconstrução apenas começou -, só que isso não quer dizer que não devam proteger sua principal joia da melhor forma possível. Arriscar a saúde de Lawrence é colocar em xeque o futuro da franquia, e nós já vimos o que acontece quando esse erro é cometido.
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