Quem esperava alguma evolução do ataque do New York Giants após o retorno de Saquon Barkley e os investimentos da intertemporada se decepcionou. No final do dia, o que vimos contra o Denver Broncos foi basicamente o mesmo ataque de 2020: uma mistura de poucas ideias, erros individuais e incapacidade assustadora de colocar pontos no placar, à parte um ou outro momento de brilho conseguido por Sterling Shepard e Kenny Golladay.
É só a semana 1, mas as batatas de Joe Judge, Daniel Jones e sobretudo Jason Garrett já estão no forno. Ninguém imagina os Giants no Super Bowl em fevereiro, no entanto o próprio John Mara, o dono da franquia, disse semanas atrás que é hora de começar a vencer jogos. Se o time continuar atuando assim, não será possível atender ao pedido do chefe.
Tirem o playbook da mão de Garrett, por favor
Eu particularmente não era contrário a chegada de Jason Garrett para compor a comissão técnica. Ex-quarterback com larga experiência na NFL esquentando o banco de Troy Aikman, Garrett ajudou no desenvolvimento de Tony Romo e Dak Prescott e talvez também pudesse ajudar Daniel Jones. O problema foi colocá-lo na função de coordenador ofensivo com plenos poderes para construir o ataque e chamar jogadas.
A derrota diante de Denver foi provavelmente seu ponto mais baixo como playcaller. Por exemplo, Garrett fez três chamadas ruins e ultraconservadoras depois do turnover forçado por Logan Ryan no final do 2º quarto. Talvez o plano fosse gastar relógio e, no mínimo, ir aos vestiários ganhando por 7 a 3, o que convenhamos não é lá muito ambicioso. Enfim, isso levou a um three-and-out, possibilitando aos Broncos recuperar a bola e virar o placar antes do cronômetro zerar.
Outra coisa: todo mundo sabe que a principal qualidade de Jones é sua precisão em passes longos. Como explicar, então, ele ter lançado apenas duas bolas que viajaram mais de 20 jardas durante a partida inteira? Um desses passes, aliás, virou uma belíssima recepção de Darius Slayton, sendo o lance mais explosivo do ataque.
É verdade que a linha ofensiva é ruim e Jones não pode segurar a bola por muito tempo esperando rotas longas se desenvolverem, pois acabará sofrendo um sack atrás do outro. A combinação Nate Solder e Matt Peart na posição de right tackle revelou-se terrível, embora Andrew Thomas venha se solidificando na extremidade esquerda. Ainda assim, é papel do coordenador ofensivo encontrar soluções e aproveitar o melhor dos seus jogadores. O que não dá é para chamar um passe rápido de duas jardas em uma 3ª para nove jardas e se contentar com o punt.
Daniel Jones não tem salvação
Reconhecemos que “Danny Dimes” foi colocado na pior situação possível. Ele é um quarterback de talento mediano jogando em uma equipe fraca e mal treinada. É como dar um carro de Fórmula 1 cheio de problemas nas mãos de alguém que não sabe dirigir direito e torcer para essa pessoa não bater no muro toda corrida.
Jones, contudo, também não se ajuda: 30 fumbles sofridos em 28 partidas (18 perdidos) deve ser um recorde. Contra Denver, ele deixou a bola escapar de maneira displicente na red zone ao tentar ganhar uma jarda extra após um scramble. Esse turnover praticamente sacramentou o revés.
Veja bem, o terceiranista foi razoável na maior parte do tempo. Ele conectou vários passes bonitos em rotas intermediárias no meio do campo, fez leituras decentes e acertou Darius Slayton em uma das poucas oportunidades na qual pôde lançar em profundidade. Entretanto, Jones tem alguns momentos de completa pane mental, como o fumble ou quando lançou um passe dois metros acima de Kyle Rudolph em uma 3ª descida na beira da end zone. Esses detalhes pesam bastante e fazem os Giants saírem de campo derrotados.
Em suma, New York precisaria ser um time muito consistente para sobreviver aos periódicos colapsos de Jones. Como este não é o caso, um puxa o outro para baixo e a franquia não sai do lugar, conseguindo vencer de vez em quando, mas nunca sendo realmente competitiva. A sapatada diante dos Broncos foi um duro choque de realidade, mostrando que o hype de candidato aos playoffs levantado na intertemporada pode ter sido uma enorme precipitação.
Para saber mais:
Seahawks podem ter melhor ataque da era Wilson com novo coordenador
📰 Radar NFL: Raheem Mostert fora da temporada
Darnold tem estreia animadora, mas é preciso mais
Susto no final preocupa, mas 49ers mostram que fórmula ofensiva segue afiada
