Em pleno setembro, era um tanto quanto difícil imaginar que um time contrataria um quarterback recém-cortado com estilo de jogo peculiar. O agravante é que esse quarterback tem largo histórico de lesão, conta com um estilo de jogo próprio que precisa trazer ajustes no livro de jogadas para tirar o melhor dele e, a cereja do bolo: não está vacinado. Estamos falando de Cam Newton, como o leitor deve ter percebido.
Perdedor da batalha de quarterbacks em New England, Newton foi cortado pelo time e não sabemos a realidade dos porquês – apenas cogitar. Um quarterback reserva precisa estar pronto para jogo e pergunta-se até que ponto seria ocaso. O estilo de jogo newtoniano é completamente diferente de Mac Jones, quarterback mais preciso e menos móvel. Assim, imagine que um plano de jogo é montado para Mac, ele se machuca e Newton precisa entrar em campo com jogadas que foram separadas antes da partida e que não tiram o melhor dele. Não orna.
A questão da não-vacina certamente é um agravante. Não por julgamentos morais por si no caso de New England, mas porque um não-vacinado fica fora 10 dias em caso de contato com alguém que testou positivo. Imagine que o jogador que testou positivo é Mac Jones e Newton teve contato direto com ele – coisa que faz todo sentido, porque os quarterbacks ficam o dia inteiro junto no CT, como evidenciado na situação caótica que tivemos em Denver no ano passado. Newton não estaria apto para ser o “próximo da fila”.
Onde haveria espaço, não há mais
Muito foi falado e discutido sobre onde potencialmente haveria espaço. A princípio, não concordei integralmente com a possibilidade de Denver, por exemplo – dado que o time recém teve uma disputa de quarterbacks entre Teddy Bridgewater e Drew Lock. Soaria estranho trazer Newton finda essa batalha. A situação de Newton nesse aspecto não melhora, porque Bridgewater foi brilhante, preciso e sem erros na vitória da Semana 1 contra os Giants – tudo coisa que Newton ficou devendo no ano passado.
O Houston Texans, que concorre para ser uma das piores campanhas da liga em 2021, também surgiu como alternativa. Afinal, dá para dizer que Cam é um quarterback melhor que Tyrod Taylor. Aí o titular dos Texans não deixou pedra sobre pedra na secundária de Jacksonville. Que não é das melhores, frise-se, mas foram quase 300 jardas e dois touchdowns. Mais uma porta que, aparentemente, se fecha.
Por fim, a ligação óbvia com o Washington Football Team. Ron Rivera, o head coach do time, foi o técnico de Cam Newton em Carolina – sendo seu primeiro treinador na NFL, aliás. Juntos, chegaram ao Super Bowl 50 em ano que Newton foi MVP (2015). Nesta semana, perguntaram para Ron Rivera se algum quarterback seria assinado pelo time, dado que Ryan Fitzpatrick machucou o quadril e estará fora por algumas semanas. “Não, por enquanto não, temos uma semana curta e depois veremos”. Aí veio a atuação de Taylor Heinicke ontem, com a vitória no final e 336 jardas. Complicou mais ainda.
A chance de Rivera contratar Newton, por melhor que tenha sido seu tempo juntos no passado, diminui ainda mais na medida em que Newton não está vacinado e Ron Rivera já teve câncer – ou seja, precisa tomar mais cuidado. “Tenho que usar máscaras, ser cuidadoso”, disse ao repórter da Sports Illustrated, Albert Breer. “Tivemos alguns jogadores testando positivo e isso me assustou, porque interajo com esses caras, estou próximos deles”, falou. “Eu sei que estou vacinado e sei que isso vai impedir que eu fique seriamente doente, mas quem sabe, eu preciso ser cuidadoso”, completou.
Por ora, a chance é baixa. A cada semana que passar, cada vez menor. Não duvido que Newton não terá time nesta temporada. Como titular, não tem espaço. Como reserva, não está vacinado e temos poucos times com livro de jogadas adequado ao seu estilo. Caminha para um triste fim a carreira do MVP da temporada de 2015.
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