Nos últimos anos, com exceção a apologias em vídeo ou texto em relação ao trabalho do coordenador defensivo Patrick Graham, os conteúdos que produzi sobre o New York Giants foram bastante duros e ácidos. De toda forma, os resultados estão aí para serem escancarados na cara de todos. 2021 completou 10 anos da última vitória em playoffs, o Super Bowl contra o New England Patriots. Desde então, apenas uma visita à pós-temporada, com o colossal naufrágio do barco de Odell Beckham Jr. e amigos em janeiro de 2017.
Depois disso, escolhas equivocadas foram feitas pelos donos do time. Dave Gettleman chegou para dar as cartas tendo como trunfo a temporada de 2015 de Carolina, mas nada muito além disso. Gettleman acumula erros e mais erros como general manager dos Giants. Enquanto a troca de Odell provou-se boa, o retorno – Dexter Lawrence – nem de perto vale uma primeira rodada. Não me entenda mal, ele é um bom jogador contra a corrida, mas são 9 sacks em três anos. É pouco para um jogador de meio de first round.
Antes esse fosse o problema. Gettleman pagou mais do que deveria em Nate Solder, draftou Saquon Barkley na segunda escolha do Draft de 2018, trocou Jason Pierre-Paul, trocou duas escolhas por Alec Ogletree, deu um contrato para Blake Martinez depois dele ser chutado pelos Packers e tem responsabilidade como fiador em dois dos principais problemas do time: Joe Judge como head coach e a sexta escolha geral do Draft de 2019 em Daniel Jones.
Agora, as coisas parecem engrenar, certo?
Não. O fiador pode pagar a dívida e cair, mas Judge e Jones continuarem. Adam Schefter reportou ontem que Daniel Jones e Joe Judge devem continuar para a temporada 2022. Isso não indica, necessariamente, que não haverá competição pela posição de quarterback. Mas, sejamos francos: não há crédito para nenhum dos dois continuar comprando fiado na venda da esquina.
Você já deve estar careca de saber, mas vale lembrar: desde que entrou na NFL, ninguém tem mais turnovers por jogo do que Daniel Jones, com 1,29. Ou seja: a cada três jogos a média é de quase 4 entregadas de bola. Isso é mais, acredite, que Trevor Lawrence, Justin Fields e Zach Wilson nesta temporada. Sim, Jones teve uma sensível melhora nessa questão em 2021, mas nada que seja o suficiente para justificar sua manutenção. Basta assistir a algumas partidas deste ano, como contra os Rams e os Buccaneers, que isso fica evidente. Ademais, ele tem lesão grave no pescoço e literalmente ninguém sabe como volta na próxima temporada.
Judge, por sua vez, chegou como ex-técnico de time de especialistas de Bill Belichick. É mais um time que cai nesse golpe, achar que um assistente de Belichick vai ser um super-herói e arrumar tudo. Como sempre, os assistentes chegam com a Síndrome de Patricia e acham que são o cara porque agora tornaram-se head coach. Como aconteceu com Matt Patricia em Detroit e tantos outros, o cara pesa a mão mais do que deveria e os resultados não aparecem nos primeiros anos. A tripulação não segue o capitão e o Titanic bate no iceberg.
Em duas temporadas como head coach dos Giants, Judge não imprimiu nenhum estilo ao time. Permitiu o absurdo de Jason Garrett ser o coordenador ofensivo e este pagou o pato no meio da temporada como um autêntico boi de piranha para que o restante seguisse no cargo. Nessas duas temporadas, a fabulosa campanha de 12-21.
Nenhum dos dois merece mais uma chance em especial porque o torcedor dos Giants não merece continuar passando por isso. O que mais lamento é a ausência de sol no horizonte. Como dito, não há nenhum sinal de que os dois vão dar a volta por cima ou que, do dia para a noite, Dave Gettleman vá draftar bem – e o perigo é que o time terá duas escolhas no top 10 do Draft de 2021.
Pode dar a parecer que tenho algo contra o time por conta de tantas críticas, mas a realidade é justamente contrária: quem parece ter algo contra a equipe é John Mara, dono do time e que pelo visto pretende passar o centenário da equipe em 2025 com cara de tacho. Não há nada de gigante nisso.
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