Fora de Jogo: Amamos a pós-temporada, mas amamos o sétimo seed?

A adição de um sétimo time por conferência na pós-temporada traz emoção na reta final da temporada regular, mas dilui o espetáculo da rodada de Wild Card

setimo seed

Para a alegria do torcedor, tivemos um final de semana recheado de partidas na rodada de Wild Card. Foram seis duelos de mata-mata, com os primeiros seeds de cada conferência descansando para a semifinal de conferência, e pelo segundo ano consecutivo, tivemos a participação dos sétimos seeds na pós-temporada, uma alteração em vigor desde 2020. Neste ano, tivemos o Pittsburgh Steelers e Philadelphia Eagles pela AFC e NFC, respectivamente.

Os Steelers foram amassados pelo Kansas City Chiefs, time de segunda melhor campanha, enquanto o Philadelphia Eagles não conseguiu frear Tom Brady ou explorar as fraquezas na secundária do Tampa Bay Buccaneers. Assim, o jogo no Raymond James Stadium terminou 31 a 15 para os donos da casa. Mais do que destacar os grandes momentos do final de semana, como o mal-treinado Dallas Cowboys e seu draw para esgotar o relógio ou a partida ofensivamente perfeita do Buffalo Bills, gostaria apenas de sugerir um debate: o sétimo seed é interessante para a NFL?

Não me entendam errado; mais jogos de Wild Card trazem maior faturamento em cotas televisivas, dentre outras formas de rechear a própria carteira que a National Football League tanto preza. A pergunta, na verdade, trata do produto oferecido durante a primeira semana de pós-temporada. Por vezes, alguns times que ocupavam o sexto seed ofereciam pouca resistência em janeiro; não parece que adicionar mais um valoriza o que é visto dentro de campo.

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Caso estívessemos sob as regras da temporada 2019, o final de semana passado teria visto os mesmos confrontos: Buffalo Bills contra New England Patriots e Cincinnati Bengals versus Las Vegas Raiders pela AFC; Dallas Cowboys versus 49ers, Arizona Cardinals contra Los Angeles Rams . Teríamos sido poupados dos dois atropelamentos do segundo seed contra o sétimo em cada uma das conferências, jogos que, nessa rodada do final de semana, foram perfeitamente dispensáveis.

Em termos de entretenimento, foram “batidas de ponto” para as segundas melhores campanhas, que, desde o ano passado, perdem a sua semana de folga antes da semifinal de conferência. Os momentos memorávies desta pós-temporada, até o momento, vieram dos confrontos que existiriam de qualquer maneira – entre terceiros e sextos, quartos e quintos

Desde o ano passado, foram quatro partidas disputadas por sétimos colocados, sem nenhuma vitória. A mais disputada ficou entre Buffalo Bills e Indianapolis Colts na temporada passada, uma vitória do time de Josh Allen num quase comeback de Philip Rivers que conquistara 11 vitórias na temporada. O outro duelo ficou por conta do Chicago Bears, que anotou 9 pontos contra 21 do New Orleans Saints. O time de Illinois chegou à pós-temporada com uma campanha 8-8, vale ressaltar.

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É inegável que a corrida por uma vaga na pós-temporada fica mais disputada. Talvez isso se dê também pela décima-oitava semana, mas ainda precisamos de mais um ou dois anos para propor um pensamento mais elaborado sobre o assunto. Ainda assim, tivemos momentos de emoção absoluta no duelo entre Los Angeles Chargers e Las Vegas Raiders, que, caso empatassem, iriam juntos para a pós-temporada. Infelizmente, um field goal na prorrogação nos deu o Pittsburgh Steelers viajando para o Missouri apenas para serem enxotados com 42 pontos nas costas. É certo que a corrida fica mais emocionante, mas o produto da pós-temporada perde em qualidade.

A diferença entre os times que conquistam o segundo e sétimo seed é grande o suficiente para que a partida entre os dois dificilmente seja acirrada. Coloca-se uma partida adicional, além da décima-oitava semana, para um time que dificilmente fará frente ao segundo melhor da conferência. Não é bom para o esporte, na pós-temporada, que teoricamente traz os melhores times do ano, que o quarterback de um deles diga “não temos nenhuma chance”.

Claro que há chance de zebra, isso é inegável, o que traz muita da graça que qualquer esporte tem. Wild Cards são fundamentais para algumas das melhores histórias da NFL – os Raiders de Jim Plunkett em 1981, o único Super Bowl de Aaron Rodgers e, claro, o New York Giants de 2007 e a grande zebra do Super Bowl XLII. Entretanto, eles sempre existiram no antigo formato. O sétimo seed, por enquanto, não disse ao que veio, para além do locupletamento dos bolsos da National Football League.

Eu espero estar errado em 2023. Torço para que esse novo formato traga entretenimento e qualidade dentro de campo para o Wild Card Weekend, que foi brilhante nos últimos dias apenas pelas partidas que existiriam de qualquer forma.

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