Há derrotas que entristecem. Há derrotas que doem. E há derrotas que tiram o chão do torcedor. Dois anos atrás, o Buffalo Bills perdia para o Houston Texans após abrir larga vantagem – foi triste. Em 2021, com Josh Allen já em versão turbinada, a equipe perdeu para o Kansas City Chiefs, sem conseguir manter o jogo no páreo – foi doloroso. Nesta semana, a equipe viu uma performance impecável de seu quarterback escapar pelas mãos quando parecia que, enfim, a felicidade viria. O chão sumiu.
A franquia fez tudo que parecia certo. Reforçou os setores carentes, melhorou o entorno do seu quarterback e viu ele dar mais um salto de produção, principalmente nos jogos mais importantes. Quando a temporada esteve em risco, Allen fez todo o possível para colocar seu time na final da conferência outra vez – e poderia ter feito mais, não fosse a regra da prorrogação -, mas, contra Patrick Mahomes e companhia, por vezes nem isso é o suficiente.
Novamente, os Bills são nocauteados no fim da luta. É óbvio que, em 2022, eles chegarão aos playoffs de novo, só que isso já se tornou obrigação com Allen under center. A equipe precisa encontrar formas de derrubar Kansas City no “round 3”.
Quais eram as expectativas do torcedor para 2021: O título da nossa prévia indicava tudo. Buffalo só tinha uma missão, superar os Chiefs. O foco em melhorar a linha defensiva e ter peças na secundária que (em tese) poderiam dar conta da velocidade do ataque de Kansas City indicavam que o sonho seria possível. Com os outros times da AFC East sendo uma incógnita, a divisão seria um objetivo tranquilo – o foco estava adiante.
O que aconteceu: Tudo que era previsível aconteceu. Allen subiu ainda mais de nível, o ataque continuou sendo explosivo e a defesa se tornou ainda mais sólida com as movimentações na offseason. O problema é que a temporada de Buffalo foi uma verdadeira montanha-russa. A equipe dominava adversários bem treinados em uma semana e na outra perdia para o Jacksonville Jaguars por 9 a 6 – jogo, inclusive, que custou o mando de campo nos playoffs.
Mesmo diante dos revezes, todavia, Buffalo nunca atingiu um nível de desespero, pois estava claro que o talento permanecia ali, bastavam alguns ajustes acontecerem. Um deles, inclusive, ocorreu na reta final: Brian Daboll precisava fazer seu ataque correr mais com a bola, principalmente envolvendo Allen no jogo terrestre. O resultado foi ótimo e o ataque tornou-se ainda mais dinâmico.
Do outro lado da bola, vimos uma unidade que já era excelente se tornar ainda mais sólida. A defesa aérea foi a mais eficiente da liga[foot] Football Outsiders [/foot], amparando-se em uma secundária extremamente talentosa que conseguiu produzir mesmo com a lesão de Tre’Davious White. A linha defensiva, que fora grande problema, se beneficiou da melhor profundidade do grupo – destaque para o calouro Gregory Rousseau – e gerou 31% de pressão no quarterback adversário, melhor marca da NFL.[foot]Pro Football Reference[/foot]
Em suma, um ataque incrível liderado por um dos cinco melhores quarterbacks da liga somou-se a uma defesa que era o terror de qualquer passador oponente. Este era o ano dos Bills. Quando a equipe atropelou o New England Patriots nos playoffs, todas as oscilações vistas durante a temporada deram lugar à euforia, pois tudo estava perfeitamente alinhado. Só que a vida não é um conto de fadas.
Na eliminação, realmente a defesa poderia mais. E não falo nem somente do drive final – onde aconteceram erros escrachados – mas ao longo de toda a partida, ficou o sentimento de que a unidade poderia ter sido marginalmente melhor, mesmo em uma noite mágica de Mahomes. Contudo. o dolorido é saber que nem toda a performance impecável de Allen foi o suficiente. O quarterback fez chover e, ainda assim, não adiantou. Quando tudo é feito de melhor e o resultado é a decepção, realmente, todo torcedor e jogador perde o chão. Agora, é começar o foco para lutar forte mais uma vez em 2022.





