Ao final da batalha entre Kansas City Chiefs e Buffalo Bills no último domingo, muitas pessoas cravaram aquele jogo como o melhor que elas já viram. De fato, foi a melhor partida do ano e uma das melhores da história dos playoffs, embora ainda seja necessário um pouco de distanciamento histórico para dimensionar o verdadeiro tamanho do show protagonizado por Patrick Mahomes e Josh Allen. Então, vamos abrir uma exceção para esse jogo, que certamente estará aqui numa nova versão deste texto num futuro próximo.
Enquanto esse distanciamento não vem, vamos aproveitar para lembrar alguns outros confrontos memoráveis de mata-mata, eternizados por grandes jogadores, lances mágicos, polêmicas ou acontecimentos fora do comum.
Divisional Round 2001: New England Patriots 16 x 13 Oakland Raiders
O “Tuck Rule Game” tornou-se um clássico mais pela polêmica do que pela qualidade do duelo em si, afinal os atletas de Patriots e Raiders mal conseguiam ficar em pé por causa de toda a neve que caia no Foxboro Stadium.
Enfim, vamos a treta: perdendo por três pontos de diferença e a menos de dois minutos do fim, Tom Brady levou uma pancada de Charles Woodson e deixou a bola escapar, sofrendo um aparente fumble recuperado por Greg Biekert, linebacker dos Raiders. Os juízes, porém, revisaram o lance e marcaram passe incompleto baseado em uma das regras mais bestas já criada, a “tuck rule”, a qual dizia que qualquer movimento intencional para frente do braço do quarterback caracterizava um passe, mesmo se ele perdesse a posse de bola enquanto estivesse tentando trazê-la de volta para perto do corpo. Controvérsias à parte, foi a decisão correta levando em conta o livro de regras da época – hoje a tuck rule já não existe mais, tendo sido foi abolida em 2013.
NFC Championship Game 2014: Seattle Seahawks 28 x 22 Green Bay Packers
Uma partida que virou a esquina da loucura algumas vezes. Seattle saiu perdendo por 16 a 0 após um primeiro tempo simplesmente catastrófico, com direito a três interceptações lançadas por Russell Wilson. Na segunda etapa, contudo, a franquia foi buscar a virada através de um fake field, um onside kick recuperado e uma conversão de dois pontos espírita. Ou seja, imagine todos os lances mais improváveis de darem certo em um campo de futebol americano; tudo funcionou para os Seahawks naquele dia.
Pensando pelo lado dos Packers, Aaron Rodgers conduziu uma campanha de field goal quase milagrosa nos segundos finais mesmo estando machucado, levando o confronto à prorrogação. Infelizmente para Green Bay, Seattle ganhou o cara ou coroa da prorrogação e entrou na end zone logo na primeira posse de bola, protagonizando outro caso de mata-mata decidido na moedinha.
Wild Card 1992: Buffalo Bills 41 x 38 Houston Oilers
Todo mundo adora falar da virada do New England Patriots no Super Bowl depois de estar atrás por 28 a 3, entretanto ela não é numericamente a maior virada da história da NFL. Na verdade, a honra pertence ao Buffalo Bills, o qual chegou a estar perdendo por 35 a 3 diante do Houston Oilers no início do terceiro quarto do Wild Card de 1992.
A equipe do Texas conseguiu a façanha de ceder 35 pontos sem resposta antes de chutar um field goal e levar o duelo ao tempo extra. Buffalo, no entanto, acabaria sacramentando o comeback. Um detalhe quase tão irreal quanto a virada em si é o fato dos Bills a terem conseguido com o seu quarterback reserva, pois Jim Kelly estava machucado. E quem era esse quarterback reserva? Ninguém menos do que Frank Reich, atual treinador do Indianapolis Colts.
A título de curiosidade, Reich também esteve envolvido em uma das maiores viradas da história do College Football, quando ajudou Maryland a reverter uma desvantagem de 31 pontos contra o todo-poderoso Miami Hurricanes.
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NFC Championship Game 1981: San Francisco 49ers 28 x 27 Dallas Cowboys
Esse jogo tem vários significados diferentes para os fãs de San Francisco: o nascimento da dinastia, o primeiro milagre de Joe Montana, o fim da freguesia diante do Dallas Cowboys nos playoffs. Não fosse a recepção mágica de Dwight Clark nos segundos finais, imortalizada com o nome de “The Catch”, muitos juram que o futuro dos 49ers e da própria NFL poderia ter sido bastante diferente.
Vale mencionar também o equilíbrio da partida: 28 a 27 no placar final e seis trocas de liderança no placar. Montana andou 90 jardas em pouco menos de quatro minutos para dar a vitória a San Francisco e classificar o time ao seu primeiro Super Bowl, fazendo valer o futuro apelido de Joe Cool. Clark, por sua vez, entrou para a história em um dos momentos mais icônicos dos esportes norte-americanos.
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Divisional Round 1981: San Diego Chargers 41 x 38 Miami Dolphins
O empate por 38 a 38 no tempo regulamentar mostra que o tal “Epic in Miami” não foi brincadeira. San Diego abriu 24 a 0 no primeiro quarto, mas Miami reagiu anotando 24 pontos em sequência e empatando no terceiro período, com direito até a um touchdown de “hook-and-ladder”. Os Dolphins ainda tiveram a chance de vencer nos segundos finais através de um field goal de 43 jardas, no entanto o tight end Kellen Winslow bloqueou o disparo.
Na prorrogação cada equipe errou um chute, até o kicker Rolf Benirschke converter a tentativa de 29 jardas que deu números finais à partida. Winslow foi a grande estrela do dia ao somar 13 recepções (recorde da época em playoffs), 166 jardas, um touchdown e o bloqueio de field goal salvador. O desgaste foi tamanho que o tight end precisou deixar o campo carregado pelos companheiros por conta da exaustão – era um dia excepcionalmente quente e úmido em Miami.
