Há alguns dias, quando falava da saída de Sean Payton, usei a seguinte pergunta no texto: os ídolos têm o direito de partir? Me arrependo. Mal sabia eu que o momento mais oportuno para usá-la surgiria instantes depois. E fica pior – agora, a resposta dela não faz mais tanto sentido.
Ainda não era a hora, Tom. Eu sei disso.
Eu sei que você tem a Gisele, seus filhos, seus pais, mas eles podiam esperar mais um (ou dois) anos. Eles não podem ser egoístas assim. Você ainda pode mais – eu preciso ver mais.
Eu preciso falar para os meus amigos o quanto você é talentoso. Eu preciso mostrar para a minha família, mais uma vez, os milagres que você pode fazer. Eu preciso que eles olhem para mim e falem: “esse esporte é maravilhoso. O Tom Brady é incrível!”. Eu sei que eles já sabem disso, mas eu preciso mostrar com toda a certeza até o último instante – porque você me ensinou que se houver uma mínima margem, há chance de mudar a história.
Eu preciso ter aquele sentimento do impossível se tornando possível uma última vez. Era a linha fina em que o divino tocava o humano. Você alcançou o sobrenatural.
Eu preciso discutir com o mundo sobre como você foi o maior de todos os esportes. Eu posso até estar errado, mas no meu coração eu estarei certo. Michael Jordan pode ser invicto em finais, Pelé pode ser Pelé, Michael Phelps foi dominante nas águas, mas foi você, Tom, que mudou a história de um jogo. Que fez a dinastia ser viva em um sistema feito para quebrar dinastias. Que desafiou o tempo e as leis da física. Que fez o mundo se apaixonar por te ver, mesmo praticando um esporte com pouco apelo fora do seu país. Quem imaginaria que o Brasil pararia para te assistir jogar em um domingo à noite, trocando o Faustão, o Fantástico e, mais ainda, a mesa redonda do futebol pela bola oval?
Você mudou a história do esporte. Eu preciso ver isso um último ano. Eu preciso ver você jogar até os 45 anos – era o seu sonho, lembra?
Eu preciso… Não, eu não preciso de nada disso. Sua história está feita. Mesmo que você decidisse jogar mais um ano, nada disso importaria.
Eu entendi tudo, Tom.
Nós nunca queremos retornar quando estamos no topo da montanha, mesmo sendo o certo a se fazer. Atingimos a linha de chegada e é hora de descansar. O egoísmo é maior, a força da imagem é maior. Mas existe a verdade em nós, e ela pode até falar baixo, contudo não fica calada.
Eu não sei se é a hora certa de partir, mas você sabe. Eu só posso te dizer obrigado e agradecer pelo que fez dentro e fora dos gramados. Mais ainda, por nos ensinar que o “eu” pode até ser importante, mas ele nunca será o mais importante. Ele pode te fazer perder um jogo, como também pode te fazer escrever um texto errado, se as linhas certas não aparecerem no meio do caminho.
Você é eterno. Obrigado
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