Uma estatística para resumir o que foi a semana 1: os três quarterbacks com os maiores ratings da liga hoje são respectivamente Alex Smith (148,6), Sam Bradford (143) e Jared Goff (117,9). O que isso significa? Nada, tirando o fato de que o mundo as vezes pode ser um lugar muito estranho. Como bem disse Antony Curti em sua coluna “Primeira Leitura“, os acontecimentos da primeira rodada do ano não são definitivos. No máximo são indícios do que está por vir.
Portanto, é preciso ter calma e esperar pelo menos o término da semana 2 para aí assim começarmos a tirar algumas conclusões preliminares, as quais provavelmente também mudarão conforme o campeonato se desenrolar. Patriots, Seahawks e Giants continuam entre as maiores forças de suas respectivas conferências, apesar das derrotas acachapantes. Jaguars e Rams não se tornaram subitamente candidatos confiáveis aos playoffs. Meses de análises e previsões não podem ser descartados após uma única partida.
Encare a semana 2 como um “tira-teima” e confira abaixo algumas coisas importantes que merecem ser observadas com uma dose extra de atenção. Antes, porém, vejamos a lista com os jogos da televisão.
Domingo, 17 de setembro
14h – New England Patriots @ New Orleans Saints (ESPN)
14h – Minnesota Vikings @ Pittsburgh Steelers (ESPN Extra)
17:25h – Dallas Cowboys @ Denver Broncos (ESPN)
17:25h – San Francisco 49ers @ Seattle Seahawks (ESPN +)
21:30h – Green Bay Packers @ Atlanta Falcons (ESPN)
Segunda, 18 de setembro
21:30h – Detroit Lions @ New York Giants (ESPN)
O overreact em cima de Patriots e Le’Veon Bell
Chega a ser inocente a maneira exagerada como muitas pessoas reagiram às atuações ruins de Patriots e Le’Veon Bell na estreia da temporada. New England rapidamente passou de menina dos olhos a patinho feio em várias rodas de conversa. Já o running back dos Steelers começou a ter sua titularidade questionada em dezenas de times de Fantasy. Ou seja, a epidemia do overreact está no ar.
Vamos lá: todo mundo deve ser lembrar o que aconteceu na última vez que New England foi humilhado em rede nacional pelos Chiefs. Uma semana depois, a equipe viajou até Cincinnati e destroçou os Bengals – o famoso momento “we’re on to Cincinnati” de Bill Belichick. Alguns meses mais tarde, o time venceu o Super Bowl. Lá se vão três anos.
Sem dúvida nenhuma a fragilidade defensiva apresentada diante de Kansas City é motivo de preocupação. A linha ofensiva dos Chiefs dominou as trincheiras, o pass rush de New England foi nulo e a secundária foi rasgada pelos passes em profundidade de Alex Smith, sobretudo no segundo tempo. Contudo, a performance ruim não é motivo para achar que tudo está errado. Existe também bastante mérito no plano de jogo montado por Andy Reid.
Os Patriots terão sua chance de redenção visitando os Saints no domingo. Será uma prova de fogo e a oportunidade perfeita para sabermos do que essa defesa é realmente capaz. Se por acaso o time ceder 400 jardas aéreas e 50 pontos para Brees e cia., aí sim os torcedores podem começar a entrar em pânico.
Do lado de New Orleans, a largada da temporada deixou uma sensação de mais do mesmo. A defesa cedeu um caminhão de jardas aéreas para Stefon Diggs e Adam Thielen (250 no total), permitindo que Sam Bradford tivesse a partida de sua vida. Ademais, o front seven não ofereceu resposta às corridas do calouro Dalvin Cook. Brees e o ataque até tentaram, mas pararam no forte sistema defensivo dos Vikings. A expectativa é que as coisas sejam melhores atuando em casa na semana 2.
Outro que sofreu com o overreact nos últimos dias foi Le’Veon Bell. Suas 10 corridas para 32 jardas diante de Cleveland deixaram muita gente de cabelo em pé. O que as pessoas esquecem é que ele estava de greve até pouquíssimo tempo atrás e com certeza ainda não reúne condições ideais de jogo. Além disso, pode ser que talvez o time dos Browns não seja tão ruim assim, não é mesmo? Enfim, até agora não existe nenhum motivo razoável para acreditar na decadência do running back.
Assim como os Patriots, Bell terá sua chance de calar os críticos no domingo, ao enfrentar o poderoso front seven de Minnesota. Jogando no Heinz Field, ele, Antonio Brown e Big Ben têm feito chover nos últimos dois anos.
O destaque no lado dos Vikings vai para a linha ofensiva. Após um 2016 desastroso, a unidade deu a impressão de ser minimamente confiável no duelo contra New Orleans. Vejamos como ela se sairá tentando parar o pass rusher de Pittsburgh e T.J. Watt, o calouro sensação que estreou na NFL com dois sacks e uma interceptação.
O apocalipse ofensivo de Giants e Seahawks
Pedimos licença poética para adaptar um dos grandes vídeos da internet brasileira e afirmar que se colocarmos o Ereck Flowers para tomar conta de duas tartarugas, uma vai sackar o Eli Manning[note]A revolta do torcedor atleticano com o seu zagueiro deve ser parecida com a revolta dos torcedores dos Giants com o seu offensive lineman. https://www.youtube.com/watch?v=h8b99yR8NaU Acesso em: 14/09/2017[/note]. Sério, depois do desastre diante de Dallas não existe mais justificativa para mantê-lo jogando como left tackle. Flowers foi o pior membro de uma linha ofensiva tenebrosa, a qual foi incapaz de proteger o quarterback e abrir espaços para as corridas.
A offensive line de New York só não recebe o prêmio de pior da NFL porque a de Seattle consegue ser ainda mais fraca. Russell Wilson, coitado, passou a partida inteira contra Green Bay ou apanhando ou correndo pela vida. Deste modo, não surpreende que os ataques de Giants e Seahawks tenham combinado para um total de 12 pontos.
Na semana 2, Seattle deverá ter uma vida um pouco mais tranquila recebendo os 49ers. San Francisco não possui um pass rusher dos mais intimidadores e, ainda por cima, possivelmente não contará com o linebacker Reuben Foster (tornozelo) no miolo da defesa. É uma oportunidade de ouro para essa linha ofensiva mostrar serviço.
Já New York receberá os subestimados Lions do subestimado Matthew Stafford no Monday Night Football. A boa notícia é que a franquia talvez tenha a volta de Odell Beckham Jr., o que pode trazer alguma faísca para o seu anêmico ataque. Os Giants lutam para encerrar uma sequência de sete partidas sem anotar pelo menos 20 pontos.
Detroit busca manter o embalo após a convincente vitória sobre os Cardinals na semana passada. Stafford liderou mais uma virada no último quarto (foram oito em 2016) e, por conta de sua grande atuação, o recebedor calouro Kenny Golladay já está sendo chamado de “Babytron” por alguns torcedores mais fanáticos. Olho nos Lions, um dos maiores sleepers da NFC.
Ainda não é hora de empolgar com Rams e Jaguars
O triunfo dos Rams sobre os Colts por 46 a 9 foi muito expressivo, mas nunca podemos esquecer do contexto. Indianapolis era um time moribundo com Scott Tolzien under center e uma defesa que fez o trio Jared Goff, Todd Gurley e Cooper Kupp parecer Kurt Warner, Marshall Faulk e Isaac Bruce. A primeira impressão causada pelo treinador Sean McVay foi ótima, ele parece ter encontrado uma maneira de tirar o melhor de Goff através dos play actions, porém sem um desafio de verdade não tem como confiar em Los Angeles. A prova dos nove provavelmente será o duelo contra Washington.
De maneira parecida, precisamos ter cuidado antes de subir a bordo do bonde dos Jaguars de novo (já estamos escaldados por causa do ano passado). A vitória por 29 a 7 e os 10 sacks diante de Houston deixaram todo mundo de queixo caído, dando uma amostra do que essa defesa pode ser capaz de fazer. As 100 jardas terrestres de Leonard Fournette dão um sopro de esperança ao ataque, embora a média de 3,8 jardas por tentativa não seja espetacular.
Entretanto, o jogo aéreo e Blake Bortles, sempre ele, continuam sendo a razão para o pé atrás com a equipe, sobretudo após a lesão no joelho sofrida por Allen Robinson (o wide receiver está fora da temporada). Os Titans prometem oferecer muito mais resistência do que os Texans, principalmente nas trincheiras (esqueça conseguir 10 sacks contra aquela linha ofensiva). Além disso, parar Marcus Mariota não é igual parar Tom Savage ou Deshaun Watson. Jacksonville também precisará ser aprovado na sua própria prova dos nove.
Destaques relâmpagos
Nesta seção traremos alguns destaques rápidos de outros duelos importantes da rodada.
Arizona Cardinals @ Indianapolis Colts: Confronto de mortos-vivos
Este jogo ia ser tão legal se Andrew Luck e David Johnson estivessem campo. Porém, sem os dois, os melhores jogadores de suas respectivas equipes, tem tudo para ser um duelo melancólico entre times sem muita ambição na temporada. Não é nenhuma overreaction dizer que não há vida em Indianapolis sem Luck. Do mesmo modo, este parece ser o caso do ataque de Arizona na ausência de Johnson. O running back era a engrenagem que faria todo o sistema ofensivo funcionar. Perdê-lo por lesão até dezembro tem o mesmo peso de perder um quarterback.
Os Cardinals pelo menos possuem uma defesa razoável com alguns atletas muito talentosos. Essa vai ser a esperança da franquia daqui para frente, pois Carson Palmer não mostrou nada de animador na semana 1. Já os Colts talvez tentem a sorte com o quarterback Jacoby Brissett enquanto rezam para que Luck volte o mais rápido possível.
Philadelphia Eagles @ Kansas City Chiefs: A vida sem Eric Berry
Após anular completamente Rob Gronkowski, Berry rompeu o tendão de Aquiles e está fora do restante da temporada. É uma perda gigante e insubstituível para Kansas City. Teremos a chance de ver o impacto dessa ausência contra os Eagles, que também possuem um tight end perigoso e muito envolvido no jogo aéreo (Zach Ertz). Manter o rendimento defensivo sem Berry é um ponto chave para as ambições dos Chiefs em 2017.
Green Bay Packers @ Atlanta Falcons: Inauguração do estádio novo
Quer dizer, não é bem uma inauguração, afinal Atlanta já jogou no Mercedes-Benz Stadium durante a pré-temporada e inclusive já tivemos uma partida de College Football no estádio. Em todo o caso, é a estreia oficial dos Falcons em sua nova e impressionante casa. E o melhor de tudo é que será uma reedição da última final da NFC. Expectativa de um ótimo Sunday Night Football.
Dallas Cowboys @ Denver Broncos: Trevor Siemian x Dak Prescott
Algumas pessoas duvidaram de Cowboys e Broncos antes da temporada começar, inclusive este que vos escreve, mas ambos os times chutaram a desconfiança para longe com vitórias convincentes em suas respectivas estreias. Será interessante conferir se a evolução mostrada por Trevor Siemian na segunda-feira é uma realidade ou se foi só fogo de palha.
Já Prescott enfrentará uma defesa de elite pela segunda semana seguida. O jovem quarterback busca quebrar o recorde de menos interceptações lançadas nos 500 primeiros passes tentados na carreira (até agora foram quatro em 498). Se não for interceptado durante seus dois primeiros lançamentos, ele conseguirá. Por fim, vale dizer que se trata de um confronto entre duas das equipes mais fortes da NFL. Só isso já é suficiente para ligar a televisão.
Boletim Médico
David Johnson, RB – Arizona Cardinals: Johnson passou por uma cirurgia no pulso e deve ficar fora de combate por dois ou três meses. A expectativa é que ele volte somente em dezembro.
Allen Robinson, WR – Jacksonville Jaguars: O wide receiver rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho e está fora do resto da temporada.
Kevin White, WR – Chicago Bears: White quebrou a escápula e foi colocado na Injured Reserve. Tudo indica que ele não joga mais em 2017.
Andrew Luck, QB – Indianapolis Colts: Nenhuma novidade em relação a Andrew Luck. Ele segue se recuperando da cirurgia no ombro feita há alguns meses e ainda não há prazo oficial de retorno. Surgiram especulações, porém, que o signal caller pode ficar fora até outubro.
Odell Beckham Jr., WR – New York Giants: Beckham Jr. (tornozelo) voltou a treinar de maneira limitada na quinta-feira e segue como dúvida para o duelo contra os Lions. Provavelmente só saberemos se ele irá jogar no dia partida. Seja como for, mesmo se entrar em campo, o recebedor com certeza não estará 100%.
Reuben Foster, LB – San Francisco 49ers: Foster aparentemente sofreu uma torção séria no tornozelo. Se este for mesmo o caso, o calouro ficará de molho algumas semanas.
Danny Amendola, WR – New England Patriots: Amendola está lidando com uma concussão e um problema no joelho, portanto sua participação no jogo de domingo é bem improvável.
C.J. Fiedorowicz, TE – Houston Texans: O tight end sofreu outra concussão em um curto espaço de tempo e foi colocado na Injured Reserve.
Jordan Howard, RB – Chicago Bears: Com um problema no ombro, Howard treinou de maneira limitada na quinta-feira. Tudo indica que não deve ser nada sério, mas quem tiver o running back escalado no Fantasy precisa ficar atento.
Comentários? Feedback? Siga-me no Twitter em @MoralezPFB, ou nosso site em @profootballbr e curta-nos no Facebook.
